Entre 2010 e 2014, foram registrados 3.131 acidentes com elevadores, com 81 mortes, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). A Bahia aparece em destaque no Nordeste, com 70 ocorrências e 14 óbitos, ocupando a 8ª posição nacional.
Os dados mostram uma tendência de crescimento constante. Em 2010, havia 119 casos notificados, número que saltou para 485 em 2020 — um aumento de 307%. O levantamento foi apresentado em reunião na sede do Ministério Público do Trabalho (MPT), com participação de representantes do Corpo de Bombeiros, Crea, Cerest Salvador e Departamento de Polícia Técnica (DPT).
Situação agravada por acidentes recentes
Casos graves em Salvador reforçam a preocupação. Em 2011, nove operários morreram após a queda de um elevador em um edifício no Caminho das Árvores. Em agosto de 2024, dois trabalhadores faleceram quando um elevador despencou em prédio residencial no Horto Florestal. Esses episódios evidenciam falhas de fiscalização e de cumprimento das normas de segurança do trabalho.
O pesquisador Cleber Cremonese, coordenador do estudo, destaca que os números oficiais representam apenas “a pontinha do iceberg”, já que muitos acidentes não chegam a ser notificados formalmente.
Impacto no ambiente de trabalho
O levantamento cruzou dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, revelando que, entre 2010 e 2023, ocorreram 212 mortes relacionadas a elevadores, sendo 65% ligadas ao trabalho. Isso corresponde a 139 óbitos diretamente associados a acidentes ocupacionais.
O procurador do Trabalho Ilan Fonseca afirma que é preciso investigar os fatores estruturais que podem estar na raiz do problema, como a pejotização da mão de obra, a alta rotatividade de técnicos, a falta de capacitação e a pressão por metas excessivas no setor de manutenção predial.
Parcerias institucionais para enfrentar o problema
A cooperação entre Ufba e MPT tem produzido relatórios e mapeamentos que embasam ações fiscais e políticas públicas. Projetos como o Melhor Prevenir promovem inspeções conjuntas, envolvendo órgãos técnicos e pesquisadores. O objetivo é transformar os dados em medidas concretas de prevenção, ampliando a proteção de trabalhadores e usuários.
Segundo Cremonese, a pesquisa busca não apenas dimensionar o problema, mas também oferecer instrumentos para a formulação de estratégias de segurança e fiscalização mais rigorosas, incluindo campanhas educativas e maior exigência de manutenção preventiva nos prédios.
Problema de saúde pública
O levantamento da Ufba mostra que os acidentes com elevadores deixaram de ser um fenômeno isolado para se transformar em um problema de saúde pública e de segurança do trabalho. A ausência de políticas consistentes de fiscalização e a fragilidade na capacitação de profissionais ampliam os riscos, especialmente em grandes centros urbanos. O crescimento expressivo dos casos sugere que a questão não pode ser tratada apenas como responsabilidade de empresas e síndicos, mas como uma agenda nacional de proteção coletiva, que envolve Estado, setor privado e sociedade civil.
Aqui está a organização dos principais dados da reportagem em categorias, para facilitar a leitura e destacar os pontos centrais:
Principais dados
Dados gerais do levantamento
- Período analisado (2010–2014): 3.131 acidentes com elevadores no Brasil
- Mortes registradas no período: 81
- Fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan)
Bahia em destaque
- Número de acidentes (2010–2014): 70
- Mortes no estado: 14
- Posição nacional: 8ª entre os estados com mais registros
Evolução ao longo dos anos
- 2010: 119 acidentes registrados
- 2020: 485 casos
- Crescimento total: 307% (63,8% no acumulado até 2020)
Acidentes emblemáticos em Salvador
- 2011 (Caminho das Árvores): queda de elevador em obra, com 9 operários mortos
- 2024 (Horto Florestal): queda de elevador em prédio residencial, com 2 trabalhadores mortos
Dados de mortalidade (SIM/Ministério da Saúde)
- Período (2010–2023): 212 mortes registradas
- Relação com o trabalho: 139 mortes (65%) ligadas a acidentes ocupacionais
Fatores de risco apontados
- Pejotização da mão de obra
- Alta rotatividade de técnicos
- Metas excessivas
- Baixo nível de capacitação profissional
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