Parlamentares da oposição ocuparam, nesta terça-feira (05/08/2025), as mesas diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal em um ato de paralisação total das atividades legislativas. O protesto, liderado por Sóstenes Cavalcante (PL de Alagoas), visa pressionar os presidentes Hugo Motta (Republicanos de Alagoas) e Davi Alcolumbre (União Brasil do Amapá) a reagirem contra o que classificam como “usurpação de prerrogativas constitucionais” por parte do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Oposição declara paralisação total no Congresso
Durante pronunciamento no plenário da Câmara, o deputado federal Sóstenes Cavalcante anunciou o início de uma ação coordenada entre parlamentares da oposição, que assumiram fisicamente as mesas diretoras da Câmara e do Senado. De acordo com o parlamentar, o objetivo é forçar uma resposta imediata dos presidentes das duas casas legislativas frente ao que consideram “escalada autoritária” do Supremo Tribunal Federal, especialmente nas ações conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes.
“Nós estamos começando agora uma ação na Câmara e no Senado, ocupando as duas mesas diretoras e não sairemos de ambas até que os presidentes das casas se reúnam para buscarmos resolver um problema de soberania nacional”, declarou Sóstenes Cavalcante, que discursou da cadeira da presidência da Câmara dos Deputados.
Acusações contra Alexandre de Moraes e crítica à atuação do STF
No pronunciamento, transmitido pelas redes sociais e repercutido por canais de comunicação conservadores, Sóstenes Cavalcante acusou Moraes de retirar prerrogativas constitucionais do Congresso e de agir com motivação política.
“O Congresso Nacional foi emudecido. Está tendo todas as suas prerrogativas retiradas pelo senhor ministro Alexandre de Moraes, que decidiu não respeitar mais a Constituição brasileira”, afirmou.
O deputado foi além, ao dizer que Moraes seria um “violador de direitos humanos nos moldes das práticas condenadas desde a Segunda Guerra Mundial”, e cobrou reação da comunidade internacional. “Os países democráticos do mundo não toleram violadores de direitos humanos”, completou, associando as recentes sanções impostas ao ministro pelos Estados Unidos, com base na Lei Global Magnitsky, à legitimidade das críticas.
Estratégia de ocupação e impasse institucional
A ação dos oposicionistas tem caráter simbólico e disruptivo. Ao ocupar as cadeiras tradicionalmente reservadas aos presidentes da Câmara e do Senado, os parlamentares visam exercer pressão política e institucional sobre Hugo Motta e Davi Alcolumbre, cobrando um posicionamento mais firme diante das ações do Judiciário.
“A oposição na Câmara e no Senado a partir de agora ocupa ambas as mesas e não sairemos daqui até que os presidentes de ambas as casas busquem uma solução para pacificar o Brasil”, afirmou Sóstenes Cavalcante.
Clima de tensão entre os Poderes e reflexos da crise institucional
O protesto ocorre em meio ao agravamento das tensões entre os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, potencializado pela prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes no início desta semana. A medida gerou forte reação política, com atos públicos em várias capitais e manifestações de apoio internacional ao ex-presidente, especialmente por parte de aliados do presidente norte-americano Donald Trump.
Parlamentares da base governista não se pronunciaram oficialmente sobre o episódio até o momento, mas há expectativa de que lideranças convoquem uma reunião de líderes para debater a situação emergencial.
Parlamentares de oposição pedem pacificação e retorno à legalidade
Ao final do discurso, Sóstenes Cavalcante enfatizou que a ocupação não se trata de uma ação contra o Congresso, mas uma tentativa de restaurar seu papel institucional frente ao que classificou como “usurpação de funções” por parte do Judiciário.
“A nossa ação busca a pacificação do Brasil. Mas ela só será possível quando os presidentes das casas reafirmarem sua autoridade diante de quem está violando a Constituição”, concluiu.
Escalada no confronto institucional
A ocupação das mesas diretoras da Câmara e do Senado representa um movimento simbólico inédito no Congresso Nacional, e configura uma escalada no confronto institucional entre Legislativo e Judiciário.
A narrativa adotada pelos oposicionistas encontra respaldo em setores conservadores, mas também levanta questionamentos quanto à legalidade da estratégia e à sua efetividade prática.
A ausência de diálogo entre os Poderes e a crescente judicialização da política acentuam a fragilidade do sistema democrático, com risco de erosão institucional caso não haja uma mediação política de alto nível. A omissão, até o momento, dos presidentes das casas legislativas pode agravar o cenário.
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