74% dos industriais consideram infraestrutura da Região Norte como insuficiente e apontam gargalos logísticos, diz estudo

Levantamento da CNI indica desafios em transporte, energia, saneamento e telecomunicações e propõe prioridades para desenvolvimento industrial.
Levantamento da CNI indica desafios em transporte, energia, saneamento e telecomunicações e propõe prioridades para desenvolvimento industrial.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nesta quarta-feira (15/10/2025) o estudo Panorama da Infraestrutura – Região Norte, apontando que 74% dos empresários industriais avaliam a infraestrutura da região como regular, ruim ou péssima, índice acima da média nacional de 45%. O levantamento foi apresentado durante o evento Pré-COP30: O Papel do Setor Privado na Agenda de Clima, realizado em Brasília (DF), e inclui informações sobre transportes, energia, saneamento e telecomunicações.

Segundo o presidente da CNI, Ricardo Alban, o Norte possui papel estratégico para o desenvolvimento sustentável do Brasil, devido à sua extensão territorial, biodiversidade e recursos naturais, mas sofre com déficit de infraestrutura que impacta a competitividade e eleva os custos logísticos, desestimulando investimentos na região.

Gargalos logísticos e prioridades de investimentos

O estudo aponta que o Norte enfrenta obstáculos em rodovias, hidrovias e ferrovias, além de baixa integração energética e acesso limitado a serviços essenciais. Entre as obras prioritárias estão:

  • Ampliação da Hidrovia Araguaia-Tocantins e derrocamento do Pedral do Lourenço;

  • Exploração de petróleo e gás na Margem Equatorial (bacias da Foz do Amazonas e Pará-Maranhão);

  • Conclusão da ponte sobre o Rio Xingu, na Transamazônica;

  • Pavimentação do trecho central da BR-319 (Porto Velho–Manaus);

  • Implantação da Ferrogrão (EF-170).

De acordo com Alban, esses projetos podem integrar o interior da região aos mercados nacionais e internacionais, gerar emprego, renda e garantir segurança energética.

Déficits em saneamento e energia

O levantamento revela que o Norte apresenta os piores indicadores nacionais em saneamento básico, com 61% da população atendida por rede de água e apenas 23% por rede de esgoto. As perdas na distribuição de água chegam a 50%, acima da média nacional de 40%. Estados como Tocantins (31%) e Rondônia (37%) apresentam índices inferiores à média, impactando a instalação de novos empreendimentos.

O estudo cita a conexão de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN) como avanço para reduzir o isolamento energético da região. Entre 2024 e 2025, R$ 3,6 bilhões em investimentos foram direcionados ao Norte, dentro de um total autorizado de R$ 13,7 bilhões pelo Ministério dos Transportes e pelo Ministério de Portos e Aeroportos.

Transporte e logística

A Região Norte possui 7 milhões de veículos, com 38,5% de motocicletas e 30,6% de automóveis. Os aeroportos mais movimentados são os de Belém (4 milhões de passageiros em 2024) e Manaus (2,8 milhões), seguidos por Palmas, Macapá e Santarém. A CNI reforça que investimentos em transporte, energia e saneamento são fundamentais para reduzir desigualdades e aumentar a competitividade da região.

Preparativos para a COP30

O levantamento foi divulgado nos preparativos para a COP 30, que terá início em 10/11/2025, em Belém (PA). Durante o evento, a CNI apresentou propostas da indústria para a COP30, cases internacionais de descarbonização e desafios de infraestrutura da Amazônia Legal. Marcelo Thomé, presidente da Fiero e do Conselho de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, destacou que fortalecer a infraestrutura com bases sustentáveis é essencial para o desenvolvimento regional e a agenda climática.


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