Tenente Frederico Gustavo dos Santos, herói e imortal | Por Luiz Holanda

O tenente Frederico Gustavo dos Santos, baiano da FAB, morreu em 1945, aos 20 anos, em sua 44ª missão de combate na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial. Reconhecido como herói, recebeu condecorações do Brasil e dos Estados Unidos, e hoje é lembrado em monumentos e cerimônias oficiais. Em 2025, sua memória foi homenageada na Itália, consolidando sua trajetória como exemplo de bravura, sacrifício e defesa da liberdade.
Tenente Frederico Gustavo dos Santos, herói da FAB morto em combate na Itália em 1945, recebe homenagens no Brasil e na Europa por sua bravura e legado eterno.

Ser imortal significa viver depois da morte. É uma espécie de vida interminável, eterna, infinita no tempo, imperecível e inconcebivelmente vasta e duradoura. Lembra a pessoa cuja vida ou obra foi tão significativa que perdura por toda a eternidade. Transcende a efemeridade e a passagem do tempo, significando que durante o ciclo em que se viveu, a vida teve sentido. Segundo Kafka, “o sentido da vida é que ela termina”. Mesmo assim, é valiosa, principalmente quando se vive priorizando valores, sentimentos, relações humanas e crescimento pessoal, enfrentando todas as incertezas e sofrimentos. E quando se nasce herói, a vida -curta ou longa-, é mais valiosa e grata; valeu pelos momentos vividos.

A vida do Tenente Aviador Frederico Gustavo dos Santos, do Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA da Força Aérea Brasileira (FAB), durou exatamente 20 anos. Foi breve, mas heroica. Morreu em combate na Segunda Guerra Mundial, em Casarsa, Itália, uma comuna localizada na província de Prenome, região do Friuli-Venezia Giulia. Essa cidade é conhecida por ser o local onde o famoso cineasta Pier Paolo Pasolini passou parte da sua infância e juventude; e onde está sepultado.

Natural de Salvador, Santos (nome de guerra no jargão militar), nasceu em 09/10/1925. Ainda jovem demonstrou sua vocação como piloto da aviação, ingressando na carreira militar com coragem e patriotismo. Após concluir sua formação nos Estados Unidos, apresentou-se ao Primeiro Grupo de Aviação de Caça, em Pisa, na Itália, no dia 4 de dezembro de 1944, integrando o seleto grupo de brasileiros que lutaram durante a Segunda Guerra Mundial. Morreu no dia 13 de abril de 1945, quando cumpria sua 44ª missão de combate, deixando um legado de bravura e sacrifício. Filho de João Gustavo dos Santos Filho (destacado médico da sociedade baiana) e de Mathilde Louisa Witte dos Santos, de descendência alemã, exerceu a função de Piloto de Combate da Esquadrilha Azul.

Realizou 44 missões, a primeira em 15/01/1945, e a última em 13/04/1945. Apresentou-se em Pisa em 25/12/1944, vindo diretamente do centro de treinamento nos EUA. Faleceu em combate próximo a Spilimbergo, 25 Km a oeste de Udine, quando seu avião foi atingido pela explosão do depósito de munição que atacara, por volta das 09h15 de 13/04/1945. Conseguiu saltar da aeronave, mas, sem altura suficiente, morreu no choque contra o solo.

Apesar de ter vivido apenas 20 anos, tornou-se um herói de guerra e imortal. Recebeu inúmeras homenagens, entre as quais as quais a Medalha Campanha da Itália, Cruz de Aviação Fita A, Distinguished Flying Cross (EUA), Air Medal (EUA) e Presidential Unit Citation (EUA). Seus restos mortais estão sepultados no mausoléu do Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro. Na Itália foi homenageado este ano durante uma cerimônia marcada pela execução dos hinos nacionais do Brasil e da Itália, com a entrega de uma placa comemorativa em honra de sua pessoa e um emocionante momento de silêncio, acompanhado pelo toque de corneta que evidenciou o respeito e a admiração pelo sacrifício desse herói brasileiro. Entre as autoridades presentes estavam o deputado italiano Emanuele Loperfido, o representante da Prefeitura de Spilimbergo, Davide Lauretano, o comandante do 32º Regimento de Carros de Combate do Exército Italiano, Coronel Federico Maddaluno, o comandante do Depósito de Munições de Spilimbergo, Tenente-Coronel Paolo Sciaudone e o Adido de Defesa e Aeronáutica do Brasil na Itália, Coronel Aviador Ricardo Da Cas.

Segundo Lauretano, o tenente Santos foi “Um herói brasileiro de 20 anos, símbolo de liberdade, democracia e coragem. Seu sacrifício jamais será esquecido, e sua memória viverá para sempre em nossos corações. Acredito que é dever de todos nós, também graças a comemorações como a de hoje, transmitir, educar e ensinar às futuras gerações esses valores de liberdade, respeito e humanidade, conquistados até com sangue. Conquistas que nos permitiram vivenciar um longo período de paz, desenvolvimento e bem-estar sem precedentes”. Nosso herói será também lembrado em um busto de bronze esculpido pela Brasil Sculptures I Toco Dias, de Sorocaba-SP, encomendado pelo empresário baiano Nelson Taboada. A memória desse herói, que com coragem e abnegação sacrificou sua vida para que possamos sonhar com o amanhecer, viverá eternamente em nossos corações e nos anais da sua gloriosa FAB, asas que protegem o Brasil em qualquer parte do mundo.

*Luiz Holanda, advogado e professor universitário.


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