O governador Jerônimo Rodrigues abriu, neste sábado (25/10/2025), o 1º Congresso Foco no Municipalismo, em Itacaré, no Litoral Sul da Bahia, destacando a necessidade de fortalecer os municípios como eixo central das políticas públicas. O evento é promovido pela Associação dos Municípios do Sul, Extremo Sul e Sudoeste Baiano (Amurc) e reúne mais de 50 gestores, parlamentares e autoridades federais e estaduais, entre eles o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Jerônimo enfatizou que o desenvolvimento territorial sustentável depende de uma gestão articulada entre os diferentes níveis de governo.
“Nenhum governo consegue chegar às famílias se não houver uma municipalidade forte e estruturada. O papel dos municípios no planejamento e na execução das políticas públicas é fundamental”, afirmou.
Painéis discutem educação, saúde e infraestrutura
Com o tema “O Municipalismo como Ferramenta do Desenvolvimento Territorial”, o congresso segue até domingo (26), com painéis e palestras voltadas para temas como educação, infraestrutura, saúde, inovação administrativa e gestão tributária. O encontro busca capacitar gestores públicos e promover a troca de experiências sobre práticas modernas de administração.
Durante o evento, será apresentado um documento coletivo elaborado pelos prefeitos participantes, contendo propostas e reivindicações para aprimorar a gestão pública municipal e as políticas de cooperação entre Estado e municípios.
Amurc reforça papel histórico e defende autonomia municipal
O presidente da Amurc e prefeito de Itaju do Colônia, Elder Fontes, destacou a trajetória de mais de 40 anos da entidade, que representa 40 municípios do Sul da Bahia. Segundo ele, a força do municipalismo está na articulação regional e na defesa da autonomia administrativa.
“Costumamos dizer que as batalhas do municipalismo são travadas dentro dos municípios, mas as soluções precisam ser construídas no Parlamento. Conhecemos as dores da população e precisamos de mais independência e condições para agir com rapidez diante dos problemas”, declarou Fontes.
Integração federativa e investimentos regionais
Jerônimo Rodrigues ressaltou os avanços das últimas décadas na interiorização das políticas públicas, mas reconheceu que ainda há grandes desafios. “Precisamos fortalecer a infraestrutura educacional e de saúde, investir em estradas vicinais, saneamento básico e mobilidade rural. São ações que exigem planejamento e continuidade, e o apoio do Governo Federal tem sido essencial”, destacou o governador.
O ministro Rui Costa reforçou o papel da integração federativa como ferramenta de justiça social.
“Quando União, Estado e Município caminham juntos, quem ganha é o povo. Essa parceria é o caminho para ampliar investimentos, reduzir desigualdades e garantir que o desenvolvimento chegue a todas as regiões do país”, afirmou.
Cidades pequenas, grandes desafios
O prefeito de Floresta Azul, Hermânio Bambu, destacou que a cooperação com o Governo da Bahia tem sido decisiva para o progresso das cidades de pequeno porte. Ele citou a entrega de uma escola de tempo integral, obras de abastecimento de água e pavimentação da Avenida 23 de Abril como exemplos de investimentos estruturantes que transformam a realidade local.
“As cidades menores, com baixa arrecadação, dependem desse apoio para garantir serviços públicos de qualidade. A parceria com o Estado é vital para o desenvolvimento regional”, afirmou o gestor.
Federalismo cooperativo
O 1º Congresso Foco no Municipalismo reflete a retomada do debate sobre o federalismo cooperativo no Brasil, um tema frequentemente negligenciado diante das disputas orçamentárias e da centralização administrativa. Ao enfatizar a importância dos municípios como células básicas da federação, Jerônimo Rodrigues e Rui Costa recolocam na agenda pública a necessidade de descentralizar recursos e fortalecer a governança local.
Contudo, a efetividade desse discurso depende de medidas concretas: revisão do pacto federativo, aumento das transferências diretas e autonomia administrativa real. Sem isso, o municipalismo continuará sendo uma retórica recorrente, mas de aplicação limitada na prática.
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