CPMI do INSS: Ex-presidente Alessandro Stefanutto ignorou recomendações da CGU para suspender descontos automáticos

Depoimento de auditora aponta resistência do INSS e prejuízo bilionário a aposentados; Operação Sem Desconto levou à demissão do gestor.
Depoimento de auditora aponta resistência do INSS e prejuízo bilionário a aposentados; Operação Sem Desconto levou à demissão do gestor.

A diretora de Auditoria de Previdência da Controladoria-Geral da União (CGU), Eliane Viegas Mota, afirmou nesta quinta-feira (04/09/2025), em depoimento à CPMI do INSS, que o ex-presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, resistiu em acatar recomendações para suspender descontos associativos automáticos em aposentadorias e pensões. A reunião foi convocada após denúncias de fraudes que desviaram bilhões de reais de beneficiários.

Recomendações da CGU e resistência do INSS

De acordo com Eliane Viegas, a CGU se reuniu com o INSS em julho de 2024 para apresentar dados sobre os descontos indevidos. O levantamento foi baseado em entrevistas com segurados e apontava irregularidades em acordos de cooperação técnica (ACTs) firmados entre o INSS e entidades associativas.

Falta de suspensão dos acordos

Segundo a auditora, Stefanutto questionou a forma de amostragem do relatório e informou que faria uma análise interna antes de decidir pela suspensão dos ACTs. Os descontos continuaram sendo realizados até abril de 2025, quando a Operação Sem Desconto da Polícia Federal resultou no afastamento do presidente do INSS e na suspensão das cobranças.

Operação Sem Desconto e valores desviados

A operação conjunta da CGU e Polícia Federal revelou um esquema no qual associações falsificavam autorizações de aposentados para permitir o desconto de mensalidades. O prejuízo estimado é de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, envolvendo cerca de 7 milhões de beneficiários.

Entidades investigadas

Eliane Viegas destacou que 40 entidades faziam descontos ativos antes da operação e que todas apresentaram algum tipo de inconformidade. A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), maior das associações, recebeu cerca de R$ 3,4 bilhões nos últimos dez anos. Parte dos associados estava registrada em estados diferentes da sede das entidades, o que dificultava a fiscalização.

Reações no colegiado da CPMI

O relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou que todas as entidades mencionadas passarão a ser tratadas como investigadas. Já a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) ponderou que é necessário cuidado para não comprometer instituições com histórico de atuação legítima em defesa de trabalhadores e aposentados.

Crescimento dos descontos

Os dados apresentados pela auditora mostram que os descontos passaram de R$ 387 milhões em 2015 para R$ 3,4 bilhões em 2024, com aumento mais acentuado a partir de 2021. Em 2023, o montante chegou a R$ 1,64 bilhão, dobrando no ano seguinte. Gaspar questionou como esse crescimento não foi detectado antes:

“O que é que fez a curva sair de abaixo de R$ 1 bilhão para quase R$ 4 bilhões em um ano?”, indagou o parlamentar.

*Com informações da Agência Senado.


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