Feira de Santana recebe Aldo Rebelo em evento do agronegócio: ex-ministro critica presidente Lula, avalia eleições de 2026 e defende soberania nacional

Ex-ministro Aldo Rebelo participa do 3º Grande Evento UNAGRO no Cajueiro Convenções e concede entrevista exclusiva ao Jornal Grande Bahia sobre política, economia e soberania nacional.

Neste sábado (06/09/2025), Feira de Santana sediou o 3º Grande Evento UNAGRO, que reuniu produtores, empresários e lideranças políticas no Cajueiro Convenções. Entre os destaques esteve o ex-ministro Aldo Rebelo, convidado especial para tratar da relação entre agronegócio, política e soberania nacional.

Após sua palestra, Rebelo concedeu entrevista exclusiva ao Jornal Grande Bahia, na qual analisou criticamente a conjuntura brasileira e internacional. Ele abordou temas como a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os rumos do governo baiano de Jerônimo Rodrigues, a administração do prefeito José Ronaldo, além de perspectivas eleitorais, o papel de Jair Bolsonaro, a possível anistia aos investigados do 8 de janeiro e os desafios da Constituição de 1988.

A conversa foi marcada por declarações contundentes. Rebelo criticou a “desorientação” da política externa do governo federal, avaliou a dificuldade de Lula para buscar a reeleição, e afirmou que Bolsonaro será um eleitor decisivo em 2026, independentemente de condenações. Também defendeu a tradição brasileira de anistias como instrumentos de pacificação e alertou para a fuga de investimentos provocada por insegurança jurídica e excesso de normas constitucionais.

Avaliação dos governos federal, estadual e municipal

Aldo Rebelo iniciou sua análise avaliando diferentes esferas de governo. Sobre o presidente Lula, o ex-ministro foi categórico:

“É um governo desorientado, basta ver o que acontece na Amazônia com a hostilidade aos agricultores e aos ribeirinhos. A política externa é inconsequente e a economia segue sem perspectiva de crescimento”, declarou.

Na visão de Rebelo, a fragilidade política é outro ponto central. Ele destacou que o governo enfrenta derrotas sucessivas no Congresso, o que coloca em dúvida a capacidade de Lula conduzir o país até o fim do mandato. Segundo ele, “esse conjunto de dificuldades cobrará um custo nas próximas eleições, gerando dúvidas sobre se Lula terá condições de buscar a reeleição”.

Em relação à Bahia, Rebelo avaliou que o governo Jerônimo Rodrigues (PT) “comete erros ao hostilizar investidores, especialmente agricultores, o que enfraquece o ambiente de negócios”. Já sobre José Ronaldo, prefeito de Feira de Santana, reconheceu sua trajetória como gestor habilidoso, embora tenha ressalvado que é cedo para julgar uma gestão ainda em fase inicial.

Cenário eleitoral de 2026 e a disputa entre governo e oposição

O ex-ministro analisou as movimentações em torno da sucessão presidencial. Ele observou que, do lado governista, apenas Lula se apresenta como candidato natural, enquanto na oposição surgem múltiplos nomes.

“Na oposição, só de governadores são cinco pré-candidatos – São Paulo, Minas, Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul. Além disso, há a família Bolsonaro, com Michelle, Eduardo e Flávio entre os cogitados”, afirmou.

Rebelo destacou que a pulverização de nomes na oposição contrasta com a centralização em torno de Lula, mas considerou precipitado prever definições neste momento.

“É muito cedo para se cogitar. Há muitos movimentos ainda por vir que podem determinar esse futuro”, avaliou.

Ele também mencionou a figura de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, apontado como possível candidato de centro-direita. Segundo Rebelo, sua trajetória dependerá da capacidade de consolidar apoios em meio à concorrência interna.

Bolsonaro, julgamento no STF e influência dos EUA

Aldo Rebelo comentou ainda o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal e suas repercussões políticas.

“O Brasil não pode aceitar a interferência dos Estados Unidos no nosso processo eleitoral, nem quando o governo é do presidente Lula, nem quando foi de Bolsonaro”, afirmou.

O ex-ministro lembrou que pressões externas também ocorreram durante o último pleito, quando autoridades norte-americanas acompanharam de perto o processo eleitoral brasileiro. Para ele, essa prática fere a soberania nacional.

