A Polícia Federal (PF) prendeu preventivamente nesta quarta-feira (17/09/2025) o diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM), Caio Mário Trivellato Seabra Filho, e o ex-diretor da PF e atual diretor de Administração e Finanças do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Rodrigo de Melo Teixeira. As prisões ocorreram no âmbito da Operação Rejeito, desencadeada em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU), para investigar supostas fraudes no processo de autorização de exploração de minério de ferro em Minas Gerais.
Além das prisões, foram cumpridos 79 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça Federal, que também determinou o afastamento cautelar de servidores públicos investigados.
Histórico dos investigados
Trivellato, advogado com especialização em direito ambiental, ocupou cargos estratégicos na ANM desde 2020, incluindo a Superintendência de Ordenamento Mineral. Em 2023, assumiu interinamente a diretoria da agência e, no fim do mesmo ano, foi reconduzido ao colegiado.
Rodrigo Teixeira ingressou na PF em 1999, exerceu funções de liderança, como a Superintendência em Minas Gerais, e chefiou a Diretoria de Polícia Administrativa em 2023. Também atuou em cargos de gestão pública no governo mineiro e na Prefeitura de Belo Horizonte.
Acusações e possíveis crimes
De acordo com a PF, os investigados fraudavam licenças ambientais e autorizações minerais para permitir a exploração irregular de minério de ferro em áreas tombadas e próximas a zonas de preservação. O esquema teria causado graves danos ambientais e elevado risco de desastres sociais e humanos.
Os envolvidos responderão por crimes ambientais, usurpação de bens da União, corrupção ativa e passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e embaraço às investigações. Estima-se que o grupo tenha movimentado R$ 1,5 bilhão com as atividades ilegais, valor equivalente ao bloqueio de bens determinado pela Justiça Federal.
Estrutura do esquema e alvos
Segundo a investigação, a organização criminosa atuava para neutralizar ações do Estado, corromper servidores e dificultar a fiscalização. Também empregava métodos de lavagem de dinheiro por meio de empresas de fachada e participações societárias.
Entre os alvos da operação estão 20 investigados com prisão preventiva decretada, além de empresas e pessoas físicas com patrimônio bloqueado em até R$ 1,04 bilhão. A lista inclui companhias de mineração, consultorias ambientais e sociedades de participações, demonstrando a abrangência da rede empresarial envolvida.
Reações institucionais
A Agência Nacional de Mineração informou, em nota, que tomou conhecimento da operação pela imprensa e que ainda não recebeu comunicação oficial sobre medidas judiciais contra servidores. Destacou que mantém compromisso de colaboração com as autoridades, desde que garantida a continuidade das atividades regulatórias.
O Serviço Geológico do Brasil (SGB) também divulgou nota afirmando não comentar processos em andamento, mas reiterando o compromisso com ética, legalidade e transparência.
Análise crítica
O caso revela a fragilidade estrutural do sistema de licenciamento mineral e ambiental no Brasil, marcado por sobreposição de órgãos e pressões políticas. A presença de altos dirigentes da ANM e do SGB entre os alvos amplia a gravidade da investigação, pois compromete a credibilidade de instituições responsáveis pela regulação e fiscalização da mineração.
Embora a operação represente um avanço no combate à corrupção, resta saber se o bloqueio de bens e as prisões preventivas serão suficientes para desarticular o esquema e evitar novos danos ambientais. O episódio expõe, mais uma vez, a necessidade de reformas profundas no setor mineral, com maior transparência, fiscalização efetiva e responsabilização de servidores de alto escalão.
Principais Dados da Operação Rejeito
1. Prisões
- Caio Mário Trivellato Seabra Filho – Diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM).
- Rodrigo de Melo Teixeira – Ex-diretor da PF e atual diretor de Administração e Finanças do Serviço Geológico do Brasil (SGB).
- Outros 20 investigados também tiveram prisão preventiva decretada.
2. Mandados e medidas judiciais
- 79 mandados de busca e apreensão.
- Afastamento cautelar de servidores públicos investigados.
- Bloqueio de R$ 1,5 bilhão em bens de pessoas físicas e jurídicas.
3. Crimes investigados
- Crimes ambientais.
- Usurpação de bens da União.
- Corrupção ativa e passiva.
- Organização criminosa.
- Lavagem de dinheiro.
- Embaraço às investigações.
4. Modus operandi
- Fraude em licenças ambientais e autorizações minerais.
- Exploração irregular de minério de ferro em áreas tombadas e de preservação.
- Corrupção de servidores públicos em órgãos estaduais e federais.
- Atuação para dificultar investigações e monitorar autoridades.
- Lavagem de dinheiro via empresas de fachada e participações societárias.
5. Estrutura empresarial envolvida
- Empresas de mineração.
- Consultorias ambientais.
- Sociedades de participações.
- Escritórios de advocacia e empresas de fachada.
6. Histórico dos principais investigados
- Caio Mário Trivellato Seabra Filho: advogado especialista em direito ambiental, atuou na ANM desde 2020; em 2023 assumiu interinamente a diretoria e foi reconduzido em dezembro.
- Rodrigo de Melo Teixeira: ingressou na PF em 1999; chefiou a Superintendência em Minas Gerais (2018); foi secretário adjunto de Segurança de BH (2019-2022) e diretor de Polícia Administrativa da PF (2023).
7. Reações institucionais
- ANM: informou que ainda não foi comunicada oficialmente e reafirmou compromisso com a legalidade e colaboração.
- SGB: declarou não comentar investigações em andamento, mas destacou compromisso com ética e transparência.
*Com informações da Revista Veja.

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