Sexta-feira (20/06/2025) — O Salmo 133 — “Oh, quão bom e quão agradável é que os irmãos habitem em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Aarão, e que desce à orla das suas vestes, como o orvalho de Hermom e como o orvalho que desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e vida para sempre” — foi analisado à luz da obra O que não disse Jesus, de Joseval Carneiro, autor baiano cuja abordagem espiritualista e crítica oferece releituras dos ensinamentos cristãos em diálogo com os fundamentos do Espiritismo.
O versículo é tradicionalmente interpretado como uma exaltação à convivência pacífica entre os irmãos — seja no âmbito familiar, comunitário ou universal. Para Carneiro, entretanto, essa convivência transcende o mero acordo humano e expressa uma ordem espiritual que reflete a harmonia superior prometida por Cristo, ainda que velada por parábolas e símbolos. Em sua visão, a união entre os homens constitui uma antecipação pedagógica da edificação do Reino de Deus na Terra, revelando o papel transformador da fraternidade como fundamento da evolução espiritual coletiva.
Simbologia do óleo e do orvalho — paralelos espirituais
O salmista compara a união fraterna a dois elementos simbólicos:
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O óleo precioso que desce sobre a cabeça de Aarão, escorrendo até suas vestes, representa a unção divina, a consagração sacerdotal e a perpetuação do amor em todos os níveis do ser;
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O orvalho do Hermom e dos montes de Sião evoca a ideia de fecundidade espiritual, renascimento e bênção permanente, presente na natureza e na alma que se dispõe ao bem.
Na obra de Carneiro, tais símbolos são interpretados não como milagres isolados, mas como expressões naturais das leis espirituais — a caridade, a humildade, o perdão e a misericórdia, discutidas em diversos capítulos, como Bem-aventurados os misericordiosos, Bem-aventurados os mansos e pacíficos e Oferecer a outra face.
O Evangelho como proposta de coesão moral
Carneiro argumenta que o ensino de Jesus buscava a transformação interior do ser humano e que a união entre irmãos é condição indispensável à regeneração da humanidade. Em sua visão, o Mestre Galileu sabia que nem todos compreenderiam de imediato a proposta espiritual, e por isso falou por parábolas, como destaca na introdução do livro.
Para o autor, a comunhão entre os homens é o primeiro passo para a comunhão com Deus. O Salmo 133 é, portanto, um chamado à vivência plena do Evangelho, que se manifesta:
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Na prática da caridade moral;
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Na superação do orgulho e do egoísmo;
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Na convivência pacífica e no perdão recíproco.
Harmonia fraterna e doutrina reencarnacionista
No capítulo Renascer da água e do espírito, Joseval Carneiro retoma a afirmação de Jesus a Nicodemos para justificar a ideia de que a verdadeira união só é possível entre espíritos que se purificam por sucessivas encarnações, com o objetivo de harmonizar seus débitos morais. Essa comunhão espiritual exige reconciliação com os adversários, mansidão, e renúncia ao ressentimento, elementos que alicerçam a bênção citada no último versículo do Salmo 133.
Reafirmação dos pilares da mensagem cristã
A análise de Joseval Carneiro do Salmo 133, embora não literal no livro, pode ser inferida como uma reafirmação dos pilares centrais da mensagem cristã interpretada à luz do Espiritismo. A união fraterna é compreendida como fruto de evolução moral, resultado de vidas sucessivas em que o espírito se educa na caridade, se desapega da matéria e reconhece no próximo um reflexo de si mesmo.

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