Operação Grilagem S.A. prende oito em Salvador, Candeias e Camaçari por esquema de terras, corrupção e falsificação de documentos

A “Operação Grilagem S.A.” prendeu oito pessoas nesta quinta-feira (04/09/2025) em Salvador, Candeias e Camaçari. Entre os investigados estão quatro policiais e dois empresários, acusados de integrar rede criminosa especializada em grilagem de terras. A ação é um desdobramento da “Operação Crickets” e já resultou em denúncia aceita pelo TJBA. O grupo atuava em cinco etapas, da invasão à venda de imóveis, com uso de violência e documentos falsos.
Ação conjunta do MPBA e da SSP cumpre mandados de prisão e busca em Salvador, Candeias e Camaçari, desarticulando grupo criminoso acusado de grilagem de terras e corrupção.

Na manhã desta quinta-feira (04/09/2025), uma ação coordenada entre o Ministério Público da Bahia (MPBA) e a Secretaria de Segurança Pública (SSP) resultou na prisão de oito pessoas em Salvador, Candeias e Camaçari. A chamada “Operação Grilagem S.A.” tem como foco desarticular um grupo criminoso especializado na apropriação indevida de terras urbanas e rurais, conhecido popularmente como grilagem. Além das prisões, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão.

Entre os presos, estão quatro policiais acusados de utilizar suas funções para facilitar as ações ilegais do grupo. Dois empresários também foram alvo da operação, sendo que um deles foi preso em flagrante. As investigações apontam que esses agentes públicos e privados colaboravam diretamente para garantir a impunidade do esquema.

A operação integra a terceira fase da “Operação Crickets”, iniciada em 2022, e envolveu equipes do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), da Força Correcional Especial Integrada da Corregedoria Geral (Force) da SSP e das Corregedorias das Polícias Militar e Civil.

Estrutura e modus operandi do grupo

De acordo com as apurações conduzidas pelo Gaeco, a organização criminosa atuava de maneira estruturada em cinco etapas principais:

  1. Identificação e invasão de terrenos;
  2. Afastamento de opositores por meio de violência e intimidação;
  3. Construção de edificações para consolidar a ocupação;
  4. Falsificação de documentos e regularização fraudulenta da posse;
  5. Venda dos imóveis a terceiros de boa-fé.

Esse modelo de atuação permitia ao grupo movimentar valores expressivos, explorando a vulnerabilidade de terrenos sem documentação definitiva e contando com o apoio de servidores e policiais para legitimar os atos.

Denúncias já apresentadas à Justiça

A “Operação Grilagem S.A.” é um desdobramento da “Operação Crickets”, deflagrada em março de 2022. O trabalho do MPBA já resultou em denúncia criminal aceita pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), em processo que tramita sob segredo de Justiça.

Segundo a acusação, o grupo manipulava processos administrativos e registros públicos para dar aparência de legalidade às invasões, envolvendo servidores e agentes de segurança em práticas de corrupção ativa e passiva.

Gravidade do problema da grilagem

A prisão de policiais e empresários na “Operação Grilagem S.A.” evidencia o grau de infiltração do crime organizado em setores do Estado. A utilização da máquina pública para regularizar terras de forma fraudulenta reforça a gravidade do problema da grilagem na Bahia e no Brasil, fenômeno que ameaça tanto a segurança jurídica da propriedade privada quanto a gestão do território urbano e rural. O desdobramento judicial será determinante para medir a eficácia do enfrentamento a esse tipo de crime, frequentemente marcado pela impunidade histórica e por esquemas de corrupção institucionalizada.


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