Brasil assume presidência do MERCOSUL com foco em integração regional e desenvolvimento sustentável

Presidente Lula define prioridades para o bloco durante a 66ª Cúpula do MERCOSUL, em Buenos Aires.
Presidente Lula define prioridades para o bloco durante a 66ª Cúpula do MERCOSUL, em Buenos Aires.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência pro tempore do MERCOSUL durante a 66ª Cúpula de Chefes de Estado, realizada em Buenos Aires, Argentina. Em seu discurso, o chefe de Estado brasileiro reafirmou o compromisso com o fortalecimento da integração regional e a promoção do desenvolvimento sustentável, destacando cinco eixos prioritários para sua gestão à frente do bloco.

Lula afirmou que buscará consolidar o MERCOSUL como um bloco econômico, político, científico, tecnológico e cultural, com maior articulação entre seus países-membros. Um dos principais objetivos será concluir os acordos comerciais com a União Europeia e com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) até o fim de 2025.

Prioridades da presidência brasileira

Durante o encontro, Lula apresentou os cinco pilares que nortearão a atuação do Brasil no período:

  • Fortalecimento do comércio intra e extrabloco

  • Enfrentamento da mudança climática e transição energética

  • Desenvolvimento tecnológico regional

  • Combate ao crime organizado

  • Promoção dos direitos dos cidadãos do MERCOSUL

O presidente reconheceu críticas de outros chefes de Estado quanto à lentidão dos processos internos e se comprometeu com maior celeridade e diálogo nas decisões do bloco.

“Prometo que vou fazer a minha parte”, disse Lula, referindo-se à implementação efetiva de compromissos já firmados.

Integração comercial e diplomática

Lula destacou que o MERCOSUL deve ampliar sua presença internacional, diversificando parcerias com mercados asiáticos. Segundo o presidente, a Rota Bioceânica — que conecta Brasil, Paraguai, Argentina e Chile — é estratégica para reduzir o tempo de exportações para países como China, Índia, Coreia do Sul, Vietnã e Indonésia.

Além disso, Lula defendeu o reforço da Tarifa Externa Comum (TEC) e a incorporação dos setores automotivo e açucareiro ao regime do bloco, visando maior coesão nas políticas aduaneiras. A TEC é considerada um instrumento de proteção contra instabilidades externas e guerras comerciais.

Sustentabilidade e meio ambiente

Na agenda ambiental, o presidente brasileiro propôs o fortalecimento da agricultura sustentável, a adoção de padrões comuns de rastreabilidade e o uso de inovações tecnológicas limpas. A COP30, que será sediada em Belém (PA), foi apontada como oportunidade para destacar as contribuições da América do Sul na transição energética global.

Avanços tecnológicos e soberania digital

No campo da tecnologia, Lula mencionou a parceria com o Chile para o desenvolvimento de modelos de Inteligência Artificial baseados na realidade latino-americana. Defendeu ainda a instalação de centros de dados regionais e a soberania digital, com incentivo à produção de conhecimento e inovação local.

Combate ao crime transnacional

A luta contra organizações criminosas transnacionais também será foco da presidência brasileira. Lula destacou iniciativas como o Comando Tripartite na Tríplice Fronteira e o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, ressaltando a importância da inteligência integrada e do bloqueio de recursos ilícitos.

Cidadania e inclusão social

Lula anunciou a retomada da Cúpula Social e da Cúpula Sindical do MERCOSUL, com foco na proteção de direitos sociais, trabalhistas e humanos. Segundo ele, o progresso regional depende do enfrentamento das desigualdades e da inclusão social, princípios que guiarão a atuação brasileira no bloco.

Desempenho econômico do MERCOSUL

Entre janeiro e maio de 2025, a balança comercial entre os países do bloco totalizou US$ 17,5 bilhões, com superávit de US$ 3 bilhões para o Brasil. O país exporta principalmente veículos, produtos industriais e minérios, enquanto importa trigo, energia elétrica e veículos de carga.

Sobre o MERCOSUL

Criado em 1991, o MERCOSUL é formado por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e, desde 2024, também pela Bolívia como membro pleno. O bloco reúne mais de três mil normas que regulam comércio, saúde, energia, mobilidade e direitos sociais, além de promover a livre circulação de pessoas, bens e serviços.


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