O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) intensificou neste mês de setembro de 2025 a ofensiva contra o Google ao pedir que a empresa seja obrigada a vender parte de sua tecnologia de anúncios digitais. O pedido foi apresentado em audiência conduzida pela juíza Leonie M. Brinkema, no Tribunal Distrital do Leste da Virgínia, como parte do processo em que a empresa já foi considerada monopolista no setor.
O governo defende que apenas um desinvestimento estrutural, como a venda da ad exchange (plataforma que conecta sites e anunciantes), seria capaz de corrigir os desequilíbrios do mercado. “Nada menos que isso trará mudanças significativas”, afirmou a procuradora Julia Tarver Wood.
A defesa do Google
Os advogados da empresa, liderados por Karen Dunn, alegaram que a proposta governamental é “radical e imprudente”. Em vez do desmembramento, o Google sugere medidas mais brandas, como abrir seu software a concorrentes e alterar regras dos leilões de anúncios que, segundo rivais, beneficiavam a companhia.
De acordo com a defesa, tais mudanças seriam “proporcionais à complexidade do sistema de publicidade digital” e atenderiam às exigências legais sem comprometer a estabilidade do setor.
A decisão que pode redefinir o setor de tecnologia
Em abril deste ano, Brinkema já havia decidido que o Google construiu um monopólio sobre as ferramentas usadas por sites para vender espaço publicitário e sobre o software que conecta plataformas a compradores. O governo, contudo, não conseguiu comprovar monopólio sobre as ferramentas utilizadas por anunciantes.
A audiência atual, que deve se estender por até três semanas, busca definir os remédios jurídicos (remedies) adequados para corrigir a conduta anticompetitiva. A expectativa é que a decisão seja anunciada nos próximos meses.
Histórico recente de processos contra big techs
O caso ocorre em meio a uma série de ações judiciais movidas pelo governo americano contra gigantes da tecnologia:
- Google já escapou, neste mês, de um desmembramento no caso de seu monopólio em buscas na internet. A Justiça determinou ajustes em contratos e o compartilhamento de resultados com rivais, mas não obrigou a venda do navegador Chrome.
- Meta enfrenta processo da Comissão Federal de Comércio (FTC), que a acusa de eliminar concorrentes emergentes ao adquirir Instagram e WhatsApp.
- Amazon e Apple também respondem a ações relacionadas a práticas antitruste.
Especialistas avaliam que a decisão de Brinkema terá impacto direto sobre o poder do Estado em conter abusos de mercado no setor de tecnologia.
A visão de especialistas
Para Bill Kovacic, ex-presidente da FTC, a juíza tem espaço para adotar medidas mais duras. “Ela pode ir além do que vimos até agora”, declarou. Segundo ele, os resultados desses casos indicarão até que ponto os tribunais estão dispostos a enfrentar o poder concentrado das big techs.
Entre governo e gigantes da tecnologi
O processo contra o Google simboliza o teste de força entre governo e gigantes da tecnologia, em um momento em que a concentração de mercado é alvo de crescente debate político e econômico. Embora a empresa alegue que soluções moderadas preservam a inovação, o argumento governamental parte da constatação de que ajustes superficiais não alteram estruturas de poder consolidadas. A decisão de Brinkema, portanto, não se restringirá ao Google, mas funcionará como um marco regulatório de alcance global, influenciando a forma como democracias enfrentam desafios antitruste no setor digital.

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