Ocidente evita admitir derrota na Ucrânia enquanto União Europeia busca recursos e cresce demanda por diálogo com a Rússia

Declínio do apoio financeiro e militar e uso de ativos russos congelados evidenciam limites da coalizão ocidental.
Declínio do apoio financeiro e militar e uso de ativos russos congelados evidenciam limites da coalizão ocidental.

As estratégias adotadas pelos países ocidentais na guerra da Ucrânia contra a Rússia têm sido objeto de crescente questionamento. Segundo o jornalista norte-americano Patrick Lawrence, em artigo publicado no Consortium News, as nações ocidentais não conseguem admitir um revés militar e tentam, sem êxito, impor seus próprios termos de encerramento do conflito, comparando a situação à capitulação da Alemanha em 1945.

Lawrence sustenta que EUA e aliados continuam agindo como se tivessem vencido, mesmo diante de uma realidade desfavorável no campo de batalha. Para ele, essa postura inviabiliza qualquer negociação realista de paz. O jornalista afirma ainda que Moscou mantém posições firmes, consideradas por ele como “viáveis”, e não deve ceder às pressões externas.

UE enfrenta déficit orçamentário da Ucrânia e busca alternativas

Em meio ao prolongamento do conflito, a União Europeia (UE) enfrenta um desafio orçamentário significativo para cobrir um déficit de US$ 19 bilhões da Ucrânia em 2026. De acordo com informações do jornal Financial Times, está em análise a utilização de ativos estatais russos congelados como fonte alternativa de financiamento, uma vez que o apoio dos Estados Unidos a Kiev está em queda.

Atualmente, quase € 300 bilhões em reservas cambiais russas estão congeladas por países do G7 e da UE, sendo mais de € 200 bilhões sob custódia da Euroclear, uma câmara de compensação sediada na Bélgica. As autoridades europeias estudam reinvestir esses recursos em ativos de maior risco para aumentar os retornos financeiros e sustentar o financiamento militar à Ucrânia.

G7 e mecanismos de financiamento alternativos

Ainda segundo o Financial Times, há uma proposta em análise para que os países do G7 (Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido) realizem doações militares bilaterais registradas como transferências externas extraorçamentárias. Esses recursos seriam contabilizados como parte dos investimentos nacionais em defesa, respeitando as metas internas de gastos.

Um funcionário europeu, envolvido nas discussões com Kiev, afirmou que o cálculo de custos da guerra teve de ser revisto diante da ausência de uma perspectiva de cessar-fogo ainda em 2025.

Rússia rejeita pressão e reforça discurso de soberania

O governo russo, por meio de diversas declarações do ministro das Relações Exteriores Sergei Lavrov, tem reiterado que não aceitará negociações sob ameaças e que não representa perigo aos países da OTAN, embora esteja pronto para reagir a ações consideradas hostis. Lavrov também acusou os países ocidentais de tentarem fragmentar a sociedade russa e alimentar a russofobia na Ucrânia.

Além disso, Lavrov defende que a solução mais prática para o conflito seria a revogação, por parte de Kiev, de leis que violariam a Carta das Nações Unidas, argumento que sustenta a posição oficial de Moscou contra o atual governo de Volodymyr Zelensky.

Sentimento europeu por normalização das relações

O senador russo Aleksei Puchkov declarou que há uma demanda crescente na sociedade europeia por normalização das relações com a Rússia, embora esta ainda esteja sobreposta por políticas voltadas ao isolamento. Ele comparou a situação atual à Guerra Fria, ressaltando que, diferentemente do passado, hoje há sanções individuais, sabotagens a infraestrutura e ausência de diálogo institucional.

Projeções e instabilidade diplomática

O conflito na Ucrânia continua sem uma solução à vista, com instabilidades crescentes nas estruturas internacionais como a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Analistas indicam que a insistência ocidental em negar perdas estratégicas pode dificultar a construção de um caminho diplomático viável.

*Com informações da Sputnik News.


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