Nesta segunda-feira (11/08/2025), um editorial do jornal O Estado de S. Paulo avaliou que as manifestações convocadas por apoiadores de Jair Bolsonaro no dia 3 de agosto evidenciam a resiliência do populismo reacionário no Brasil e que, embora o ex-presidente enfrente acusações graves, a sua capacidade de mobilizar multidões permanece. O texto também denuncia que abusos cometidos em nome da democracia alimentam a polarização e fortalecem movimentos radicais.
O Estadão sustenta que compreender a permanência do bolsonarismo exige mais do que desprezo ou ironia. É necessário investigar as causas estruturais desse movimento, que, apesar de uma agenda considerada antidemocrática, continua se alimentando de ressentimentos reais, abusos institucionais e frustrações legítimas.
Segundo o jornal, a crise política brasileira é agravada pelo fato de que cada campo político se vê como portador exclusivo da virtude. Em nome da democracia, tolera-se censura; em nome da justiça social, flexibiliza-se a lei; e no combate ao autoritarismo, recorre-se a práticas autoritárias.
Críticas ao STF e à postura de Alexandre de Moraes
O editorial aponta que Bolsonaro e aliados devem responder judicialmente por tentativa de golpe de Estado e por acionar governos estrangeiros contra instituições brasileiras. No entanto, afirma que o Supremo Tribunal Federal (STF), em especial por meio do ministro Alexandre de Moraes, também teria ultrapassado limites legais, instituindo inquéritos sem objeto definido, determinando prisões preventivas abusivas e censurando jornalistas.
O texto descreve a Corte como ator político de primeira ordem, cujo comportamento, por vezes, estaria mais próximo da prepotência do que da prudência institucional. Episódios simbólicos, como o gesto obsceno de Moraes em evento esportivo, são citados como exemplos de uma postura que compromete a imagem da instituição.
O papel da esquerda no agravamento da polarização
Para o Estadão, a esquerda, especialmente o Partido dos Trabalhadores (PT), não fez a autocrítica necessária sobre os escândalos de corrupção do passado. A estratégia de se apoiar no STF e de insistir em um discurso que contrapõe “ricos” e “pobres” reforçaria uma visão maniqueísta e inviabilizaria iniciativas de reconciliação nacional.
Essa abordagem, segundo o editorial, mantém o debate político calcificado em uma lógica binária, na qual adversários são reduzidos a “fascistas”, dificultando a construção de consensos.
A influência das elites intelectuais e culturais
O texto também critica a hegemonia progressista nas universidades, na imprensa e no setor cultural, apontando que há tolerância com abusos cometidos por aliados e uma retórica de superioridade moral. Esse comportamento, afirma o jornal, afasta grandes parcelas da população e esvazia a legitimidade das críticas aos excessos cometidos pela direita, fornecendo combustível para o discurso bolsonarista.
Proposta de novo pacto institucional
O Estadão defende que nenhum excesso justifica outro e que a democracia brasileira só poderá ser restaurada mediante um novo pacto institucional, baseado em responsabilidade recíproca, pluralidade e respeito à lei.
Para o editorial, o combate ao golpismo deve ser firme e exemplar, mas também respeitar a forma — elemento essencial para diferenciar justiça de revanche.
Share this:
- Click to print (Opens in new window) Print
- Click to email a link to a friend (Opens in new window) Email
- Click to share on X (Opens in new window) X
- Click to share on LinkedIn (Opens in new window) LinkedIn
- Click to share on Facebook (Opens in new window) Facebook
- Click to share on WhatsApp (Opens in new window) WhatsApp
- Click to share on Telegram (Opens in new window) Telegram
Relacionado
Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)
Subscribe to get the latest posts sent to your email.




