A redução das taxas de vacinação contra o sarampo provocou o aumento no número de casos e mortes em países desenvolvidos. Na terça-feira (30/09/2025), dados oficiais mostraram que os Estados Unidos registraram três mortes pela doença em 2025, fato inédito em mais de 30 anos. Na França, foram confirmadas duas mortes e mais de 820 casos no mesmo período, segundo a Santé Publique France.
Situação nos Estados Unidos e medidas recentes
Nos Estados Unidos, a discussão sobre a vacinação ganhou força com o posicionamento cético do presidente Donald Trump e do secretário da Saúde, Robert F. Kennedy Jr., que reforçam a retórica antivacina.
O Comitê Consultivo sobre Práticas de Vacinação (ACIP) decidiu, recentemente, deixar de recomendar a aplicação da vacina do sarampo em crianças menores de quatro anos. Paralelamente, uma pesquisa realizada pelo Washington Post e pela ONG KFF, divulgada em setembro, apontou que uma em cada seis famílias evita ou adia vacinas infantis recomendadas no país.
Expansão da doença na França
Na França, os surtos de sarampo têm se intensificado desde a pandemia de Covid-19 em 2020, atingindo bebês, crianças pequenas e jovens adultos não vacinados.
Segundo o infectologista francês Olivier Épaulard, do Hospital Universitário de Grenoble, as ondas epidêmicas são resultado direto da redução da cobertura vacinal. Ele recorda que, em 2010, a falta de imunização provocou dezenas de milhares de casos no país, cenário que poderia ter sido evitado.
Contágio e riscos da doença
O sarampo é altamente contagioso, capaz de atingir até 18 pessoas a partir de uma única infecção, reforça Épaulard. Ele alerta que formas graves podem comprometer pulmões e cérebro, com risco de mortalidade significativo.
De acordo com estimativas, sem vacinação, o sarampo causaria cerca de 330 mortes anuais na França. Para reduzir a circulação do vírus, o governo francês tornou obrigatória, desde 2018, a vacinação contra o sarampo e outras dez doenças para todos os recém-nascidos.
Fatores históricos e fake news
A desconfiança em relação ao imunizante também se explica por fatores históricos. Um estudo falso publicado em 1998 pelo médico britânico Andrew Wakefield associou, sem evidências científicas, a vacina do sarampo ao autismo.
Apesar de desmentida, a pesquisa teve forte impacto na opinião pública em países anglo-saxões e na França, consolidando a resistência de parte da população e influenciando decisões de saúde.
Desafios da imunização e proteção coletiva
O imunizante contra o sarampo apresenta 95% de eficácia após duas doses, segundo especialistas. Contudo, ele não pode ser aplicado em pessoas com câncer, doenças crônicas ou imunossupressão, já que utiliza vírus vivo atenuado.
Nesse contexto, a vacinação em massa da população saudável é considerada fundamental, não apenas para proteção individual, mas também para impedir a contaminação de grupos mais vulneráveis.
*Com informações da RFI.
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