Tarifaço dos EUA derruba exportações baianas: setores estratégicos recuam, produtos são interrompidos e FIEB alerta para incertezas

A análise da FIEB mostra que o tarifaço dos Estados Unidos já traz efeitos sobre as exportações baianas, com queda de quase 20% no total exportado e redução de 42,8% nos produtos sobretaxados. Setores como químicos, metalúrgicos e alimentícios foram os mais atingidos, com interrupção total em seis produtos-chave. Apesar de exceções pontuais, como mangas e pneus, o cenário exige cautela e depende da revisão da lista de isentos.
FIEB avalia primeiros efeitos do tarifaço dos EUA sobre as exportações baianas: queda de 19,4% no total, retração em setores estratégicos e incerteza diante da revisão da lista de isentos.

Os primeiros efeitos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos começam a se refletir nas exportações da Bahia. De acordo com estudo divulgado pela Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), embora as vendas para o mercado americano tenham apresentado resiliência inicial, os dados revelam impactos expressivos em setores estratégicos da economia estadual, sobretudo entre os produtos que foram sobretaxados.

Entre julho e agosto de 2025, as exportações totais da Bahia caíram 19,4%, passando de US$ 934,6 milhões para US$ 753,7 milhões. No mesmo período, as vendas para os Estados Unidos subiram 9,8%, alcançando US$ 64,1 milhões. O aumento, porém, foi sustentado por produtos não incluídos na lista de sobretaxa, cujas exportações cresceram 136,7%. Já os itens atingidos diretamente pela medida registraram queda de 42,8%.

Setores mais atingidos

A análise da FIEB mostra que os setores químico/petroquímico, metalúrgico e de alimentos estão entre os mais prejudicados. Produtos como manteiga de cacau, celulose, magnésia calcinada, ferroligas e calçados foram impactados negativamente, enquanto butadieno não saturado e ferrosilício deixaram de ser exportados para os EUA.

Segundo a entidade, seis dos principais produtos baianos tiveram suas exportações totalmente interrompidas após a imposição da tarifa, evidenciando a gravidade do impacto para cadeias produtivas relevantes.

Casos de exceção e antecipação

Curiosamente, alguns itens que também foram sobretaxados, como mangas e pneus para ônibus, apresentaram aumento nas vendas externas. A FIEB aponta que essa movimentação pode estar relacionada a uma estratégia de antecipação de embarques, aproveitando-se do intervalo entre o anúncio do tarifaço, em julho, e sua entrada em vigor, em 6 de agosto.

Comparação anual reforça queda

O estudo também avaliou os números em perspectiva anual. Comparando agosto de 2025 com agosto de 2024, as exportações totais da Bahia recuaram 35,7%, enquanto as destinadas aos Estados Unidos caíram 11,6%. Nos produtos sobretaxados, a retração foi de 22%, contra uma queda mais moderada de 4,2% nos itens livres da tarifa.

Cenário de incertezas

A FIEB adverte que ainda é cedo para mensurar de forma definitiva os impactos do tarifaço. A análise destaca que exportadores e compradores americanos podem ter adotado estratégias de adaptação desde o anúncio da medida.

Outro ponto de atenção é a nova lista de produtos isentos, divulgada pelo governo dos Estados Unidos em 9 de setembro de 2025, que poderá alterar a dinâmica das trocas comerciais. A instituição está avaliando quais produtos baianos serão beneficiados por essa revisão.

Interrupção total das exportações

A divulgação do levantamento pela FIEB confirma que o tarifaço imposto pelos Estados Unidos já afeta a estrutura exportadora da Bahia. Embora alguns setores tenham conseguido contornar os primeiros impactos com estratégias pontuais, a tendência é de perda de competitividade em cadeias que sustentam empregos e arrecadação no estado. O dado mais preocupante é a interrupção total das exportações de seis produtos estratégicos, o que reforça a vulnerabilidade da economia regional diante de decisões unilaterais de política comercial. A revisão parcial da lista de isentos pode mitigar os danos, mas não elimina a incerteza quanto ao futuro das exportações baianas.

Principais dados

Desempenho Geral das Exportações

  • Julho a agosto de 2025: queda de 19,4% (US$ 934,6 milhões → US$ 753,7 milhões).
  • Exportações para os EUA: crescimento de 9,8% (US$ 58,4 milhões → US$ 64,1 milhões).
  • Comparação anual (ago/2025 x ago/2024):
    • Total Bahia: -35,7%.
    • EUA: -11,6%.

Produtos não sobretaxados

  • Exportações cresceram 136,7%.
  • Contribuíram decisivamente para o aumento nas vendas para os EUA.
  • Queda anual mais moderada: -4,2%.

Produtos sobretaxados

  • Redução de 42,8% entre julho e agosto.
  • Queda anual (ago/2025 x ago/2024): -22%.
  • Seis principais produtos baianos tiveram exportações interrompidas.

Setores e produtos mais afetados

  • Químico/petroquímico, metalúrgico e alimentos.
  • Impactados: manteiga de cacau, celulose, magnésia calcinada, ferroligas e calçados.
  • Exportações cessadas: butadieno não saturado e ferrosilício.

Casos de exceção

  • Mangas e pneus para ônibus registraram aumento, mesmo sujeitos a tarifas.
  • Motivo provável: antecipação de embarques antes da vigência do tarifaço (6/08/2025).

Incertezas e próximos passos

  • Estratégias de adaptação de exportadores e compradores americanos podem estar distorcendo os números iniciais.
  • Nova lista de isentos divulgada em 9/09/2025 pode alterar novamente o quadro.
  • FIEB alerta que é cedo para avaliar os efeitos definitivos.

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