Renda de Bilro de Saubara conquista Indicação Geográfica e inaugura marco histórico para o artesanato baiano

Reconhecimento do INPI garante a primeira Indicação Geográfica artesanal da Bahia, valorizando o trabalho das rendeiras e fortalecendo a economia local.

O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) concedeu nesta terça-feira (12/08/2025) à tradicional Renda de Bilro de Saubara (BA) a Indicação Geográfica (IG) na categoria Indicação de Procedência (IP). A decisão, publicada na Revista da Propriedade Industrial (RPI nº 2849), marca um momento histórico: trata-se da primeira IG artesanal reconhecida no estado da Bahia.

Com este registro, o Brasil passa a contar com 150 Indicações Geográficas: 109 IPs nacionais e 41 Denominações de Origem, das quais 31 são nacionais e 10 estrangeiras.

Identidade cultural e impacto econômico

A renda de bilro de Saubara é mais do que uma técnica manual: é um patrimônio cultural transmitido de geração em geração, fortemente enraizado na identidade da comunidade local. Além de sua relevância simbólica, o reconhecimento traz novas oportunidades econômicas, estimulando o turismo, fortalecendo a comercialização e assegurando a autenticidade do produto.

Maria do Carmo Amorim, mestra rendeira que integra a quarta geração de uma família dedicada ao ofício, destacou o impacto da conquista:

Esperamos muito tempo por isso. Agora, com esse selo, nosso trabalho ganha visibilidade e valor. Saímos do anonimato e passamos a viver dias de mais reconhecimento e esperança”.

Políticas públicas e fortalecimento da produção

A Coordenação de Fomento ao Artesanato da Bahia (CFA) ressaltou o peso da decisão. Segundo Lívia Gabrielli, arquiteta da instituição, as IGs desempenham papel fundamental na preservação de tradições e no desenvolvimento territorial: “Elas não apenas estruturam a atividade para o mercado e geram renda, mas também combatem falsificações e elevam a qualidade dos produtos artesanais”.

O processo da renda de bilro local se distingue pela produção 100% manual, utilizando bilros de madeira, almofadas com folhas de bananeira e guias de papel. O artesanato já conquistou repercussão internacional, com peças exportadas para a Europa em parcerias históricas.

Cooperação institucional e projeção nacional

A conquista foi fruto de um trabalho coletivo entre rendeiras, associações, órgãos estaduais e entidades nacionais. Waleska da Costa, coordenadora do Fórum Baiano de Indicações Geográficas e Marcas Coletivas, destacou: “Este reconhecimento reflete a força de uma comunidade guardiã de saberes e tradições, ao mesmo tempo em que abre novas oportunidades de desenvolvimento econômico sustentável”.

Com a nova certificação, a Bahia entra oficialmente no mapa das Indicações Geográficas artesanais, consolidando a renda de bilro de Saubara como símbolo de identidade, resistência cultural e motor de desenvolvimento local.

Indicação Geográfica

O registro da Renda de Bilro de Saubara como Indicação Geográfica representa mais que um título burocrático: é uma vitória cultural, econômica e social. A medida amplia a visibilidade do artesanato baiano, fortalece políticas públicas voltadas à economia criativa e contribui para a preservação de saberes tradicionais ameaçados pela modernização. O desafio agora é garantir que o reconhecimento se traduza em sustentabilidade real para as rendeiras, com políticas consistentes de incentivo, acesso a mercados e proteção contra exploração comercial indevida.


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