Senadores brasileiros articulam diálogo com os EUA para evitar tarifa de 50% sobre produtos nacionais; Jaques Wagner comenta

Missão parlamentar busca solução diplomática para o aumento de tarifas anunciado pelo governo Trump.
Jaques Wagner afirma que missão do Senado visa preservar os empregos, os empresários e a soberania brasileira em meio à crise comercial com os Estados Unidos.

Um grupo composto por oito senadores brasileiros embarca para Washington (EUA) no final desta semana com o objetivo de negociar alternativas diplomáticas ao tarifaço de 50% anunciado pelo governo do presidente norte-americano Donald Trump sobre produtos brasileiros. A visita ocorrerá entre os dias 29 e 31 de julho de 2025, véspera da entrada em vigor das novas tarifas.

A missão é liderada pela Comissão Temporária do Senado sobre Relações Econômicas com os Estados Unidos, presidida pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS). Também integram o grupo parlamentares como Jaques Wagner (PT-BA) e Tereza Cristina (PP-MS), que têm defendido, com ênfase, uma posição diplomática firme e coordenada do Brasil.

Jaques Wagner: soberania e diálogo

Em comunicado à imprensa, o senador baiano Jaques Wagner (PT) afirmou que a comitiva parlamentar representa um gesto político de disposição ao diálogo, mas ressaltou que a soberania e os empregos brasileiros devem ser preservados.

“O Brasil está disposto a dialogar com os Estados Unidos, mas defendendo a sua soberania. Vamos defender o Brasil, nossos empregos e os empresários”, declarou Wagner.

O parlamentar também recordou que uma carta oficial foi enviada ao governo dos Estados Unidos em 16 de maio, sem que houvesse qualquer resposta até o momento.

“Não nos interessa ter uma briga numa amizade e num comércio de 206 anos com os americanos”, completou.

Relações comerciais e déficit com os EUA

O senador Jaques Wagner também destacou que, historicamente, o Brasil mantém um déficit comercial com os Estados Unidos da ordem de US$ 7 bilhões por ano, ou seja, o país importa mais do que exporta. Esse desequilíbrio agrava ainda mais os efeitos econômicos esperados com a entrada em vigor da nova tarifa.

O aumento de 50% nas tarifas alfandegárias, anunciado por Donald Trump, será aplicado a partir de 1º de agosto de 2025. O governo brasileiro avalia os possíveis impactos econômicos e prepara medidas legais e diplomáticas de retaliação, em paralelo à missão parlamentar.

Comissão do Senado busca sensibilizar autoridades americanas

Segundo o senador Nelsinho Trad, a expectativa da missão é “sensibilizar os colegas parlamentares e autoridades dos EUA sobre os prejuízos econômicos que as tarifas podem causar ao Brasil”, especialmente nos setores da agricultura, siderurgia, mineração e manufatura, que são os mais atingidos pelas novas medidas.

A senadora Tereza Cristina, ex-ministra da Agricultura, criticou a postura do governo federal brasileiro, cobrando uma atuação mais firme:

“Esperamos que o Itamaraty e o Executivo brasileiro adotem uma postura menos passiva diante das ameaças comerciais.”

Jorge Viana: tarifaço tem motivação política e não comercial

Em evento realizado na terça-feira (22/07), o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, afirmou que o aumento das tarifas não está relacionado a disputas comerciais tradicionais, mas sim a interesses políticos internos dos Estados Unidos, alinhados a grupos extremistas brasileiros.

“O que está vindo para nós não é um problema de comércio, é uma ação perversa de família, de grupos extremistas que querem danificar o país, as empresas e a nossa soberania”, declarou Viana, sem mencionar diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas apontando para conexões políticas.

A fala foi proferida durante a cerimônia de assinatura de um convênio entre a Apex e a Unicafes (União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária), que visa fomentar as exportações de cooperativas agroindustriais brasileiras.

Contexto político e repercussão internacional

A imposição das tarifas ocorre em meio a uma crise diplomática crescente entre Brasil e Estados Unidos, agravada pelas medidas cautelares impostas pelo STF ao ex-presidente Jair Bolsonaro, pelas ações de Eduardo Bolsonaro nos EUA e pelas recentes sanções aplicadas por Washington contra membros do Judiciário brasileiro.

Setores diplomáticos e empresariais temem que a escalada de tensões comprometa investimentos bilaterais, acesso a mercados estratégicos e a estabilidade das exportações brasileiras.

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