Governo Lula publica MP para compensar recuo em alta do IOF e ampliar arrecadação tributária 

A ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), o ministro Fernando Haddad (Fazenda), o presidente Lula (PT), o ministro Rui Costa (Casa Civil) e a ministra Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos).
Presidente Lula assina medidas para aumento de arrecadação após recuo no IOF, ao lado do ministro Fernando Haddad. Medida provisória inclui tributação de investimentos isentos, aumento de alíquotas para bets e ajustes na CSLL; proposta enfrenta resistência no Congresso Nacional.

Nesta quarta-feira (11/06/2025), o governo federal publicou uma medida provisória (MP) e um novo decreto com o objetivo de compensar a arrecadação que seria obtida com o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anteriormente rejeitado pelo Congresso Nacional.

A MP, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, inclui diversas medidas de elevação de carga tributária, com impacto direto sobre o mercado financeiro, o setor de apostas on-line (“bets”) e a arrecadação futura do Imposto de Renda.

Principais medidas previstas na MP

  • Tributação de 5% sobre LCI e LCA a partir de janeiro de 2026, atualmente isentas;

  • Unificação da alíquota de IRRF para aplicações financeiras em 17,5%, incluindo criptoativos;

  • Aumento da alíquota da CSLL de 9% para 15%, afetando fintechs e empresas que antes usufruíam da menor alíquota;

  • Elevação do IR sobre Juros sobre Capital Próprio (JCP) de 15% para 20%;

  • Tributação de 18% sobre a receita bruta das bets, em vigor a partir de outubro de 2025;

  • Compensação de ganhos e perdas em todas as operações de mercado financeiro na Declaração Anual de IR;

  • Regras harmonizadas para hedge no exterior e aluguel de ações com tributação de 17,5%;

  • Inclusão do programa Pé-de-Meia no piso constitucional da educação.

Mudanças no decreto do IOF

O governo também recuou em parte do decreto anterior que havia elevado o IOF, promovendo ajustes para reduzir resistências:

  • Alíquota do IOF sobre crédito para empresas retorna de 0,95% para 0,38%;

  • Extinção da alíquota fixa para operações de risco sacado;

  • Alíquota de 0,38% para aquisição primária de cotas de FIDC;

  • Redução do IOF sobre câmbio de 3,5% para 0% em regresso de investimento estrangeiro direto;

  • Mudança no limite de incidência de IOF sobre VGBL, que passa de R$ 50 mil mensais para R$ 600 mil anuais.

Análise política e resistências no Congresso

Apesar das medidas apresentadas, a proposta enfrenta forte resistência entre parlamentares. Os partidos União Brasil e Progressistas (PP), que somam quatro ministérios na Esplanada, anunciaram publicamente que se opõem às propostas fiscais do governo.

O presidente do União Brasil, Antônio Rueda, criticou o aumento de impostos e defendeu o corte de despesas públicas como alternativa. Em declaração conjunta com o presidente do PP, Ciro Nogueira, os dirigentes defenderam um “governo mais leve” e pregaram a redução de gastos dos Três Poderes.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que não há compromisso de aprovação da MP, o que pode comprometer sua vigência após os 120 dias legais.

Impactos fiscais e projeções de arrecadação

Segundo o Ministério da Fazenda, as medidas têm potencial para gerar R$ 10 bilhões em 2025 e R$ 20 bilhões anuais a partir de 2026. O recuo parcial no IOF reduz a arrecadação esperada de R$ 19,1 bilhões para entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões em 2025.

A MP também limita o prazo do auxílio-doença concedido por laudo documental (Atestmed) a 30 dias, altera critérios do Seguro Defeso e promove mudanças administrativas no funcionalismo do Executivo federal.

Desafios políticos

A estratégia do governo de substituir um decreto por medida provisória para elevar a arrecadação, embora juridicamente viável, enfrenta desafios políticos significativos. A falta de apoio do Centrão e a pressão por corte de gastos impõem um cenário de instabilidade fiscal e incerteza regulatória. O governo precisa articular melhor sua base e apresentar medidas de redução de despesas para viabilizar a aprovação do pacote.


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