Senador Angelo Coronel confirma indicação de alvo da PF, mas nega envolvimento com empresa investigada na Operação Overclean

O senador Angelo Coronel (PSD-BA) confirmou que indicou Rafael Guimarães para o comando do Dnocs na Bahia e reconheceu ter enviado emendas à autarquia em 2020. Apesar de ser citado em conversas grampeadas pela PF, ele nega qualquer relação com as empresas investigadas na Operação Overclean. A Polícia Federal segue apurando um esquema de desvios, fraudes e lavagem de dinheiro envolvendo recursos públicos federais.
Parlamentar do PSD na Bahia, senador Angelo Coronel, admite autoria de emendas ao Dnocs, mas nega relação com construtora citada na Operação Overclean.

Reportagem de Fabio Serapião — publicada nesta quinta-feira (12/06/2025) no site Metrópoles — revela que o senador Angelo Coronel (PSD-BA) confirmou, em entrevista concedida ao portal Metrópoles, que foi o padrinho político de Rafael Guimarães, coordenador do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) na Bahia, alvo da Operação Overclean da Polícia Federal (PF). Apesar disso, o parlamentar negou qualquer envolvimento com a empresa investigada e reiterou que suas emendas parlamentares destinavam-se apenas à autarquia.

Rafael Guimarães aparece em gravação obtida pela PF demonstrando preocupação com decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que poderiam levar ao bloqueio de “muito dinheiro de senador”. A conversa ocorreu com o empresário Alex Parente, dono da Allpha Pavimentações, também investigado e preso na primeira fase da operação.

A Allpha detém contratos superiores a R$ 150 milhões com o Dnocs, majoritariamente financiados por emendas do relator, instrumento do chamado orçamento secreto.

Angelo Coronel reconhece autoria de emendas

Ao ser questionado sobre a gravação, Angelo Coronel afirmou: “Se ele cita senador, eu sou um dos citados, porque eu coloquei”. O senador indicou emendas ao Dnocs em 2020, mas sustentou que os recursos não foram efetivamente executados, conforme informado por sua assessoria.

Coronel reiterou não conhecer os irmãos Alex e Fabio Parente, responsáveis pela Allpha Pavimentações, e afirmou que não tem relação com a empresa, que foi selecionada pelo Dnocs com base em atas de registro de preços.

Zero, zero, zero. Não conheço ele e também não destinei nenhuma emenda diretamente à empresa“, declarou Coronel.

Pressão por execução de obras

O senador reconheceu que pressionou o Dnocs para a execução de obras associadas às emendas parlamentares, como fazem diversos congressistas. Segundo ele, a pressão se justifica pela necessidade de entrega das obras nos municípios contemplados.

“Todos os parlamentares cobram: ‘Cadê a obra?’ Isso é normal”, disse o senador.

Operação Overclean: apuração de desvios e corrupção

A Operação Overclean teve início a partir da investigação de desvios em contratos do Dnocs, mas se expandiu após quebras de sigilo telemático, gravações ambientais e relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A terceira fase foi deflagrada em abril e inclui suspeitas de obstrução de Justiça, corrupção, fraudes licitatórias e lavagem de dinheiro.

A investigação identificou atuação de um grupo empresarial com conexões políticas em diversos contratos públicos. O empresário José Marcos Moura, conhecido como Rei do Lixo, é apontado como elo entre os operadores e o meio político. Também surgiu o nome de Gabriel Mascarenhas Sobral, suspeito de atuar como lobista em dois ministérios do governo federal.


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