O Partido Liberal (PL), presidido por Valdemar Costa Neto e que tem como principal liderança nacional o ex-presidente Jair Bolsonaro, anunciou oficialmente o apoio à pré-candidatura de ACM Neto ao governo da Bahia nas eleições de 2026. Paralelamente, a legenda negocia uma aliança no Ceará com Ciro Gomes, que avalia disputar novamente o governo estadual.
Segundo declaração de Valdemar ao portal Terra, “Neto deve ser candidato e terá apoio do PL”. A articulação com Ciro Gomes, por sua vez, ainda depende de confirmação oficial, mas é considerada provável caso o pedetista formalize sua candidatura no Ceará.
Confronto com a hegemonia petista
As movimentações têm como objetivo central enfraquecer o domínio histórico do PT no Nordeste, região em que o partido construiu bases eleitorais sólidas desde os governos de Luiz Inácio Lula da Silva. Na Bahia, o PT governa de forma ininterrupta desde 2007, enquanto no Ceará a sigla mantém influência por meio de alianças com partidos da base progressista.
A aposta do PL é consolidar palanques competitivos em dois dos maiores colégios eleitorais do Nordeste. Para Valdemar, trata-se de uma tentativa de “construir uma base real na região”, embora reconheça as dificuldades para reverter a vantagem petista.
ACM Neto na Bahia
ACM Neto, ex-prefeito de Salvador e herdeiro de uma das famílias políticas mais tradicionais do Nordeste, retorna ao cenário estadual após ter sido derrotado na eleição de 2022 para o governo da Bahia. Seu avô, Antônio Carlos Magalhães, e seu pai, Luiz Eduardo Magalhães, ocuparam cargos de destaque, incluindo mandatos de governador e senador.
O apoio do PL representa um reforço estratégico para Neto, que busca ampliar sua base eleitoral e oferecer uma alternativa à continuidade da gestão petista no estado. A expectativa é que sua candidatura atraia também setores independentes e partidos de centro-direita.
Ciro Gomes no Ceará
No Ceará, o curral eleitoral de Ciro Gomes permanece significativo, ainda que limitado frente ao desempenho do PT. Nas eleições presidenciais de 2022, o pedetista obteve no estado sua melhor votação proporcional, com 6,8% dos votos válidos, mas ainda assim foi derrotado por Lula em todos os 184 municípios cearenses.
O eventual alinhamento entre PL e PDT no Ceará poderia redesenhar o mapa político local, uma vez que aproximaria legendas historicamente posicionadas em campos distintos. Para Ciro, a aliança serviria como tentativa de preservar espaço político em seu reduto e ampliar sua relevância nacional.
Desafios para a consolidação das alianças
Apesar do anúncio, a construção de palanques oposicionistas no Nordeste enfrenta obstáculos. A força do PT na região é sustentada por programas sociais de ampla capilaridade, além da influência de lideranças estaduais consolidadas. O desafio do PL será transformar o apoio a ACM Neto e Ciro Gomes em candidaturas viáveis diante de um eleitorado que, historicamente, tem se mostrado resistente a forças de direita.
Além disso, as alianças propostas colocam em pauta a necessidade de negociações complexas entre partidos com trajetórias divergentes, exigindo articulação política cuidadosa para evitar rupturas internas.
Movimento estratégico
A decisão do PL de investir em candidaturas regionais de peso revela um movimento estratégico para ampliar sua presença além do eixo Sul-Sudeste, onde já consolidou musculatura política. Contudo, ao buscar alianças com perfis tão distintos – como ACM Neto, de centro-direita tradicional, e Ciro Gomes, um crítico histórico do bolsonarismo –, o partido de Valdemar Costa Neto enfrenta o dilema da coerência política. A aposta pode reforçar sua presença no Nordeste, mas também expõe contradições que poderão ser exploradas pelo PT e aliados durante a campanha.
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