O presidente Javier Milei mantém índices de apoio suficientes para projetar vitória nas eleições legislativas de outubro de 2025, apesar do aumento no número de setores afetados por seu ajuste fiscal. Pesquisas indicam que governistas podem alcançar cerca de 40% dos votos, mesmo com metade da população relatando dificuldades financeiras e consumo em queda.
Desde o início do mandato, em dezembro de 2023, aposentados protestam semanalmente em frente ao Congresso, em Buenos Aires, contra as medidas econômicas. Nos últimos dez dias, Milei vetou reajustes nas aposentadorias aprovados pelo Legislativo e suspendeu a atualização de pagamentos para pessoas com deficiência. Também estão em pauta no Congresso leis que tratam do financiamento de universidades e hospitais pediátricos.
Milei defende que não há recursos para ampliar benefícios e que o superávit fiscal é pilar de seu governo. Economistas, no entanto, afirmam que o resultado é insustentável, já que obras públicas estão paralisadas há quase dois anos e, considerando os juros da dívida, o superávit primário de 0,3% do PIB se converte em déficit de 1,2%.
Queda no poder aquisitivo e mudanças de consumo
Segundo levantamento da consultoria M&F, 83,9% dos argentinos mudaram hábitos de consumo devido à perda de poder aquisitivo, estimada em 12% na média nacional desde dezembro de 2023. Trabalhadores do setor público e informais tiveram perdas maiores, enquanto empregados do setor privado conseguiram compensar parcialmente com reajustes.
Entre as mudanças, consumidores passaram a optar por produtos de menor custo, migraram de serviços privados para públicos e reduziram o uso de transporte. Quase metade da população (49,5%) afirma ter dificuldades para pagar despesas mensais. Apenas 35,3% conseguem arcar com todas as contas.
De acordo com a consultoria Moiguer, 60% consideram que a situação econômica piorou no último ano e 50% não conseguem fechar o mês com o que recebem.
Desemprego e precarização do trabalho
A taxa oficial de desemprego atingiu 7,9% no primeiro trimestre, alta de 1,5 ponto percentual em relação ao trimestre anterior. Parte da situação é mascarada pelo crescimento do trabalho autônomo precário, que não entra na estatística oficial de desempregados. Cerca de 16% dos trabalhadores buscam um segundo emprego para complementar a renda.
Eleições e riscos políticos
O governo depende de um bom desempenho em outubro para consolidar apoio político e avançar nas reformas econômicas. Analistas apontam que o principal risco para Milei é uma alta na inflação acima do previsto. A estimativa para 2024 é de 27,3%, queda relevante frente aos 117,8% de 2023, mas ainda elevada.
Especialistas como Gustavo Marangoni e Cristian Buttié alertam para o risco de baixa participação eleitoral e apatia política, que podem indicar desgaste antecipado do governo. Já Jorge Giacobbe aponta que a insatisfação crescente entre eleitores que apoiavam fortemente Milei pode se intensificar após as eleições.
*Com informações da RFI.
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