Levantamento realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas e divulgado nesta quinta-feira (31/07/2025) revela que o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), lidera com ampla vantagem todos os cenários testados para a eleição de governador da Bahia em 2026. A pesquisa também avaliou a intenção de voto para o Senado e a aprovação da gestão do governador Jerônimo Rodrigues (PT).
Cenário espontâneo: ACM Neto é o nome mais lembrado
Na pergunta espontânea, em que os entrevistados indicam um nome sem estímulo prévio:
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ACM Neto aparece com 21,4% das intenções de voto;
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Jerônimo Rodrigues, atual governador, tem 11,4%;
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Rui Costa, ministro da Casa Civil, registra 5,8%;
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Bruno Reis, prefeito de Salvador, pontua com 1,8%;
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Jaques Wagner (0,6%) e João Roma (0,2%) aparecem com índices residuais;
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58,1% dos eleitores afirmaram não saber ou não opinaram.
Cenário estimulado confirma hegemonia de ACM Neto
Cenário 1 (com Jerônimo)
Quando os nomes são apresentados aos entrevistados, o resultado aponta:
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ACM Neto: 53,5%
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Jerônimo Rodrigues: 28,1%
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João Roma: 6,1%
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Kléber Rosa: 1,3%
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Brancos, nulos ou nenhum: 6,4%
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Indecisos: 4,6%
Cenário 2 (com Rui Costa)
Com Rui Costa no lugar de Jerônimo:
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ACM Neto: 53,3%
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Rui Costa: 28,0%
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João Roma: 6,2%
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Kléber Rosa: 1,4%
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Nenhum/branco/nulo: 6,9%
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Não sabe/não opinou: 4,3%
Segundo turno: Neto venceria com quase 60%
Em uma simulação de segundo turno entre ACM Neto e Jerônimo Rodrigues, o ex-prefeito venceria com:
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59,4% dos votos
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Contra 30,8% de Jerônimo
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Indecisos somam 4%
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Brancos/nulos: 5,9%
A vantagem é consistente em todos os recortes de faixa etária, escolaridade e religião.
Senado: Rui Costa lidera disputa dupla, Wagner aparece em segundo
A pesquisa também avaliou cenários para as duas vagas ao Senado que estarão em disputa em 2026:
Estimulada (Cenário 1):
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Rui Costa: 44,5%
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Jaques Wagner: 34,4%
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João Roma: 23,8%
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Angelo Coronel: 13,4%
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Márcio Marinho: 7,0%
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Adolfo Viana: 6,0%
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Marcelo Nilo: 4,8%
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Zé Cocá: 4,6%
O nome de Rui Costa aparece como o mais competitivo entre os potenciais candidatos petistas.
Avaliação do governo Jerônimo tem maioria negativa
A gestão do governador Jerônimo Rodrigues é rejeitada por 51,6% dos baianos, segundo a pesquisa. Apenas 44,9% aprovam seu governo, enquanto 3,5% não souberam opinar.
Avaliação por desempenho:
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Ótima/Boa: 32,0%
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Regular: 24,2%
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Ruim/Péssima: 42,2%
A rejeição aumentou em relação ao levantamento anterior, de março de 2025, quando a desaprovação era de 48,7%.
Análise dos Dados da Pesquisa
1. Principais aspectos revelados pela pesquisa
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Desvantagem estrutural de Jerônimo Rodrigues nas intenções de voto: Em todos os cenários testados para o governo estadual em 2026, o governador aparece mais de 25 pontos percentuais atrás de ACM Neto, tanto em disputas diretas como em cenários alternativos com Rui Costa.
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Rejeição crescente à administração estadual: A desaprovação ao governo Jerônimo cresceu de 48,7% para 51,6% entre março e julho de 2025. Paralelamente, a aprovação caiu para 44,9%, confirmando uma curva de desgaste.
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Desempenho superior do PT no Legislativo: Apesar do enfraquecimento no Executivo estadual, Rui Costa (44,5%) e Jaques Wagner (34,4%) lideram a disputa pelo Senado, demonstrando que o partido ainda conserva capital político entre os eleitores mais leais.
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Segmentos críticos à gestão atual: A desaprovação é mais acentuada entre homens, pessoas economicamente ativas e eleitores com ensino médio ou superior, o que indica perda de apoio nos segmentos urbanos, produtivos e de maior escolaridade.
