A escalada militar no Oriente Médio ganhou novos contornos nesta segunda-feira (23/06/2025) com o ataque de Israel à prisão de Evin, em Teerã, e a revelação de que os Estados Unidos bombardearam instalações nucleares iranianas em absoluto sigilo, sem notificar sequer seus parceiros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). O vice-ministro da Defesa da Polônia, Pawel Zalewski, afirmou que os aliados “não tinham conhecimento prévio” dos planos de Washington.
EUA realizam ataque surpresa a instalações nucleares iranianas
Os Estados Unidos atacaram, no domingo (22), três complexos nucleares do Irã: Natanz, Fordow e Isfahan. As operações envolveram o lançamento de bombas penetradoras GBU-57, com capacidade destrutiva superior a 13 toneladas, em locais estratégicos do programa nuclear iraniano. Segundo o presidente Donald Trump, Teerã “deve agora concordar em encerrar esta guerra” ou enfrentará consequências mais severas.
De acordo com Zalewski, o ataque foi realizado “em absoluto sigilo”, sem consulta aos membros da OTAN, incluindo a Polônia. “Os Estados Unidos fizeram isso em absoluto sigilo”, afirmou o vice-ministro em entrevista à rádio RMF FM, nesta segunda-feira.
Israel amplia escopo da ofensiva ao atacar prisão símbolo do regime
Em paralelo à ação americana, as Forças de Defesa de Israel lançaram ataques aéreos contra a prisão de Evin, considerada um dos principais símbolos do aparato de repressão iraniano. O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, declarou que os ataques visam “órgãos de repressão governamental no coração de Teerã”.
A ofensiva foi endossada publicamente pelo chanceler israelense, Gideon Saar, em publicação na rede X com a frase “Viva la libertad!”. Imagens da explosão foram verificadas pela Reuters. A mídia iraniana reportou danos severos no complexo e o deslocamento de equipes de resgate para atendimento emergencial dos detentos.
ONU, Rússia e China condenam ataques dos EUA e alertam para violação do direito internacional
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, classificou os ataques americanos como uma “escalada perigosa” e “ameaça à paz global”. Em linha semelhante, a Rússia denunciou a operação como grave violação da Carta da ONU e do direito internacional, instando a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a conduzir investigação imparcial.
A China, por sua vez, advertiu que os ataques baseados em “ameaças futuras” criam precedentes perigosos, e reiterou que todas as partes devem retornar ao diálogo e à negociação.
AIEA e inteligência dos EUA não confirmam programa de armas nucleares no Irã
Apesar da justificativa apresentada por Washington e Tel Aviv, a AIEA não encontrou provas de que o Irã mantenha um programa ativo de armas nucleares. Segundo o diretor-geral Rafael Grossi, “não há evidências concretas de militarização” das atividades nucleares do país. Avaliações recentes da inteligência americana chegaram à mesma conclusão, conforme divulgado pela CNN em 17 de junho.
Reações diplomáticas e críticas à falta de consulta internacional
A operação militar dos EUA sem prévia comunicação a aliados estratégicos representa um ponto de tensão dentro da OTAN. Além de Pawel Zalewski, autoridades europeias expressaram preocupação com o unilateralismo de Washington e os riscos de arrastar o continente para um conflito de proporções regionais ou globais.
O ex-embaixador britânico e ativista de direitos humanos, Craig Murray, afirmou à Sputnik que o Irã tem sido “extraordinariamente responsável e paciente” nos últimos anos, mesmo diante de provocações frequentes de Israel. A crítica se soma à crescente percepção de que ações unilaterais sem respaldo legal internacional fragilizam a ordem multilateral.
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