Nesta quarta-feira (11/06/2025), o governo federal publicou uma medida provisória (MP) e um novo decreto com o objetivo de compensar a arrecadação que seria obtida com o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anteriormente rejeitado pelo Congresso Nacional.
A MP, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, inclui diversas medidas de elevação de carga tributária, com impacto direto sobre o mercado financeiro, o setor de apostas on-line (“bets”) e a arrecadação futura do Imposto de Renda.
Principais medidas previstas na MP
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Tributação de 5% sobre LCI e LCA a partir de janeiro de 2026, atualmente isentas;
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Unificação da alíquota de IRRF para aplicações financeiras em 17,5%, incluindo criptoativos;
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Aumento da alíquota da CSLL de 9% para 15%, afetando fintechs e empresas que antes usufruíam da menor alíquota;
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Elevação do IR sobre Juros sobre Capital Próprio (JCP) de 15% para 20%;
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Tributação de 18% sobre a receita bruta das bets, em vigor a partir de outubro de 2025;
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Compensação de ganhos e perdas em todas as operações de mercado financeiro na Declaração Anual de IR;
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Regras harmonizadas para hedge no exterior e aluguel de ações com tributação de 17,5%;
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Inclusão do programa Pé-de-Meia no piso constitucional da educação.
Mudanças no decreto do IOF
O governo também recuou em parte do decreto anterior que havia elevado o IOF, promovendo ajustes para reduzir resistências:
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Alíquota do IOF sobre crédito para empresas retorna de 0,95% para 0,38%;
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Extinção da alíquota fixa para operações de risco sacado;
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Alíquota de 0,38% para aquisição primária de cotas de FIDC;
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Redução do IOF sobre câmbio de 3,5% para 0% em regresso de investimento estrangeiro direto;
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Mudança no limite de incidência de IOF sobre VGBL, que passa de R$ 50 mil mensais para R$ 600 mil anuais.
Análise política e resistências no Congresso
Apesar das medidas apresentadas, a proposta enfrenta forte resistência entre parlamentares. Os partidos União Brasil e Progressistas (PP), que somam quatro ministérios na Esplanada, anunciaram publicamente que se opõem às propostas fiscais do governo.
O presidente do União Brasil, Antônio Rueda, criticou o aumento de impostos e defendeu o corte de despesas públicas como alternativa. Em declaração conjunta com o presidente do PP, Ciro Nogueira, os dirigentes defenderam um “governo mais leve” e pregaram a redução de gastos dos Três Poderes.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que não há compromisso de aprovação da MP, o que pode comprometer sua vigência após os 120 dias legais.
Impactos fiscais e projeções de arrecadação
Segundo o Ministério da Fazenda, as medidas têm potencial para gerar R$ 10 bilhões em 2025 e R$ 20 bilhões anuais a partir de 2026. O recuo parcial no IOF reduz a arrecadação esperada de R$ 19,1 bilhões para entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões em 2025.
A MP também limita o prazo do auxílio-doença concedido por laudo documental (Atestmed) a 30 dias, altera critérios do Seguro Defeso e promove mudanças administrativas no funcionalismo do Executivo federal.
Desafios políticos
A estratégia do governo de substituir um decreto por medida provisória para elevar a arrecadação, embora juridicamente viável, enfrenta desafios políticos significativos. A falta de apoio do Centrão e a pressão por corte de gastos impõem um cenário de instabilidade fiscal e incerteza regulatória. O governo precisa articular melhor sua base e apresentar medidas de redução de despesas para viabilizar a aprovação do pacote.
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