Meta negocia licenciamento de notícias para inteligência artificial, diz WSJ

A Meta, dona de Facebook, Instagram e WhatsApp, iniciou negociações com grupos de mídia como News Corp, Fox e Axel Springer para licenciar notícias em projetos de inteligência artificial. A medida reverte a decisão de 2022, quando a empresa encerrou pagamentos a veículos jornalísticos. O movimento ocorre em meio a pressões regulatórias contra o uso indevido de conteúdo e à necessidade de competir com empresas como OpenAI e Perplexity.
A Meta, controladora de Facebook, Instagram e WhatsApp, avalia acordos de licenciamento com grupos de mídia internacionais, incluindo News Corp e Axel Springer, para uso de notícias em ferramentas de inteligência artificial.

A Meta, empresa controlada por Mark Zuckerberg e responsável por Facebook, Instagram e WhatsApp, iniciou conversas com grandes grupos de mídia para licenciar notícias e conteúdos jornalísticos destinados às suas ferramentas de inteligência artificial (IA). A informação foi revelada pelo Wall Street Journal (WSJ) nesta quinta-feira (18/09/2025).

De acordo com a publicação, empresas como Fox, News Corp e Axel Springer participam das negociações. Algumas tratativas ainda estão em fase preliminar e podem não resultar em contratos formais, mas representam uma mudança de postura da Meta em relação ao jornalismo.

Mudança de estratégia em relação ao jornalismo

Nos últimos anos, a Meta reduziu investimentos em acordos com veículos de imprensa. Entre 2019 e 2021, a companhia pagou dezenas de milhões de dólares para incluir conteúdos de veículos como The New York Times, Washington Post e o próprio WSJ em sua aba de notícias.

Em 2022, porém, a empresa anunciou que deixaria de remunerar publicações jornalísticas, decisão que resultou em queda significativa de tráfego do Facebook para diversos veículos. Nos últimos meses, alguns editores relatam que perceberam um aumento moderado no tráfego, sugerindo ajustes no algoritmo da plataforma.

Contexto regulatório e disputas sobre scraping

O WSJ também destacou que editoras enfrentam a prática de scraping, em que rastreadores de IA acessam sites jornalísticos sem autorização ou pagamento. A questão já motivou denúncias formais de empresas de mídia nos Estados Unidos, União Europeia, Austrália e América do Sul contra as big techs.

O tema ganhou força diante da expansão de ferramentas generativas, que utilizam grandes volumes de dados jornalísticos para treinar modelos de IA, frequentemente sem compensação financeira aos produtores originais.

Iniciativas e concorrência no mercado de IA

Paralelamente, a Meta concentra esforços em sua divisão de pesquisa Superintelligence Labs, responsável pelo desenvolvimento de modelos como o Llama 4. O desempenho abaixo do esperado da tecnologia e a saída de engenheiros experientes fragilizaram a estratégia da companhia.

Em outubro de 2024, a Meta assinou um acordo de licenciamento de conteúdos com a agência britânica Reuters, mas as novas negociações sinalizam interesse em acordos mais amplos com editoras globais. Outras empresas, como OpenAI (criadora do ChatGPT) e a Perplexity AI, já firmaram parcerias semelhantes, estabelecendo um padrão de mercado.

Reversão estratégica

A retomada das conversas da Meta com editoras revela uma reversão estratégica diante da crescente pressão regulatória e da concorrência de outras empresas de IA que já avançaram em acordos de licenciamento. O movimento mostra que, embora o jornalismo tenha perdido espaço nas plataformas digitais da companhia, ainda é considerado ativo essencial para o treinamento de modelos e credibilidade dos sistemas de IA. O impasse, no entanto, permanece: até que ponto as editoras conseguirão garantir remuneração justa e evitar práticas de scraping sem regulação global efetiva?


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