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Baixa renovação política: A pesquisa confirma uma repetição dos nomes tradicionais da política baiana, o que contribui para uma sensação de estagnação e favorece candidatos com maior recall.
2. Fatores que afetam a imagem pública de Jerônimo Rodrigues
A – Percepção de gestão ineficaz ou ausente
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A combinação de alta desaprovação e baixa intenção de voto sugere que a imagem do governador está associada à falta de entregas concretas e à ausência de protagonismo político.
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A baixa avaliação positiva (somando apenas 32% entre “ótimo” e “bom”) reflete descrédito na condução administrativa, o que pode indicar ineficiência na comunicação institucional, falta de visibilidade de obras ou políticas públicas, e insatisfação com os serviços essenciais.
B – Comparações desfavoráveis com Rui Costa
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A entrada de Rui Costa em cenários simulados reduz apenas marginalmente a vantagem de ACM Neto, mas ele mantém desempenho superior a Jerônimo, inclusive na corrida para o Senado.
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Essa constatação reforça a ideia de que Jerônimo ainda não conseguiu consolidar liderança própria, sendo visto como uma figura de transição ou continuidade sem força autônoma, o que enfraquece sua imagem pública.
C – Fragilidade eleitoral nas bases populares
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Apesar de o governador ter desempenho razoável entre eleitores de menor escolaridade, a pesquisa mostra crescimento da rejeição mesmo entre mulheres e classes populares, tradicionalmente mais sensíveis às políticas sociais do PT.
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A ausência de mobilização simbólica em torno da figura do governador é perceptível, o que o torna vulnerável a narrativas de oposição que o enquadram como “gestor invisível” ou “herdeiro sem obra”.
3. Elementos que enfraquecem a imagem da gestão estadual
A – Comunicação institucional pouco eficaz
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A gestão de Jerônimo parece não conseguir traduzir suas ações em capital político. Faltam marcos de governo claros, slogans mobilizadores ou grandes programas que vinculem o nome do governador a melhorias percebidas no cotidiano da população.
B – Baixa capacidade de articulação nacional
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A perda de força local coincide com momentos de desgaste do governo federal, o que reforça a percepção de que a administração estadual é dependente politicamente de Brasília, sem capacidade de se impor no debate federativo.
C – Esgotamento do modelo de hegemonia petista
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A sequência de gestões do PT (Wagner, Rui e agora Jerônimo) expõe um ciclo político já percebido como esgotado por parte do eleitorado.
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A falta de renovação programática ou de novos quadros reforça a imagem de uma máquina partidária em desgaste, mesmo com quadros ainda competitivos.
Análise da influência política do presidente Lula
1. A força histórica de Lula na Bahia: ativo eleitoral em desgaste
Historicamente, o presidente Lula sempre teve ampla aceitação na Bahia, especialmente entre eleitores de baixa renda, menor escolaridade e residentes no interior do estado. Essa força foi decisiva para a consolidação do PT como partido hegemônico no Executivo baiano desde 2007, com Jaques Wagner, seguido por Rui Costa e Jerônimo Rodrigues.
Entretanto, em 2025, o capital político de Lula apresenta sinais visíveis de erosão, mesmo em seus redutos tradicionais. Embora a pesquisa em questão não trate diretamente da avaliação presidencial na Bahia, a queda de desempenho do governador Jerônimo — aliado direto e afilhado político de Lula — já reflete o enfraquecimento do efeito “transferência de prestígio”.
2. Sinais de esgotamento da transferência de votos
O PT baiano sempre funcionou como prolongamento político da figura de Lula, sendo a Bahia um de seus principais colégios eleitorais. Porém, os dados da pesquisa demonstram que:
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Jerônimo não consegue repetir a força eleitoral de seus antecessores, mesmo com apoio do presidente;
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O índice de aprovação do governador está abaixo de 45%, enquanto a rejeição ultrapassa os 50%;
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Nos cenários testados para 2026, a diferença entre ACM Neto e Jerônimo é superior a 25 pontos percentuais, mesmo com Lula no Palácio do Planalto e mantendo articulação política junto à base nordestina.
Esse conjunto indica que o eleitorado não está mais disposto a votar no PT apenas pela imagem de Lula, o que pode significar uma inflexão no comportamento político da Bahia após quase duas décadas de hegemonia.
