O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quarta-feira (18/06/2025) a prisão preventiva de Marcelo Câmara, coronel do Exército e ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro. A decisão foi motivada pelo descumprimento de medida cautelar que proibia o réu de manter contato, direto ou indireto, com outros investigados, inclusive por intermédio de terceiros.
A medida foi adotada após o advogado de Câmara, Eduardo Kuntz, informar ao STF que havia interagido com o delator Mauro Cid por meio das redes sociais. Segundo a defesa, o contato ocorreu a partir do perfil @gabrielar702, supostamente administrado pelo próprio Cid, e teria o objetivo de verificar se houve coação em seus depoimentos à Polícia Federal.
O advogado anexou a conversa ao processo e argumentou que o conteúdo revelaria que os depoimentos prestados por Mauro Cid teriam sido conduzidos sob pressão dos investigadores, razão pela qual pediu a anulação da delação premiada.
Moraes vê tentativa de obstrução
Na decisão, Moraes considerou que a iniciativa configura tentativa de obstrução de justiça, uma vez que o contato com Cid violou as restrições impostas. O ministro também destacou que houve “transbordo ilícito das obrigações legais do advogado”, o que motivou a abertura de um novo inquérito para investigar tanto o réu quanto seu defensor.
A prisão foi executada por volta das 16h50 na residência de Câmara, localizada em Sobradinho, no Distrito Federal. Por ser militar da ativa, ele ficará recolhido no Batalhão de Polícia do Exército, em Brasília.
Diálogo compromete versão da defesa
Durante as conversas apresentadas, Mauro Cid teria afirmado que a Polícia Federal tentou induzi-lo a afirmar que Bolsonaro pretendia dar um golpe de Estado, mas que ele evitou usar essa palavra. O delator também relatou pressões durante os dias de depoimento e demonstrou descontentamento com a forma como os agentes conduziram os interrogatórios.
No entanto, para Moraes, o fato de essas mensagens terem sido obtidas de maneira ilícita e em desacordo com decisões judiciais agrava a situação jurídica do ex-assessor e de seu advogado, convertendo o episódio em indício de manobra para inviabilizar a investigação da trama golpista.
Contexto da acusação
Marcelo Câmara é um dos réus do chamado “Núcleo 2” da tentativa de golpe de Estado, acusado de participar da estrutura que buscava manter Jair Bolsonaro no poder de forma ilegítima após o resultado das eleições presidenciais de 2022.
As investigações indicam que este núcleo teria atuado na articulação logística e na comunicação com setores das Forças Armadas e do entorno político do ex-presidente, com objetivo de inviabilizar a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
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