União Europeia aprova novo pacote de sanções contra Rússia e pressiona setores de energia e finanças

A União Europeia aprovou nesta sexta-feira (18/07/2025) um robusto pacote de sanções contra a Rússia, abrangendo os setores de energia, finanças e transporte marítimo. Após semanas de impasse, a Eslováquia retirou seu veto diante de garantias da Comissão Europeia. As medidas visam conter a máquina de guerra do Kremlin, enquanto os EUA endurecem o discurso contra Moscou e aumentam o apoio à Ucrânia.
Sanções visam petróleo, bancos e frota marítima da Rússia; chanceler Merz apoia medidas, enquanto Eslováquia cede após receber garantias da Comissão Europeia.

A União Europeia aprovou, nesta sexta-feira (18/07/2025), o 18º pacote de sanções contra a Rússia, com foco nos setores energético e financeiro. As medidas foram adotadas após a retirada do veto da Eslováquia, liderada pelo primeiro-ministro Robert Fico, e visam intensificar a pressão sobre o Kremlin no contexto da guerra na Ucrânia.

Sanções ampliadas contra petróleo e bancos russos

O novo pacote de sanções proíbe todas as transações com 22 bancos russos, o Fundo Russo de Investimento Direto e suas subsidiárias. Também veta o uso direto ou indireto dos gasodutos submarinos Nord Stream, que permanecem inoperantes, mas que Moscou planeja reativar futuramente.

Além disso, a UE transformou o antigo teto de preço do petróleo bruto russo — de US$ 60 por barril desde 2022 — em um mecanismo dinâmico. O novo valor inicial foi fixado em US$ 47,60, ou 15% abaixo da média de mercado, com atualização automática a cada seis meses.

Outra medida significativa é a proibição da importação de produtos petrolíferos refinados a partir de petróleo russo, mesmo quando exportados por terceiros países com rotulagem modificada — prática comum por meio de refinarias na Índia e na Turquia.

Bloqueio à “frota fantasma” e restrições a empresas extraterritoriais

A UE também bloqueou o acesso a portos e serviços comunitários de mais 105 navios ligados à chamada “frota fantasma” — composta por petroleiros obsoletos utilizados por Moscou para driblar sanções. Com a ampliação, a lista negra da frota ultrapassa 400 embarcações.

Onze empresas estrangeiras — incluindo quatro sediadas na China continental e três em Hong Kong — foram incluídas nas restrições por facilitarem a evasão das sanções, elevando a abrangência extraterritorial do novo pacote.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que as sanções atingem “o coração da máquina de guerra da Rússia” e prometeu manter a pressão até que o presidente Vladimir Putin encerre o conflito. Já a Alta Representante da UE para Assuntos Externos, Kaja Kallas, classificou o pacote como “um dos mais fortes já aprovados”.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy agradeceu publicamente à União Europeia pelas medidas e enfatizou a importância da pressão econômica para enfraquecer o esforço de guerra russo.

Crise diplomática com a Eslováquia e concessões de Bruxelas

A aprovação do pacote só foi possível após a retirada do veto da Eslováquia, que havia condicionado seu apoio a compensações pela proposta europeia de eliminar os combustíveis fósseis russos até 2027. O país, sem acesso ao mar e dependente do gás russo, alegou que a medida comprometeria sua segurança energética, competitividade econômica e estabilidade de preços.

O primeiro-ministro Robert Fico alegou risco de sofrer processo judicial da Gazprom, no valor de até 20 bilhões de euros, pela rescisão antecipada de contratos em vigor até 2034.

Após semanas de impasse, a presidente da Comissão Europeia enviou uma carta com três páginas de garantias, propondo:

  • Possibilidade de uso de fundos da UE e auxílios estatais para mitigar impactos econômicos;

  • Criação de critérios claros para uma “pausa de emergência” no cumprimento das metas em caso de aumento extremo de preços;

  • Coordenação com países afetados, como a própria Eslováquia, para transição energética segura.

Fico divulgou a carta em suas redes sociais, mas afirmou que os partidos de sua coalizão a rejeitaram por considerarem as garantias insuficientes. Mesmo assim, sob pressão internacional crescente, anunciou a retirada do veto na noite de quinta-feira (17/07/2025).

“Seria contraproducente manter o bloqueio. Todas as opções foram esgotadas por ora”, declarou Fico, que, no entanto, prometeu continuar sua oposição à eliminação progressiva do gás russo.

Apoio internacional e articulação do chanceler Merz

O avanço europeu ocorre em paralelo à endurecida retórica de Donald Trump contra Vladimir Putin, com promessas de ajuda letal à Ucrânia e novas tarifas comerciais à Rússia. A iniciativa foi bem recebida pelos parceiros europeus, embora os Estados Unidos tenham recusado reduzir ainda mais o teto de preço do petróleo russo.

Para os europeus, a participação do Reino Unido no novo mecanismo é crucial, dada sua relevância no setor de seguros marítimos, fundamental para fiscalizar embarques de petróleo.

Durante o mesmo período, o chanceler alemão Friedrich Merz, em declaração no briefing de verão, manifestou apoio à linha dura da UE contra a Rússia e reafirmou o compromisso da Alemanha com a defesa europeia e a coordenação transatlântica.


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