Faixas de protesto contra a gestão do prefeito Bruno Reis tomam a Avenida Paralela em Salvador

Moradores questionam PDDU, venda de áreas verdes e atuação da Prefeitura na escolha de conselheiros tutelares. Mobilização visual ocorre após vaias ao prefeito no cortejo do 2 de Julho.

Diversas faixas com críticas à gestão do prefeito Bruno Reis (União Brasil) foram nesta sexta-feira (05/07/2025) afixadas ao longo da Avenida Paralela, uma das principais vias de Salvador. A manifestação visual surpreendeu motoristas e pedestres no início da manhã e expôs insatisfações populares relacionadas a temas urbanísticos, ambientais e sociais.

As mensagens nas faixas abordam pontos centrais da administração municipal, incluindo o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), a venda de áreas verdes e a polêmica envolvendo o processo de escolha de conselheiros tutelares. Os protestos ocorrem poucos dias após Bruno Reis ter sido vaiado durante o tradicional cortejo do 2 de Julho, evento cívico-cultural que celebra a Independência da Bahia.

O conteúdo das faixas variava entre críticas diretas e apelos à população. Em uma delas, lia-se: “PDDU para quem? Cidade para quem?”. Em outra, a denúncia era mais explícita: “Áreas verdes à venda: quem lucra com isso?”. Também foram registradas faixas com referências ao Conselho Tutelar: “Interferência política nos conselhos tutelares é inadmissível”.

Temas em debate: urbanismo, meio ambiente e direitos da infância

PDDU e planejamento urbano

O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) é um dos principais instrumentos de planejamento municipal. Alterações recentes no texto aprovado pela Câmara têm sido objeto de críticas de movimentos sociais e urbanistas, que apontam flexibilização de normas ambientais e favorecimento ao setor imobiliário. A Prefeitura defende que as mudanças visam modernizar a legislação urbanística e atrair investimentos.

Venda de áreas verdes

A autorização para alienação de áreas públicas, especialmente terrenos com cobertura vegetal, também motivou reações da sociedade civil. Ambientalistas alertam para a perda de espaços ecologicamente relevantes, enquanto a gestão municipal alega que os imóveis listados são ociosos e podem ser revertidos em recursos para obras e serviços públicos.

Conselhos tutelares

Outro ponto de insatisfação mencionado nas faixas é a atuação da Prefeitura no processo eleitoral dos conselheiros tutelares, acusada por organizações da sociedade civil de ingerência política e uso de recursos públicos para favorecimento de candidaturas ligadas ao grupo político do prefeito. A Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude nega qualquer irregularidade e afirma que seguiu as regras estabelecidas pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA).

Análise crítica

A proliferação de faixas ao longo de uma via de grande circulação como a Avenida Paralela demonstra um grau de articulação e descontentamento social que vai além de críticas pontuais. Embora a autoria da ação não tenha sido oficialmente reivindicada por nenhuma organização, a linguagem adotada e os temas abordados revelam um discurso politizado e alinhado a pautas progressistas e ambientalistas.

A administração de Bruno Reis, marcada pela forte presença da máquina administrativa nas redes sociais e pela tentativa de projetar uma imagem de modernização urbana, enfrenta crescentes desafios no campo da legitimidade popular, sobretudo em temas que envolvem transparência, participação social e preservação do meio ambiente.


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