Brasil participa da 4ª Conferência Mundial das Cidades Revolucionárias com destaque para a história de Canudos

Instituto Popular Memorial de Canudos (IPMC) representou o Brasil na conferência internacional em Jeongeup, Coreia do Sul, entre os dias 9 e 11 de maio de 2025.

O Brasil estreou na 4ª Conferência Mundial das Cidades Revolucionárias, realizada entre os dias 9 e 11 de maio de 2025, em Jeongeup, Coreia do Sul, com a apresentação da experiência histórica de Canudos e a atuação do Instituto Popular Memorial de Canudos (IPMC). O evento reuniu representantes de diversos países envolvidos em processos históricos de resistência popular, insurreições e movimentos revolucionários.

A conferência teve como objetivo fortalecer uma rede global de cidades que preservam e compartilham a memória de suas lutas populares, promovendo intercâmbio cultural, político e acadêmico. Participaram do encontro delegações de países como Alemanha, Japão, Coreia do Sul e Brasil, que apresentaram experiências marcadas por resistência a sistemas autoritários, opressões sociais ou ocupações estrangeiras.

Canudos como símbolo da resistência no sertão brasileiro

O caso brasileiro foi representado pela história da comunidade de Canudos, no interior da Bahia, palco de um dos mais emblemáticos confrontos entre o Estado e um movimento popular no século XIX. O episódio, conhecido como Guerra de Canudos (1896–1897), envolveu milhares de camponeses liderados por Antônio Conselheiro e resultou em uma repressão violenta por parte das forças da República recém-instalada.

A participação brasileira na conferência foi coordenada pelo Instituto Popular Memorial de Canudos (IPMC), entidade dedicada à preservação da memória, pesquisa histórica e ações educativas no território de Canudos, articulando projetos sociais, culturais e acadêmicos com foco na valorização da resistência camponesa.

Articulação internacional e apoio acadêmico

A presença do IPMC no evento foi viabilizada por meio da articulação da professora sul-coreana Keum Joa Choi, doutora em História e docente na Universidade Hankuk, instituição com tradição em estudos sobre movimentos populares. Choi tem se dedicado à divulgação da história de Canudos na Ásia, estabelecendo conexões com universidades e centros culturais interessados na comparação de experiências de resistência popular.

Além das contribuições do Brasil, a conferência teve como destaque a apresentação do movimento Donghak, da Coreia do Sul, que enfrentou a opressão imperial no século XIX e, hoje, é reconhecido como referência na construção da identidade democrática sul-coreana. O intercâmbio entre experiências como Canudos e Donghak reforça a proposta do evento: construir pontes de solidariedade global com base em histórias de resistência.

Reconhecimento internacional e projeção futura

A inserção do IPMC e da história de Canudos na agenda da conferência representa um reconhecimento institucional e simbólico da luta sertaneja no cenário internacional. A participação brasileira contribui para o reposicionamento da história de Canudos como patrimônio da humanidade, ampliando o diálogo com outras nações que compartilham passados de repressão e organização popular.

A conferência reforça a importância de políticas públicas voltadas à memória, à justiça histórica e à educação crítica, promovendo o reconhecimento de territórios historicamente marginalizados. Nesse contexto, Canudos passa a integrar formalmente a articulação global de cidades comprometidas com a memória das lutas sociais.


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