“O Brasil deve rejeitar interferência estrangeira em qualquer circunstância”, reforçou.

Apesar das investigações e do julgamento em curso, Rebelo considera que Bolsonaro continuará a ter peso na política nacional.

“Independentemente da sentença que venha a alcançá-lo, ele será um eleitor fundamental em 2026”, disse, ressaltando que o ex-presidente mantém influência decisiva sobre a oposição.

O debate sobre anistia e pacificação nacional

Outro tema abordado foi a possibilidade de anistia aos condenados e investigados pelos atos de 8 de janeiro. Rebelo recordou que a tradição brasileira é buscar na anistia um caminho para pacificação.

“O Brasil sempre procurou na anistia um caminho de convivência. Foi assim no Império, com a paz entre os farrapos e o governo central, e também nos governos Vargas e Figueiredo”, destacou.

Ele citou episódios históricos em que anistias abrangeram tanto opositores políticos quanto envolvidos em levantes armados. Para o ex-ministro, contudo, o atual contexto é mais complexo.

“Hoje a anistia é difícil, porque o clima de confronto impede o acordo entre Congresso, governo, oposição e Supremo”, avaliou.

Na sua visão, a responsabilidade maior para liderar um processo de reconciliação seria do presidente da República.

“Quem tem essa responsabilidade é o Executivo, mas Lula não parece disposto. Por isso vejo dificuldades nesse caminho”, afirmou.

Constituição de 1988 e fuga de investimentos

Ao tratar de economia, Aldo Rebelo resgatou declarações do ex-presidente José Sarney, que, em 1988, alertava para o risco de a Constituição criar um ambiente de desestímulo ao investimento.

“Sarney foi profético. O que ele disse antecipou todos os problemas que vivemos hoje”, afirmou.

Segundo Rebelo, a combinação de normas constitucionais e legislações infraconstitucionais teria criado uma atmosfera de insegurança para empresários e investidores.

“A Constituição e as normas criminalizam o investimento. Além do risco natural do mercado, há o risco jurídico e institucional”, explicou.

Esse cenário, segundo ele, contribui para a fuga de capitais e transferência de domicílio fiscal de empresas brasileiras para países como Paraguai e China, ou até para estados que oferecem condições mais favoráveis.

“Isso gera pessimismo e enfraquece a capacidade de crescimento do país”, concluiu.

Intersecção entre agronegócio, política e soberania nacional

A entrevista de Aldo Rebelo em Feira de Santana reforça a intersecção entre agronegócio, política e soberania nacional. Suas críticas à política externa de Lula, à hostilidade a investidores e à desorganização econômica ecoam preocupações do setor produtivo, especialmente em um evento que buscava projetar os rumos do agronegócio brasileiro.

Ao defender a tradição de anistias e alertar para a fuga de investimentos, Rebelo trouxe ao centro do debate nacional questões de governabilidade, reconciliação institucional e segurança jurídica, temas decisivos para o futuro político e econômico do país.

No 3º Grande Evento UNAGRO, realizado em Feira de Santana em 06/09/2025, o ex-ministro Aldo Rebelo concedeu entrevista exclusiva ao Jornal Grande Bahia. Ele criticou a política externa de Lula, avaliou a gestão baiana e a administração municipal, discutiu a sucessão de 2026, defendeu que Bolsonaro seguirá como ator decisivo, analisou a possibilidade de anistia e alertou para os efeitos da Constituição de 1988 sobre investimentos.
No 3º Grande Evento UNAGRO, realizado em Feira de Santana em 06/09/2025, o ex-ministro Aldo Rebelo palestrou.
No 3º Grande Evento UNAGRO, realizado em Feira de Santana em 06/09/2025, o ex-ministro Aldo Rebelo concedeu entrevista exclusiva ao Jornal Grande Bahia. Ele criticou a política externa de Lula, avaliou a gestão baiana e a administração municipal, discutiu a sucessão de 2026, defendeu que Bolsonaro seguirá como ator decisivo, analisou a possibilidade de anistia e alertou para os efeitos da Constituição de 1988 sobre investimentos.
No 3º Grande Evento UNAGRO, realizado em Feira de Santana em 06/09/2025, o ex-ministro Aldo Rebelo palestrou.

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