3. Principais fatores que explicam o declínio da influência de Lula sobre Jerônimo
A. Desgaste do governo federal e frustração de expectativas
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A percepção de estagnação econômica, o tarifaço norte-americano sobre produtos brasileiros, a perda de tração de programas sociais, além de conflitos diplomáticos com os EUA e Israel, contribuem para o desgaste da imagem de Lula mesmo entre seus apoiadores tradicionais.
B. Falta de entregas visíveis e imediatas na Bahia
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Apesar das promessas de investimentos e anúncios de obras, o governo federal tem dificuldade em materializar avanços concretos no estado, o que fragiliza a narrativa de parceria entre Lula e Jerônimo.
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A ausência de inaugurações simbólicas ou ações de impacto direto na população reduz o valor da associação política entre ambos.
C. Afastamento da classe média e das zonas urbanas
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O eleitor urbano e escolarizado, que já demonstrava ambivalência com Lula em 2022, reforça hoje sua rejeição.
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Essa tendência se reproduz na rejeição a Jerônimo entre homens, população economicamente ativa e eleitores com ensino médio e superior, que são decisivos no segundo turno.
4. O que ainda favorece Jerônimo com apoio de Lula
Apesar do desgaste, Lula ainda mantém poder de influência junto a segmentos populares, especialmente:
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Mulheres de baixa renda;
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Eleitores do interior do estado, onde o peso das lideranças locais é determinante;
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Aposentados e beneficiários de programas sociais, sobretudo se o governo federal ampliar benefícios ou obras até 2026.
A depender da capacidade de Lula de recompor sua imagem até o início do ciclo eleitoral, ele pode ainda ser um trunfo, mas não mais uma garantia de vitória automática, como foi em eleições passadas.
Conclusão da análise
Cenário de liderança consolidada e fragilidade petista
A pesquisa do Instituto Paraná confirma a liderança consolidada de ACM Neto na corrida pelo governo da Bahia em 2026, evidenciando um capital político robusto construído desde sua passagem pela Prefeitura de Salvador. Os números revelam uma fragilidade da base petista, com Jerônimo Rodrigues e Rui Costa abaixo da marca de 30% nas intenções de voto, enquanto a rejeição à gestão estadual ultrapassa os 50%.
Embora o PT apresente desempenho mais competitivo na disputa pelo Senado, não há sinal de hegemonia. O cenário indica uma provável reconfiguração das forças políticas locais, em que o recall de antigos gestores pesa mais que os resultados da administração atual. A ausência de nomes viáveis fora do eixo ACM Neto/PT aprofunda a polarização histórica que estrutura a política baiana, dificultando o surgimento de uma terceira via com densidade eleitoral.
A sondagem de julho de 2025 escancara ainda a vulnerabilidade do governador Jerônimo Rodrigues, marcada por baixa percepção de eficiência, falta de protagonismo e desgaste acumulado da marca PT, agravados por uma comunicação institucional pouco eficaz. O resultado é uma imagem pública fragilizada, incapaz, até o momento, de galvanizar apoio popular consistente.
Desafios para a continuidade petista no Executivo baiano
O desempenho do presidente Lula na Bahia, embora ainda expressivo, não garante mais, isoladamente, a sustentação da candidatura de Jerônimo à reeleição. O declínio do prestígio presidencial, combinado com os limites da gestão estadual e um sentimento de esgotamento do modelo petista, impõe obstáculos concretos à continuidade do partido no comando do Executivo.
Para evitar o avanço de um projeto alternativo simbolizado por ACM Neto, Jerônimo precisará urgentemente:
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Fortalecer sua autonomia política e comunicacional;
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Produzir entregas administrativas de alto impacto e visibilidade;
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Reconfigurar sua base de sustentação para além da dependência da figura de Lula.
Sem essas correções de rota, a tendência é que o eleitorado migre em direção a candidaturas mais alinhadas com a expectativa de mudança, eficiência e liderança propositiva — atributos hoje personificados pela candidatura de ACM Neto.
Perfil da amostra reforça representatividade
A sondagem, realizada entre os dias 25 e 29 de julho, ouviu 1.620 eleitores em 66 municípios baianos e apresenta margem de erro de 2,5 pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.
A pesquisa foi conduzida com amostra estratificada por gênero, faixa etária, escolaridade e nível econômico. A maioria dos entrevistados possui até o ensino médio (79,4%) e está inserida na população economicamente ativa (PEA), representando 62,7% do total.
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