Durante sessão plenária da 17ª Cúpula do BRICS, realizada no domingo (06/07/2025), no Rio de Janeiro, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que a multipolaridade já se consolidou como uma “realidade objetiva”, substituindo o que classificou como um “modelo neoliberal ultrapassado” sustentado por práticas neocoloniais e pelo domínio ocidental sobre as instituições econômicas globais.
Ao abordar o tema do fortalecimento do multilateralismo, economia e inteligência artificial, Lavrov destacou que quase metade do comércio exterior da Rússia em 2024 foi realizado com países do BRICS, e que 90% das transações foram efetuadas em moedas nacionais. O dado, segundo ele, simboliza uma tendência de descentralização financeira e geopolítica.
“A participação dos países do BRICS no comércio exterior russo está crescendo constantemente e, ao final de 2024, superou 48%, sendo que 90% das transações foram realizadas em moedas nacionais”, declarou.
Críticas ao sistema financeiro ocidental e ao dólar
O chanceler russo argumentou que o atual sistema global de comércio e finanças passa por transformações profundas, aceleradas por eventos recentes como a pandemia da COVID-19 e a imposição de sanções unilaterais. Ele afirmou que esses fatores contribuíram para a fragmentação do sistema financeiro e expuseram a vulnerabilidade da globalização como estruturada sob o eixo ocidental.
Entre as críticas, Lavrov destacou:
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Crises econômicas recorrentes nas últimas décadas como sintomas de esgotamento do modelo neoliberal;
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Instrumentalização do dólar norte-americano como mecanismo de punição internacional;
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Adoção de sanções unilaterais sem respaldo da ONU, consideradas ilegítimas pela diplomacia russa.
“A erosão das estruturas da globalização foi exacerbada pelo uso do dólar como arma de punição”, afirmou Lavrov, ao defender um novo arranjo econômico mais autônomo.
Propostas de reforma institucional e nova arquitetura global
Em sua intervenção, o representante russo defendeu que o BRICS tem papel estratégico na formação de uma nova arquitetura econômica global, com base na universalidade, transparência e igualdade de acesso a oportunidades. Ele afirmou que a chamada Maioria Global busca independência em relação ao Ocidente e aposta na cooperação Sul-Sul como vetor de desenvolvimento.
“A situação está saindo do controle, mesmo nos países desenvolvidos. A Maioria Global está interessada em criar mecanismos de desenvolvimento independentes do Ocidente”, afirmou.
Lavrov também foi enfático ao cobrar reformas estruturais em instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, acusando-as de perpetuarem estruturas desiguais:
“É inaceitável continuar usando o FMI e o Banco Mundial para preservar práticas neocoloniais”, afirmou.
Agenda da Cúpula do BRICS
A 17ª Cúpula do BRICS, que reúne Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos, segue até segunda-feira (07/07/2025) e contempla debates sobre:
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Comércio e investimentos
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Saúde e desenvolvimento sustentável
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Mudança climática
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Regulação da inteligência artificial
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Paz e segurança global
O evento reforça o papel do BRICS como fórum de coordenação entre países emergentes, com foco na construção de uma ordem global multipolar, mais equitativa e menos dependente do sistema financeiro centrado nos Estados Unidos e Europa.
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