Na quinta-feira (02/10/2025), o debate sobre a situação da Bahia voltou ao centro das atenções após a publicação de artigo do escritor e ex-deputado Joaci Góes, na Tribuna da Bahia. O texto descreve um quadro de empobrecimento estrutural, degradação da qualidade de vida e falta de representatividade nacional, apontando que a população parece reagir com indiferença a índices sociais entre os mais baixos do continente.
Segundo o autor, a Bahia acumula os maiores números de analfabetismo, desemprego, subemprego, moradias precárias e doenças negligenciadas, além de estar entre os estados com mais altos índices de criminalidade e presença do crime organizado em todos os 417 municípios.
Queda no protagonismo nacional
Historicamente considerada uma das principais referências políticas e culturais do Brasil, a Bahia teria, de acordo com Góes, perdido espaço no cenário nacional. Do posto de estado número 1 da federação em séculos passados, hoje ocupa a sétima posição em importância política e econômica, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Apesar de ter dado, nas últimas décadas, amplos votos ao Partido dos Trabalhadores (PT) em eleições estaduais e federais, Góes sustenta que nenhum benefício expressivo foi assegurado para a melhoria das condições de vida locais. Para ele, os últimos 20 anos de administrações petistas não deixaram legados marcantes, sendo que a Bahia segue como o estado com os piores índices de saneamento básico do país.
Ausência no Judiciário e desequilíbrio federativo
Outro ponto de destaque é a falta de baianos no Supremo Tribunal Federal (STF) há mais de seis décadas. Os últimos nomes oriundos da Bahia que chegaram à Corte foram Adalício Nogueira e Aliomar Baleeiro, indicados nos anos 1960. A exceção, Ilmar Galvão, embora nascido em Jaguaquara, construiu sua carreira jurídica fora do estado.
Para Góes, essa ausência reflete não apenas descaso político, mas também uma tentativa das lideranças locais de impedir que nomes de prestígio ascendam a cargos de poder nacional. Ele classifica como “mentira deslavada” o argumento de que a Bahia não dispõe de quadros preparados, lembrando a tradição de juristas no Ministério Público, no Judiciário e nas universidades estaduais.
Reação política e perspectivas
O autor sugere que, diante da possibilidade de aposentadoria antecipada do presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, caberia aos aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrar a indicação de um baiano para a Suprema Corte, corrigindo o desequilíbrio federativo e encerrando o que chama de “jejum histórico”.
A crítica é incisiva: sem uma reação política organizada, o eleitorado baiano continuará sendo tratado como “mulher de malandro”, expressão usada para ilustrar a submissão de quem, mesmo diante de sucessivas decepções, permanece fiel a lideranças que não entregam avanços concretos.
*Joaci Góes é advogado, jornalista, escritor, empresário e político brasileiro, nascido em Ipirá (BA), em 1938. Figura de destaque na vida intelectual e pública da Bahia, ele preside o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) — instituição fundada em 1894 e considerada a mais antiga e uma das mais relevantes entidades culturais do estado, com sede em Salvador. Sua trajetória combina atuação nas áreas jurídica, política, empresarial e literária, refletindo uma vida dedicada ao pensamento crítico, à defesa da cultura baiana e ao fortalecimento das instituições democráticas.
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