Com o aumento do acesso à informação, é cada vez mais comum que os pacientes tragam dúvidas muito pertinentes durante as consultas oncológicas. Uma das perguntas que mais escuto atualmente é:
“Doutor, posso fazer atividade física durante o tratamento?”
Minha resposta é sempre enfática: não só pode, como deve!
Durante muito tempo, a ideia de repouso absoluto foi predominante para quem enfrentava um diagnóstico de CA (câncer). Havia o medo de que o esforço físico pudesse agravar os sintomas, comprometer a imunidade ou até mesmo interferir negativamente no tratamento. No entanto, a ciência tem mostrado exatamente o contrário.
Diversos estudos publicados nas últimas décadas vêm comprovando os benefícios da atividade física para pacientes oncológicos. Os efeitos positivos vão muito além da qualidade de vida: envolvem melhora da disposição, redução da fadiga, controle de náuseas, manutenção da massa muscular e até auxílio na saúde emocional, diminuindo sintomas de ansiedade e depressão.
Mas talvez o dado mais impressionante seja o impacto da atividade física na sobrevida desses pacientes.
Recentemente, um estudo de grande relevância foi publicado avaliando especificamente pacientes com CA de cólon submetidos à quimioterapia após o tratamento cirúrgico. Esse trabalho se destacou pela sua rigorosa metodologia estatística e pelo número expressivo de participantes.
Os pesquisadores compararam dois grupos de pacientes: aqueles que mantiveram um estilo de vida sedentário durante o tratamento e os que adotaram uma rotina regular de atividade física, mesmo que de forma moderada.
O resultado foi bastante significativo: os pacientes ativos apresentaram um aumento comprovado no tempo de sobrevida em comparação com os sedentários. Em outras palavras, o exercício físico, quando realizado de forma orientada e segura, não apenas melhora os sintomas e o bem-estar, mas pode efetivamente ajudar a prolongar a vida.
Esses dados reforçam uma mudança importante no paradigma do cuidado oncológico. Hoje, grandes centros de referência em câncer já incluem a prescrição de atividade física como parte do plano terapêutico, com a participação de profissionais especializados, como fisioterapeutas e educadores físicos com experiência em oncologia.
É claro que cada caso é único. O tipo, a intensidade e a frequência da atividade devem ser adaptados à condição clínica de cada paciente, respeitando limitações impostas pelo tratamento e pelas características individuais de saúde.
O importante é quebrar o mito da inatividade e entender que o movimento, quando bem orientado, é uma poderosa ferramenta de combate ao CA.
Portanto, se você está em tratamento ou conhece alguém que esteja, converse com a equipe médica. Pergunte sobre as possibilidades de incluir o exercício físico na rotina. A ciência já mostrou: o movimento salva vidas.
Thiago Vieira, médico oncologista clínico, atua no diagnóstico e tratamento de diversos tipos de câncer. Comprometido com a assistência integral ao paciente oncológico, dedica-se também à educação em saúde e à divulgação científica, com o propósito de tornar a informação médica mais acessível e próxima da comunidade.
Contato através do e-mail: thiagosanvieira@hotmail.com
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