O poder da Inteligência Artificial (IA) é imenso. Alguns especialistas acham que ela pode levar a humanidade à extinção, pois pode ser usada como ferramenta para descobrir substâncias capaz de serem utilizadas na construção de armas químicas destruidoras. Não é sem razão, pois, a luta entre as grandes potências para que ela fique concentrada em poucas mãos, permitindo que o aperfeiçoamento das máquinas, da robótica, da big data e o avanço das redes sociais revolucionem os processos de produção e mudem nosso sistema de viver ao ponto de causar um grande impacto no futuro. As grandes potências acham que a IA, caso mão seja bem utilizada, aumentará a distância entre os países, já que transferirá mais investimentos para economias mais avançadas, e isso certamente trará consequências negativas para os empregos nesses países devido ao risco de que essas tecnologias venham a substituir sua força de trabalho em expansão, ainda uma grande vantagem para as economias menos desenvolvidas. Para evitar essa divergência crescente, as autoridades nas economias em desenvolvimento precisarão tomar medidas para aumentar a produtividade e melhorar a qualificação dos seus trabalhadores. A IA vem ganhando força como tecnologia bastante utilizada no presente. com potencial de transformar todas as atividades produtivas em futuro próximo.
O problema para o Brasil é que ele sempre chega atrasado. Em relação aos demais países, estamos em desvantagem tanto na área da pesquisa quanto na das aplicações práticas e do mercado em desenvolvimento. A IA é considerada na economia não somente como um segmento com grande potencial econômico, mas também como um elemento gerador de receitas em diversos segmentos produtivos. Neste sentido, sua aplicação não está relacionada apenas a um setor de tecnologia de ponta, mas a um elemento básico da chamada transformação digital, que já atinge a agricultura, a indústria, as finanças e as atividades cotidianas.
A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China pelo domínio da IA na liderança global está apenas no começo. Atualmente, o domínio é dos Estados Unidos, onde estão as maiores empresas de tecnologia do mundo, como a Amazon, Google, Microsoft, Apple, Facebook e IBM. Atrás vem os rivais asiáticos, galgando postos nos rankings com grandes conglomerados nesse campo. O problema para alguns países em desenvolvimento é a IA substituir o homem no futuro. Não vai demorar muito para ela afetar quase metade de todos os empregos existentes, conforme a nova análise do Fundo Monetário Internacional (FMI). A diretora-gerente desse Fundo, Kristalina Georgieva, disse certa vez que “na maioria dos cenários, a IA provavelmente piorará a desigualdade geral”, e que os políticos precisam abordar essa “tendência preocupante” para “evitar que a tecnologia alimente ainda mais as tensões sociais”.
Segundo o FMI, a IA provavelmente aumentará o desemprego em cerca de 60% nas economias avançadas. Na metade destes casos os trabalhadores podem se beneficiar da IA aumentando a sua produtividade, a exemplo do grupo de serviços financeiros chinês com uma empresa controlada pelo conglomerado Alibaba. Tornou-se a maior fintech [firma que oferece serviços financeiros por meio de plataformas tecnológicas] do mundo e já atinge um bilhão de clientes em todo o planeta. Essa empresa utiliza a IA para diferentes tipos de serviços, como concessão de empréstimos, gestão de finanças e seguros. A tecnologia é empregada, por exemplo, no exame dos riscos de crédito dos candidatos.
O Brasil não possui firmas de grande porte de tecnologia no ranking, aparecendo apenas com a Petrobras na 97a posição. Entretanto, ficamos em terceiro na criação de “unicórnios”, empresas com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão, atrás apenas dos EUA e da China, e empatado com a Alemanha. Como base de comparação, os americanos criaram 78 unicórnios em 2019, enquanto os asiáticos tiveram 22 companhias nessa condição no ano passado. Na pesquisa, por exemplo, os chineses ultrapassaram os americanos e a União Europeia juntos, conforme dados do principal relatório internacional sobre o assunto, o AI Index, elaborado pela Universidade de Stanford, nos EUA.
No Brasil, São Paulo está na frente. Em parceria com a IBM e com outras organizações como o Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA), a PUC SP e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), as linhas de pesquisa focam o processamento de linguagem natural em português e os métodos de aprendizado de máquina. Mas também haverá investigações relacionadas à área de humanidades. “Vamos procurar fundamentos para avaliar políticas públicas”, conta o coordenador, Fábio Cozman, professor titular da Escola Politécnica da USP. O problema vai ser a escolha dessas políticas públicas.
*Luiz Holanda, advogado e professor universitário.
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