ARCHBASI transforma Casa de Bomba do Convento das Mercês em joalheria de luxo na CASACOR Bahia 2025

Na CASACOR Bahia 2025, o escritório ARCHBASI transformou a antiga Casa de Bomba do Convento das Mercês, datada de 1735, em uma sofisticada joalheria da marca Graça Valadares Joias. A intervenção destaca a importância da ressignificação de espaços históricos, equilibrando preservação arquitetônica, inovação estética e experiência sensorial imersiva.
Intervenção arquitetônica ressignifica construção do século XVIII em espaço contemporâneo da Graça Valadares Joias.

O escritório baiano ARCHBASI, formado pelos arquitetos Lucas Bacelar e Taís Silva, estreou na CASACOR Bahia 2025 com um projeto que reinterpreta a antiga Casa de Bomba do Convento das Mercês, datada de 1735, e a transforma na flagship store da marca Graça Valadares Joias. A proposta une preservação histórica, inovação arquitetônica e experiência sensorial, inserindo-se no tema da mostra deste ano: Semear Sonhos.

Ressignificação de espaço técnico em joalheria imersiva

Originalmente destinada ao funcionamento de um sistema hidráulico subterrâneo, a Casa de Bomba foi ressignificada como um ambiente de contemplação e refinamento. A intervenção parte do princípio de que espaços historicamente invisibilizados podem ser redescobertos e valorizados por meio da arquitetura.

“Transformar um espaço técnico em um ambiente de luxo e acolhimento foi um exercício profundo de ressignificação”, destacaram os arquitetos.

A proposta evidencia o contraste entre estrutura bruta e linguagem refinada, utilizando uma paleta em tons profundos de verde, que remete à natureza e cria diálogo cromático com o jardim externo. A iluminação pontual e as sancas embutidas funcionam como instrumento de valorização das joias, tratadas como verdadeiras obras de arte.

Materiais naturais e soluções tecnológicas integradas

O projeto incorpora materiais naturais como a pedra Moledo Bege Bahia, o Granito Verde Candeias e MDF com acabamento Relva, promovendo harmonia entre o espaço histórico e a linguagem contemporânea. Espécies vegetais como Pau-d’água e Costela de Adão completam o ambiente, conferindo textura e organicidade.

Apesar de restrições estruturais — como paredes em adobe e pedra de fogo com até 70 cm de espessura —, o escritório optou por preservar elementos originais, como o forro de madeira e a porta maciça voltada para o jardim.

“Buscamos um diálogo fluido entre o antigo e o novo. A preservação foi parte essencial da proposta”, afirmam os autores.

A integração de sistemas de automação de luz, som e climatização, aliada ao layout fluido e à marcenaria autoral, proporciona uma experiência sensorial contínua, sem interferência visual ou estética.

Joia como símbolo e espaço como narrativa

A concepção da loja ultrapassa o modelo tradicional de ponto de venda. Trata-se de uma instalação imersiva, que transforma a experiência de compra em vivência tátil e emocional. O espaço propõe uma nova relação com o tempo, a memória e o desejo.

“Cada detalhe foi pensado para gerar uma atmosfera silenciosa e sensível. Era como se o próprio espaço nos guiasse, revelando camadas e histórias ocultas”, relataram os arquitetos.

A proposta também dialoga com o debate sobre patrimônio histórico e identidade urbana. A intervenção no Convento das Mercês sugere que a memória arquitetônica pode ser atualizada sem descaracterização, promovendo uma nova forma de apropriação do espaço urbano.

Arquitetura como gesto de continuidade e identidade

A obra assinada pelo ARCHBASI representa uma declaração arquitetônica de respeito à tradição baiana, com foco na contemporaneidade estética e no uso simbólico do espaço. Ao transformar uma área antes invisibilizada em ambiente de valor agregado, o projeto afirma uma postura crítica sobre o papel da arquitetura na preservação e reinvenção do patrimônio.


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