O prefeito de Juazeiro, Andrei Gonçalves, foi convidado a participar da Conferência Nacional de Prefeitos dos Estados Unidos, em Oklahoma, neste mês de setembro de 2025. Ele será o único representante das regiões Norte e Nordeste do Brasil no evento, que reunirá autoridades para debater os impactos do tarifaço de Donald Trump sobre exportações brasileiras.
O convite partiu de lideranças norte-americanas, e a conferência, que tradicionalmente aborda temas como habitação e segurança pública, terá em 2025 um eixo especial dedicado às tarifas impostas pelos EUA. A meta é construir uma carta conjunta de prefeitos brasileiros e norte-americanos, buscando ações cooperativas contra os prejuízos causados às economias locais.
Além de Andrei Gonçalves, o Brasil será representado por Anderson Farias, prefeito de São José dos Campos (SP), onde está a sede da Embraer, e Alexandre Ferreira, prefeito de Franca (SP), importante polo exportador de calçados para os Estados Unidos. O encontro reunirá cerca de 30 a 40 prefeitos norte-americanos, além de representantes da Frente Nacional de Prefeitos (FNP).
Juazeiro e o Vale do São Francisco em risco
O prefeito de Juazeiro destacou que o aumento tarifário ameaça diretamente a cadeia produtiva de frutas do Vale do São Francisco, responsável, junto com Petrolina (PE), por mais de 90% das exportações nacionais de manga e uva.
“O tarifaço imposto pelos Estados Unidos ameaça esse ecossistema produtivo, com risco de queda de até 70% nas exportações, o que pode trazer repercussões sociais e econômicas significativas”, declarou Andrei Gonçalves.
Segundo ele, o impacto vai além das negociações comerciais, podendo redefinir cadeias produtivas e afetar profundamente o equilíbrio socioeconômico da região.
Interior nordestino no comércio global
Para o prefeito, o convite simboliza o reconhecimento da força estratégica do interior nordestino no mercado internacional.
“Ao ocuparmos esse espaço, o sertão nordestino como um todo demonstra sua força como polo agroexportador e se coloca como voz ativa nas decisões que impactam o comércio global de frutas”, afirmou Gonçalves.
Já o secretário-executivo da FNP, Gilberto Perre, ressaltou que a aproximação entre prefeitos brasileiros e norte-americanos amplia a capacidade de pressão política:
“É fundamental que os governos negociem o fim desse impasse, levando em consideração as necessidades das cidades”, destacou.
Estratégias para mitigar perdas
Enquanto as negociações avançam, parte da produção de Juazeiro já busca alternativas. Produtores ampliam a presença no mercado interno e prospectam novos destinos internacionais para reduzir a dependência do mercado norte-americano.
A expectativa é que o encontro em Oklahoma abra novas frentes de cooperação internacional e auxilie na construção de uma agenda conjunta para minimizar os efeitos das tarifas no curto prazo, ao mesmo tempo em que fortalece a rede global de cidades agroexportadoras.
Tarifaço extrapola a esfera federal
A presença de Andrei Gonçalves na conferência revela como o tarifaço de Trump extrapola a esfera federal, atingindo diretamente economias regionais e a sobrevivência de pequenos e médios produtores. O caso de Juazeiro exemplifica a vulnerabilidade de cadeias produtivas fortemente dependentes de um único mercado. A mobilização municipal sugere uma nova dimensão da diplomacia internacional, onde cidades e prefeitos emergem como atores relevantes diante da incerteza geopolítica e da fragilidade das negociações entre governos nacionais.
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