A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) declarou apoio, nesta quarta-feira (13/08/2025), ao Plano Brasil Soberano, lançado pelo governo federal para mitigar os efeitos das tarifas de 50% aplicadas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A entidade afirmou que a iniciativa demonstra compromisso com a defesa dos setores produtivos nacionais.
A medida provisória (MP) assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva prevê um pacote de apoio financeiro e regulatório voltado às empresas afetadas pelas restrições comerciais. O valor total disponibilizado é de R$ 30 bilhões em linhas de crédito, com condições especiais para pequenas e médias empresas. A MP entrou em vigor imediatamente e precisa ser aprovada pelo Congresso em até 120 dias.
A Fiesp ressaltou que continuará contribuindo com propostas voltadas ao fortalecimento do setor produtivo e manterá diálogo com o setor privado dos Estados Unidos. A entidade destacou ainda o papel histórico das relações comerciais bilaterais e a importância da cooperação econômica.
Eixos do Plano Brasil Soberano
O plano se baseia em três eixos principais: fortalecimento do setor produtivo, proteção aos trabalhadores e diplomacia comercial. Entre os instrumentos previstos estão:
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Linha de crédito subsidiada de R$ 30 bilhões, via Fundo Garantidor de Exportação (FGE), com prioridade para pequenos e médios exportadores;
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Prorrogação do regime de drawback, que isenta tributos sobre insumos usados em produtos exportados;
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Aumento do Reintegra, com alíquota de até 3,1% para grandes empresas e 6% para micro e pequenas, até dezembro de 2026;
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Aportes adicionais de R$ 4,5 bilhões nos fundos garantidores (FGCE, FGI e FGO);
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Diferimento de impostos federais por dois meses para empresas afetadas;
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Compras públicas de produtos originalmente destinados à exportação, como alimentos perecíveis.
As medidas têm o objetivo de reduzir os impactos econômicos causados pelas sanções e manter a competitividade internacional das empresas brasileiras.
Contexto das tarifas dos Estados Unidos
As tarifas de 50% foram impostas como parte da nova política comercial dos EUA sob a presidência de Donald Trump. O Brasil foi inicialmente taxado em 10% em abril, mas teve o percentual elevado em 06/08/2025, após o agravamento de tensões políticas, incluindo a atuação de autoridades brasileiras no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O governo dos EUA alegou que as decisões do Supremo Tribunal Federal e a legislação digital brasileira prejudicavam suas empresas, especialmente big techs. O país também classificou o Brasil como uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional”, medida antes usada contra países como Cuba, Venezuela e Irã.
Apesar da exceção de cerca de 700 produtos, setores como agronegócio e indústria preveem impactos significativos. As tarifas afetam 35,9% das mercadorias exportadas aos EUA, o que representa 4% das exportações brasileiras.
Declarações de Lula sobre soberania e comércio internacional
Durante o evento de lançamento, Lula afirmou que a soberania do Brasil é intocável e criticou a interferência de governos estrangeiros em decisões internas.
“Ninguém deve opinar sobre o que cabe ao Brasil decidir”, declarou.
O presidente também disse que não haverá retaliação imediata contra os Estados Unidos e que a prioridade é a diversificação de mercados. Citou a abertura de 400 novos mercados desde o início de seu mandato e anunciou uma missão comercial à Índia, em janeiro, com 500 empresários brasileiros.
Lula afirmou ainda que os países do BRICS devem se reunir para avaliar o impacto das tarifas e fortalecer a cooperação comercial entre os integrantes e outros parceiros afetados.
Reações no Congresso Nacional
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), elogiou a iniciativa do Executivo. “Há causas que devem transcender preferências partidárias ou ideológicas. O Parlamento está pronto para agir”, declarou. Ele ressaltou que a Lei da Reciprocidade Econômica já havia sido aprovada em resposta à medida norte-americana.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), também participou da cerimônia e ouviu o pedido de celeridade na tramitação da MP. Lula reforçou que quanto mais rápido o Congresso votar o texto, mais rapidamente os exportadores impactados serão beneficiados.
Medidas operacionais e fiscais do plano
Além do crédito subsidiado, o plano prevê:
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Criação da Câmara Nacional de Acompanhamento do Emprego, para monitorar e propor ações de preservação de postos de trabalho;
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Acesso facilitado ao crédito condicionado à manutenção de empregos;
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Prorrogação do drawback até o fim de 2026, sem impacto fiscal direto;
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Autorização da Receita Federal para adiar a cobrança de tributos por dois meses;
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Expansão do Reintegra com impacto fiscal estimado em até R$ 5 bilhões.
As medidas abrangem empresas que realizariam exportações aos EUA até dezembro de 2025. O plano também moderniza os mecanismos de exportação, com seguro de crédito contra riscos como inadimplência ou cancelamento de contratos.
Compra pública e estímulo ao consumo interno
O governo utilizará a modalidade de compras públicas para adquirir produtos destinados à exportação, principalmente alimentos perecíveis. Os itens poderão ser usados em políticas públicas como merenda escolar, hospitais e programas sociais, evitando desperdício e promovendo estímulo ao consumo interno.
Perspectivas comerciais e diplomáticas
Lula declarou que o país está pronto para negociar com novos mercados. “Se os EUA não quiserem comprar, vamos procurar outro país”, afirmou. A China, que já representa o dobro da balança comercial brasileira em relação aos EUA, foi citada como exemplo.
Segundo especialistas, as tarifas fazem parte de uma estratégia geopolítica para enfraquecer o BRICS, especialmente após o grupo defender a redução do uso do dólar nas transações internacionais.
*Com informações da Agência Brasil e Sputnik News.
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