Feira de Santana/BA — Nesta quarta-feira (01/10/2025), a Polícia Federal, em conjunto com a Receita Federal, o Ministério Público do Estado da Bahia (GAECO/MP-BA) e a Força Correcional Especial Integrada (FORCE/COGER/SSP-BA), deflagrou a Operação Estado Anômico. O objetivo é desarticular uma organização criminosa estruturada e sofisticada, especializada em lavagem de capitais, agiotagem, extorsão e receptação qualificada.
De acordo com as autoridades, estão sendo cumpridos 10 mandados de prisão preventiva e 18 mandados de busca e apreensão nas cidades de Feira de Santana e Salvador. Além disso, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 9 milhões em contas bancárias e a suspensão das atividades econômicas de uma empresa ligada ao grupo investigado.
Estrutura da operação e alcance das investigações
As investigações revelam a prática reiterada de múltiplas infrações penais graves, com foco na ocultação e dissimulação de bens e valores. A ação contou com a participação de 100 policiais federais, 11 auditores-fiscais e três analistas tributários da Receita Federal, evidenciando a dimensão do esquema ilícito e a complexidade da apuração.
Segundo a Polícia Federal, o grupo criminoso atuava de forma profissionalizada e hierarquizada, mantendo negócios ilícitos que iam desde o jogo do bicho até esquemas de agiotagem e extorsão. O impacto da operação não se restringe apenas à esfera penal, mas também atinge a estrutura financeira utilizada pelos investigados para sustentar suas atividades.
Significado do nome “Estado Anômico”
A escolha do nome da operação carrega forte simbolismo. O termo “Estado Anômico” é utilizado em ciências sociais para descrever uma condição em que há ausência ou enfraquecimento das normas e valores que regulam o comportamento coletivo, resultando em desorganização social e incerteza. Para a Polícia Federal, o conceito reflete o ambiente de ilegalidade instaurado pelo grupo, que desafiava a ordem institucional e enfraquecia a confiança da sociedade nas regras vigentes.
Perspectivas jurídicas e possíveis condenações
A investigação segue em andamento para identificar outros envolvidos e fatos conexos. Caso sejam condenados, os investigados poderão enfrentar penas que, somadas, ultrapassam 50 anos de reclusão. O caso será conduzido pela 1ª Vara Criminal de Feira de Santana, responsável pela expedição das ordens judiciais.
A severidade das penas previstas reflete a gravidade dos crimes investigados e a necessidade de coibir práticas criminosas que se infiltram no tecido social, afetando diretamente a economia formal e a estabilidade comunitária.
Estruturas criminosas paralelas
A Operação Estado Anômico evidencia como estruturas criminosas paralelas podem se consolidar em centros urbanos de grande relevância econômica, como Feira de Santana, e se expandir por meio da infiltração em atividades comerciais e financeiras. A ação integrada de diferentes órgãos reforça a importância da cooperação institucional no combate ao crime organizado.
Contudo, o caso também expõe desafios estruturais: a demora na identificação e desarticulação de redes ilícitas que já operavam de forma consolidada. A dependência de operações pontuais, ainda que impactantes, demonstra a necessidade de políticas permanentes de prevenção, fiscalização e transparência financeira. Além disso, a utilização do conceito de “estado anômico” revela a preocupação com os efeitos sociais mais amplos do crime organizado, que ultrapassam o campo jurídico e atingem a confiança da população nas instituições democráticas.
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