Inflação e custo de vida seguem entre as maiores preocupações dos brasileiros em 2025

Pesquisa RADAR FEBRABAN, divulgada na quinta-feira (04/07/2025), evidencia a manutenção da preocupação com a inflação e o custo de vida, ainda que haja estabilidade nas expectativas econômicas e alta na satisfação com a vida pessoal, apontada por 70% dos entrevistados.
Pesquisa RADAR FEBRABAN, divulgada na quinta-feira (04/07/2025), evidencia a manutenção da preocupação com a inflação e o custo de vida, ainda que haja estabilidade nas expectativas econômicas e alta na satisfação com a vida pessoal, apontada por 70% dos entrevistados.

A inflação e o aumento do custo de vida permanecem entre os principais pontos de preocupação da população brasileira no primeiro semestre de 2025, de acordo com a nova edição da Pesquisa Radar FEBRABAN, realizada entre os dias 12 e 20 de junho de 2025 com 2 mil entrevistados em todas as regiões do país. Apesar da persistência dessas preocupações, o levantamento aponta ligeira melhora nas expectativas econômicas em comparação com os dados de março.

Segundo a pesquisa, 83% dos entrevistados percebem que os preços continuam subindo, índice que representa queda de seis pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, que registrava 89%. A percepção de inflação elevada é mais acentuada entre as mulheres (85%) do que entre os homens (80%).

Itens que mais impactam o orçamento familiar

Alimentos e produtos de abastecimento doméstico são apontados por 75% dos entrevistados como os itens que mais afetam o orçamento, seguidos pelo preço dos combustíveis (30%) e pelos gastos com saúde e medicamentos (28%).

Outros aspectos citados como fontes de preocupação são os juros de cartões, financiamentos e empréstimos (21%), despesas com educação (8%) e transporte público (7%).

Satisfação com a vida pessoal se mantém em alta

Apesar do cenário econômico desafiador, a pesquisa indica estabilidade na percepção de bem-estar pessoal e familiar. Sete em cada dez brasileiros (70%) declaram-se satisfeitos ou muito satisfeitos com a vida pessoal. Para 78% dos entrevistados, a vida pessoal e familiar melhorou (40%) ou permaneceu igual (38%) no primeiro semestre de 2025.

Entretanto, houve ligeira elevação na percepção de piora, que passou de 19% em março para 22% em junho.

Avaliação do país e projeções para o segundo semestre

A pesquisa aponta aumento no pessimismo em relação ao país. A proporção dos que acreditam que o Brasil piorou subiu de 34% para 38%, maior índice da série histórica. Já o percentual dos que veem melhora caiu de 35% para 33%. Ainda assim, 67% mantêm alguma expectativa positiva, esperando que o país melhore (40%) ou permaneça igual (27%) até o final do ano.

Expectativas econômicas e projeções sociais

A pesquisa detalha as principais expectativas da população para o restante de 2025:

  • Inflação: 71% acreditam que os preços continuarão subindo;

  • Desemprego: 41% esperam aumento;

  • Poder de compra: 51% acreditam que irá diminuir;

  • Endividamento: subiu de 68% para 71% os que creem que aumentará;

  • Taxa de juros: 68% preveem alta;

  • Impostos: expectativa de aumento saltou de 65% para 71%;

  • Acesso ao crédito: caiu de 35% para 32% os que acreditam em ampliação;

  • Salários: 58% não preveem mudanças.

Saúde, emprego e inflação são prioridades da população

Entre os temas prioritários destacados pela população, a saúde continua no topo (32%), seguida de emprego e renda (20%), inflação e custo de vida (11%), educação (9%), segurança pública (9%) e corrupção (8%). Questões sociais como fome e pobreza também aparecem, com 4% das menções.

Planos e aspirações dos brasileiros

As aspirações de consumo e investimentos também foram analisadas:

  • Guardar dinheiro/investir: 21% pretendem aplicar na poupança, e 29% em outros tipos de investimento;

  • Moradia: o desejo de adquirir casa própria caiu de 30% para 28%; 15% desejam reformar imóveis;

  • Educação: manteve 14% das menções;

  • Viagens: caiu de 13% para 10% o desejo de viajar com sobra de orçamento;

  • Saúde: 12% desejam melhorar o plano de saúde.

Percepção da realidade econômica

A pesquisa revela uma dissociação entre a percepção da realidade econômica e a satisfação pessoal, fenômeno recorrente em contextos de resiliência social diante de crises prolongadas. O dado que indica alta satisfação pessoal (70%) contrasta com uma visão predominantemente negativa sobre o país (38% percebem piora) e com expectativas desfavoráveis em quase todos os indicadores econômicos avaliados.

Esse comportamento reflete um processo de adaptação das famílias, que reorganizam prioridades e reduzem consumo, sem, contudo, abandonarem por completo seus projetos pessoais. A elevação da taxa Selic para 15% ao ano, somada à inflação persistente e aumento dos juros ao consumidor, compõe um quadro de compressão da renda e retração do poder de compra, que deve repercutir sobre o consumo no segundo semestre.

O crescimento da expectativa de aumento dos impostos e da inadimplência sugere desconfiança sobre a condução fiscal do governo federal e incertezas quanto à capacidade de retomada do crescimento, agravadas pela pressão inflacionária sobre itens essenciais. O descolamento entre expectativa pessoal e avaliação do país revela um risco político relevante: a possibilidade de erosão da confiança institucional em meio a uma estabilidade aparente do cotidiano individual.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.