O Governo da Bahia lançou nesta sexta-feira (03/10/2025), no Centro de Convenções de Feira de Santana, o Edital Ouro Negro 2026, programa que garante apoio financeiro a blocos afro, afoxés, de samba, reggae e de índio durante a micareta da cidade. A iniciativa é promovida pela Secretaria Estadual de Cultura (SecultBA) em parceria com a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi).
O edital destina parte de seu orçamento para fortalecer a participação de grupos culturais na Micareta de Feira de Santana. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas por formulário online até o dia 15 de outubro de 2025.
O lançamento contou com a presença de blocos e entidades culturais tradicionais da região, como Feira Axé, Ogunje, Brasil Meu Samba, Estrela do Oriente, Unidos da Rua Nova, Nativos de Santana e Sorriso Negro. Para o secretário estadual de Cultura, Bruno Monteiro, a política cultural é resultado da escuta e da participação coletiva:
“O Ouro Negro assegura, com muito respeito, uma micareta que valoriza a história e a ancestralidade do povo de Feira de Santana”, afirmou Monteiro.
Cultura e ancestralidade no centro da política pública
De acordo com a superintendente de Promoção Cultural da SecultBA, Lorena Teixeira, o programa ultrapassa o caráter de fomento e se estabelece como política de valorização da cultura negra no Portal do Sertão.
“A força da cultura reverbera em iniciativas que unem reparação racial e economia criativa, fortalecendo tradições e ampliando oportunidades”, destacou.
Representantes locais reforçaram a relevância do programa. Galdino Oliveira Souza (Guda da Quixabeira), líder do bloco Quixabeira da Matinha, afirmou que o apoio foi essencial para a sobrevivência do grupo. Já Lurdes Santana, do Conselho Municipal de Cultura, ressaltou que Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia e de maioria negra, tem papel central nessa política de reconhecimento.
Homenagem e capacitação para agentes culturais
O evento também prestou homenagem ao músico Nilton Rasta, falecido em 29/09/2025, percussionista e presidente do tradicional afoxé Pomba de Malê.
Na parte da tarde, houve uma oficina de elaboração de projetos voltada para orientar agentes culturais sobre a inscrição no edital e a seleção documental.
Investimento recorde e critérios de seleção
O processo seletivo do Edital Ouro Negro 2026 ocorrerá em duas fases: análise de mérito (histórico, relevância sociocultural e diversidade) e habilitação documental.
Os recursos estão divididos em três faixas:
- Faixa H: até 2 propostas de R$ 100 mil
- Faixa I: até 2 propostas de R$ 60 mil
- Faixa J: até 10 propostas de R$ 30 mil
Para 2026, o programa alcança o maior investimento da história: R$ 17 milhões, R$ 2 milhões a mais do que na edição anterior.
Programa Ouro Negro: trajetória de 18 anos
Criado em 2008, o Ouro Negro consolidou-se como política pública permanente da Bahia, voltada para o fortalecimento das culturas de matrizes africanas em festas populares.
Com 18 anos de existência, a iniciativa apoia entidades em celebrações como o Carnaval de Salvador, a Lavagem do Bonfim, a Lavagem de Itapuã, a Festa da Purificação e carnavais do interior.
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