Bamin confirma três interessados na produtora de minério de ferro da Bahia e prevê operação da Fiol para 2031

O presidente da Bamin, Eduardo Ledsham, confirmou negociações com três potenciais investidores interessados na mineradora baiana.

O presidente da Bahia Mineração (Bamin), Eduardo Ledsham, confirmou na segunda-feira (27/10/2025) que três grupos empresariais internacionais demonstraram interesse em adquirir parte ou a totalidade da companhia controlada pelo Eurasian Resources Group (ERG), do Cazaquistão. O processo de análise ocorre em meio à expectativa de investimentos de US$ 6 bilhões para a conclusão do projeto integrado de mina, ferrovia e porto no estado da Bahia.

Negociações avançam com definição esperada até 2026

Durante a abertura do congresso Exposibram, Ledsham informou que os acionistas da Bamin avaliam propostas de potenciais investidores estratégicos interessados no projeto integrado, que inclui a mina Pedra de Ferro, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e o Porto Sul, em Ilhéus (BA).

Segundo o executivo, a definição sobre o novo parceiro deve ocorrer até o início de 2026, quando uma das propostas será escolhida para avançar nas tratativas. A entrada de um novo investidor é vista como essencial para garantir a viabilidade financeira e a expansão da capacidade de produção da mineradora.

Projeto integrado e novos prazos para a ferrovia Fiol

A Bamin pretende propor ao Ministério dos Transportes uma nova previsão para o início da operação da Fiol, alterando o cronograma anterior de 2027 para 2031. O ajuste, segundo Ledsham, considera o tempo necessário para concluir as etapas de investimento em infraestrutura e logística.

Atualmente, a mina Pedra de Ferro, localizada em Caetité (BA), encontra-se em manutenção desde janeiro, com capacidade para produzir até dois milhões de toneladas por ano de minério de alto teor. O objetivo é elevar essa produção significativamente após a conclusão do corredor logístico que ligará o interior baiano ao litoral.

Investimentos estimados e interesse do mercado

De acordo com Ledsham, o projeto completo da Bamin requer aproximadamente US$ 6 bilhões em aportes, considerando as obras da mina, da ferrovia e do porto. O investimento é visto como um dos maiores empreendimentos minerários e logísticos em curso no Brasil.

O presidente não detalhou quais seriam os três grupos interessados, mas indicou que todos demonstraram interesse no pacote integrado, o que inclui não apenas a operação mineradora, mas também o sistema logístico de escoamento da produção. A modelagem da operação poderá envolver venda parcial ou total da participação do ERG na empresa.

Possível entrada da Vale e cenário competitivo

Questionado sobre o interesse da Vale S.A., Ledsham preferiu não comentar, embora tenha confirmado que a mineradora brasileira já analisou o projeto em momentos anteriores. O diretor-presidente da Vale, Gustavo Pimenta, reconheceu, durante o mesmo evento, que a companhia continua acompanhando a viabilidade do empreendimento, mas não forneceu detalhes.

O eventual ingresso da Vale poderia alterar significativamente o equilíbrio do setor de mineração de ferro no Nordeste, criando um eixo logístico alternativo ao sistema norte controlado pela empresa.

Contexto regional e importância econômica

O projeto da Bamin tem papel estratégico para a economia baiana e para o desenvolvimento da região de Caetité–Ilhéus, ao consolidar um corredor de exportação de minério e insumos industriais pelo Porto Sul, hoje em fase final de obras de infraestrutura.

O empreendimento também é visto como uma âncora logística para o agronegócio e a indústria do interior nordestino, permitindo o transporte de grãos, fertilizantes e derivados minerais. Além disso, a implantação plena da Fiol poderá criar milhares de empregos diretos e indiretos, fortalecendo a cadeia produtiva da mineração e impulsionando o comércio exterior brasileiro.

Desafios e próximos passos

A definição do novo investidor e a garantia dos recursos financeiros serão determinantes para que a Bamin avance com as obras. O governo baiano e o governo federal observam o projeto como prioritário no Novo PAC, especialmente pela integração com portos estratégicos e a diversificação da matriz logística nacional.

Ainda assim, os desafios incluem o custo elevado de capital, o cumprimento das licenças ambientais e o cenário internacional volátil do preço do minério de ferro, que afeta o retorno esperado do investimento.

Virada logística

A negociação da Bamin simboliza um teste de confiança internacional no ambiente de investimentos brasileiro, em um momento de desaceleração global e competição crescente por financiamento em infraestrutura. O projeto da Fiol e do Porto Sul, se concluído, representará uma virada logística para o Nordeste, capaz de reduzir gargalos históricos e descentralizar o eixo econômico do Sudeste.

Por outro lado, o atraso no cronograma e a indefinição sobre o novo sócio revelam a dependência do Brasil de capital estrangeiro e a ausência de instrumentos nacionais robustos de financiamento para grandes obras. A presença da Vale nas conversas reforça o interesse estratégico, mas também evidencia o caráter concentrador do setor, que continua a girar em torno de poucas megacorporações.

*Com informações do Valor.


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