Nos últimos 12 meses, a cada 11 minutos, um consumidor registrou uma queixa contra a Neoenergia em órgãos de defesa do consumidor. A empresa, responsável pela distribuição de energia em 18 estados e no Distrito Federal, acumulou 48.042 reclamações formais em três canais oficiais: 28.471 na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), 14.275 no site Reclame Aqui e 5.296 na plataforma consumidor.gov.
A Neoenergia, controlada pelo grupo espanhol Iberdrola, reúne cinco subsidiárias no Brasil: Coelba (BA), Cosern (RN), Pernambuco (PE), Elektro (SP e MS) e Brasília (DF).
No Reclame Aqui, os registros aparecem somados para todas as companhias, o que impossibilita a distinção de cada unidade. Já no sistema da Aneel, os dados são discriminados: a Neoenergia Coelba, que atende municípios da Bahia, liderou o ranking com 13.658 queixas.
Principais problemas relatados pelos consumidores
Os clientes relataram principalmente:
- Falta de energia em áreas urbanas e rurais
- Oscilação de tensão que compromete equipamentos
- Demora na extensão de rede elétrica
- Cobranças irregulares e erros de medição, segundo registros no consumidor.gov
A Neoenergia Coelba também se destacou negativamente como a distribuidora com mais queixas na plataforma do governo federal.
Defesa da empresa diante dos números
Em nota, a Neoenergia afirmou que é a maior distribuidora de energia elétrica do país em número de clientes, atendendo cerca de 17 milhões de consumidores, o equivalente a 40 milhões de pessoas.
A empresa destacou que as 48 mil reclamações representam apenas 0,28% da base total de clientes, e alegou que um mesmo consumidor pode registrar mais de uma queixa, o que gera duplicidade nos dados. Também ressaltou que parte dos registros é considerada improcedente pelos órgãos reguladores.
A companhia afirmou ainda que investiu R$ 9,8 bilhões em 2024 na modernização e expansão da rede, consolidando-se como a maior investidora em infraestrutura do setor elétrico no Brasil.
Falhas estruturais
Os números revelam um dilema recorrente no setor elétrico brasileiro: o descompasso entre o volume de investimentos anunciados e a percepção de qualidade do serviço entregue à população. Embora a Neoenergia alegue índices baixos em relação ao total de clientes, a frequência das queixas — uma a cada 11 minutos — evidencia falhas estruturais.
O caso reforça a necessidade de maior transparência na avaliação de desempenho das concessionárias, de rigor regulatório da Aneel e de mecanismos mais eficientes de resposta ao consumidor, sobretudo em regiões críticas como a Bahia. A disparidade entre os números divulgados pela empresa e a experiência prática dos clientes acende um alerta para o debate sobre eficiência, governança e o papel das estatais e multinacionais no setor energético nacional.
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