Presidente Emmanuel Macron nomeia Sébastien Lecornu primeiro-ministro da França em meio a crise política, dívida recorde e protestos nacionais

Sébastien Lecornu assume como novo primeiro-ministro da França em meio a crise política e econômica.
Emmanuel Macron nomeia Sébastien Lecornu, ex-ministro da Defesa, como novo primeiro-ministro após a queda de François Bayrou, em meio a protestos e instabilidade política.

O presidente Emmanuel Macron anunciou, nesta terça-feira (09/09/2025), a nomeação de Sébastien Lecornu, ex-ministro das Forças Armadas, como novo primeiro-ministro da França. Aos 39 anos, Lecornu assume após a renúncia de François Bayrou, que perdeu um voto de confiança na Assembleia Nacional. A escolha reflete a tentativa do governo de conter a crise política e econômica que abala o país desde as eleições legislativas de 2024.

Segundo comunicado do Palácio do Eliseu, Lecornu foi encarregado de consultar os partidos para “construir os acordos indispensáveis às decisões dos próximos meses”. Ele deverá apresentar ao presidente a composição do novo gabinete, em um esforço para evitar nova dissolução da Assembleia.

Desafios imediatos e contexto político

A nomeação ocorre em meio a um cenário delicado: dívida pública em 114% do PIB, tentativas frustradas de aprovar cortes orçamentários de €44 bilhões e forte polarização política. O antecessor, Bayrou, enfrentou forte resistência após propor a redução de dois feriados nacionais, medida rejeitada pela opinião pública e pela oposição.

Lecornu será o sétimo primeiro-ministro do governo Macron, e o quinto desde o início do segundo mandato, em 2022. Sua nomeação sucede uma série de mudanças em Matignon, após a passagem de Élisabeth Borne, Gabriel Attal, Michel Barnier e Bayrou.

A transmissão de cargo ocorreu nesta quarta-feira (10/09/2025), em uma cerimônia rápida, marcada pela promessa do novo premiê de adotar “humildade e sobriedade” para reconectar a política à vida real da população. Paralelamente, milhares de manifestantes participaram de atos sob o lema “Vamos bloquear tudo”, convocados por centrais sindicais e partidos de esquerda.

A ascensão de Lecornu

Ex-senador pela Normandia, Lecornu integra o núcleo duro do macronismo desde 2017. Foi ministro de pastas estratégicas e, mais recentemente, chefiou o Ministério das Forças Armadas, cargo sensível em plena guerra na Ucrânia. Sua proximidade com Macron e seu trânsito entre diferentes correntes da direita francesa o consolidaram como figura-chave no Executivo.

Apesar da relevância, Lecornu ainda é pouco conhecido pela maioria dos franceses, o que representa tanto um desafio quanto uma oportunidade de se projetar como liderança nacional. Em sua primeira declaração oficial, afirmou que não existem “caminhos impossíveis” para superar a crise, prometendo criatividade e diálogo com a oposição.

Reações políticas e sociais

A escolha de Lecornu foi bem recebida pela direita conservadora, mas gerou críticas contundentes da esquerda e da extrema direita.

  • Marine Le Pen (Reunião Nacional) classificou a nomeação como “o último tiro do macronismo”.
  • Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa) chamou o processo de “triste comédia”.
  • Olivier Faure (Partido Socialista) afirmou que “Lecornu no governo é Macron no governo”, criticando a ausência de renovação.

Essas reações indicam que o novo premiê terá de negociar intensamente para aprovar o orçamento de 2026 e evitar novos impasses parlamentares, em um país marcado pela fragmentação e pela contestação social.

Aposta na lealdade

A escolha de Sébastien Lecornu sintetiza a estratégia de Macron de apostar na lealdade e na disciplina política, diante da instabilidade institucional. Entretanto, a sucessão constante de primeiros-ministros enfraquece a imagem de estabilidade do Executivo francês.

A França enfrenta simultaneamente pressões sociais, fragilidade orçamentária e polarização ideológica, elementos que dificultam a governabilidade. Lecornu, apesar de jovem e experiente nos bastidores, terá de se afirmar diante de uma população cética e de uma Assembleia fragmentada. Seu desafio será conciliar austeridade fiscal com demandas populares crescentes, sem agravar a tensão entre governo e sociedade.


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