O deputado estadual Robinson Almeida (PT) defendeu nesta quarta-feira (08/10/2025) que o Ministério Público da Bahia (MP-BA) amplie as investigações sobre a chamada “farra das bolsas de estudo” na Prefeitura de Salvador, incluindo o prefeito Bruno Reis (União Brasil) entre os alvos do inquérito. O parlamentar elogiou a atuação do órgão e cobrou transparência sobre o financiamento do doutorado que o chefe do Executivo municipal cursa no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), em Brasília.
Segundo o deputado, é necessário esclarecer quem custeia a formação e quais critérios a administração adota para pagar cursos de alto valor a secretários e agentes políticos. Ele sustenta que a destinação de recursos para pós-graduações deve observar moralidade, impessoalidade e economicidade, sob pena de configurar privilégio indevido.
“Afinal, quem está pagando esse curso? O povo tem o direito de saber se o prefeito também está sendo bancado com dinheiro público. Se não deve, que venha a público e esclareça”, afirmou o deputado.
No caso específico do IDP — instituição privada de ensino superior fundada por Gilmar Mendes — exige escrutínio adicional quanto a eventual conflito de interesses e ao uso de verbas públicas.
MPBA investiga custeio de cursos de pós-graduação
O Ministério Público da Bahia instaurou um procedimento administrativo para apurar o uso de recursos municipais no custeio de pós-graduações de agentes políticos e servidores não concursados. A investigação, conduzida pelo 3º promotor de Justiça de Proteção da Moralidade Administrativa e do Patrimônio Público, Pablo Almeida, foi motivada por denúncias sobre o financiamento de cursos de doutorado e especialização com verbas da Prefeitura.
A apuração ocorre após a Justiça da Bahia barrar a tentativa da secretária municipal da Fazenda, Giovanna Victer, de custear com recursos da pasta um doutorado profissional em Administração Pública, avaliado em mais de R$ 183 mil. O episódio levantou suspeitas sobre a existência de um padrão de favorecimento dentro da administração municipal, segundo o deputado Robinson Almeida.
Críticas à gestão e acusações de imoralidade administrativa
Para Robinson, o caso reflete um modelo de gestão voltado ao privilégio e à autopromoção, herdado da administração de ACM Neto. “É o mesmo modelo herdado de ACM Neto: os amigos no topo, os servidores na fila e a cidade no abandono; o MP está fazendo o que a Prefeitura não faz — cuidar da moralidade e do respeito ao contribuinte”, declarou.
O parlamentar também criticou a autorização concedida à vice-prefeita Ana Paula Matos (PDT), atual secretária de Cultura e Turismo (Secult), para cursar um doutorado na Fundação Dom Cabral, no valor de R$ 203 mil, sem licitação. O caso foi revelado pela Folha de S.Paulo e é considerado por Robinson mais um indício de uso indevido de recursos públicos.
“Enquanto o trabalhador faz vaquinha para pagar a própria faculdade, tem secretário e vice-prefeita fazendo doutorado com o dinheiro do povo. É imoral e precisa ser punido”, disse o deputado.
Prefeitura ainda não se manifestou
Até o momento, a Prefeitura de Salvador e o prefeito Bruno Reis não se manifestaram oficialmente sobre as declarações do deputado nem sobre o pedido de ampliação das investigações. O Ministério Público, por sua vez, informou que o procedimento administrativo segue em fase inicial, com coleta de documentos e análise dos contratos de custeio de cursos realizados pela administração municipal.
O caso deve ganhar novos desdobramentos à medida que servidores e gestores sejam chamados a prestar esclarecimentos. Parlamentares da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) planejam requerer informações formais à Prefeitura, além de sugerir audiências públicas sobre o tema da moralidade na gestão pública.
Relações obscuras de Poder
O episódio reacende o debate sobre ética administrativa e transparência na gestão municipal. O custeio de cursos de alto valor para autoridades políticas, mesmo quando justificado por critérios de “qualificação técnica”, esbarra na percepção pública de improbidade e privilégio indevido. Ao mesmo tempo, evidencia lacunas na regulação do uso de verbas educacionais para servidores comissionados e agentes políticos. Caso as investigações confirmem irregularidades, o escândalo pode se tornar um marco político negativo para a administração Bruno Reis e comprometer a agenda de reeleição municipal de 2026.
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