Tudo sobre a Operação Primus: Polícia desarticula rede ligada ao PCC na Bahia e bloqueia R$ 6,5 bilhões em esquema de adulteração e lavagem de combustíveis; Empresário Jailson Ribeiro e outros 6 foram presos

A Operação Primus, deflagrada nesta quinta-feira (16/10/2025), resultou em nove prisões, na apreensão de armas e veículos de luxo e no bloqueio judicial de R$ 6,5 bilhões em bens. O grupo liderado por Jailson “Jau” Couto Ribeiro é acusado de adulterar combustíveis, lavar dinheiro e manter conexões com o PCC, operando em mais de 200 postos na Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro. A investigação marca um dos maiores golpes contra o crime econômico no país.
Policiais civis da Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro cumprem mandados da Operação Primus, deflagrada em 16/10/2025, que investiga uma rede criminosa responsável por adulteração de combustíveis, lavagem de dinheiro e conexões com facção paulista. O empresário Jailson Couto Ribeiro (Jau) é suposto líder da organização criminosa. 

A Polícia Civil da Bahia, por meio do Departamento de Repressão e Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (Draco-LD), deflagrou nesta quinta-feira (16/10/205) a Operação Primus, uma das maiores ofensivas já realizadas no estado contra o crime econômico e o setor de combustíveis. A ação visa desarticular um grupo empresarial e criminoso responsável por adulteração, comercialização irregular e lavagem bilionária de recursos em dezenas de cidades baianas, com ramificações em São Paulo e no Rio de Janeiro.

O Draco-LD identificou 200 postos de combustíveis ligados à organização, que teria estruturado uma rede complexa de empresas de fachada para movimentar e ocultar valores ilícitos. Diante das evidências, o departamento solicitou à Justiça o bloqueio de bens e valores que somam até R$ 6,5 bilhões, incluindo imóveis, veículos de luxo e contas bancárias.

Megaoperação mobiliza 170 agentes em três estados

A Operação Primus mobilizou mais de 170 policiais civis, atuando de forma integrada com a Secretaria da Fazenda da Bahia (Sefaz-BA) e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Participaram da ofensiva os Departamentos Especializados de Investigações Criminais (Deic), de Repressão ao Narcotráfico (Denarc), de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de Inteligência Policial (Dip), de Polícia Metropolitana (Depom), de Polícia do Interior (Depin), além das Coordenações de Polícia Interestadual (Polinter) e de Operações de Polícia Judiciária (COPJ).

As ações concentraram-se principalmente em Feira de Santana, Conceição do Jacuípe, Alagoinhas, Itaberaba, Iaçu e Morro do Chapéu, cidades estratégicas para o escoamento e revenda de combustíveis. Mandados também foram cumpridos na capital paulista e no Rio de Janeiro, onde foram apreendidos armas de fogo, munições, documentos falsos, equipamentos de adulteração e veículos de alto padrão.

Prisão de líder em hotel da Chapada Diamantina

O principal alvo da operação, identificado como Jailson Couto Ribeiro, conhecido como “Jau”, foi preso em um hotel de luxo em Lençóis, na Chapada Diamantina. Ele é apontado como líder da rede criminosa, responsável por gerenciar os fluxos financeiros e articular a distribuição de combustíveis adulterados no interior da Bahia e em outros estados.

De acordo com a Polícia Civil, Jau mantinha vínculos diretos com operadores financeiros ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital), o que reforça a tese de interligação entre o crime econômico e o crime organizado tradicional. Além dele, foram presos Wesley Márcio Duda, Gilvan Couto Ribeiro, Diego do Carmo Santana Ribeiro e Pedro Henrique Ramos Ribeiro, todos em Feira de Santana, além de Israel Ribeiro Filho, no Rio de Janeiro, e Mário Kadow Nogueira, em São Paulo.

Evidências de conexão com o crime organizado paulista

As investigações apontam que a rede baiana operava como braço financeiro e logístico do PCC, utilizando postos de combustíveis e empresas de transporte para lavar dinheiro proveniente do tráfico e de outras atividades ilícitas. O esquema envolvia a compra de combustíveis adulterados com solventes e produtos químicos, revendidos com notas fiscais falsas para postos controlados por laranjas.

O delegado-geral adjunto de operações da Polícia Civil da Bahia, Jorge Figueiredo, classificou a ação como “uma das maiores operações de combate à lavagem de dinheiro no setor de combustíveis já realizadas no estado”. Segundo ele, a dimensão financeira e geográfica da rede exigiu cooperação interestadual e o uso de tecnologias de rastreamento bancário e análise de fluxos fiscais.

Fiscalização da ANP e da Sefaz reforça combate a fraudes tributárias

Além da adulteração e da lavagem, o grupo também é investigado por evasão fiscal e fraudes tributárias. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a Secretaria da Fazenda da Bahia atuaram para cruzar dados de emissão de notas fiscais eletrônicas e volumes de combustíveis distribuídos, revelando discrepâncias significativas entre o que era declarado e o que efetivamente circulava.

A ANP informou que o grupo movimentava combustíveis de origem duvidosa, muitas vezes provenientes de misturas não autorizadas de solventes, comprometendo a qualidade e a segurança do produto final. Já a Sefaz-BA apura débitos tributários milionários em nome das empresas controladas pelos suspeitos.

Operação segue em desdobramento com novas diligências

As autoridades destacaram que novas fases da Operação Primus estão previstas, incluindo mandados de prisão internacional contra suspeitos que teriam fugido do país durante as investigações. A Polícia Civil da Bahia deve encaminhar relatórios parciais ao Ministério Público Estadual (MP-BA) e ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), para reforçar as apurações sobre movimentações bancárias e remessas para o exterior.

Também está em curso um pedido de cooperação internacional com a Interpol, em razão de evidências de que parte dos recursos lavados foi transferida para contas em paraísos fiscais no Caribe e na Europa.

Crime econômico e fragilidade institucional

A Operação Primus revela a amplitude e a sofisticação das organizações criminosas que atuam na economia formal, aproveitando brechas regulatórias e deficiências de fiscalização no setor de combustíveis — historicamente marcado por fraudes tributárias e adulterações em larga escala. O caso também escancara a infiltração do crime organizado em mercados estratégicos, utilizando empresas legítimas como instrumentos de lavagem e ocultação de capital.

O desafio que se impõe agora é fortalecer os mecanismos de controle estatal, aprimorar o monitoramento de fluxos financeiros e garantir que os órgãos de regulação e investigação atuem de forma coordenada. A falta de integração entre sistemas fiscais e de rastreamento de combustíveis ainda é uma das principais vulnerabilidades do setor.

Principais dados da Operação Primus

Data da ação:
Quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Instituições envolvidas:

  • Polícia Civil da Bahia (Draco-LD)
  • Secretaria da Fazenda da Bahia (Sefaz-BA)
  • Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)
  • Ministério Público da Bahia (MP-BA)
  • Interpol e Coaf (cooperação internacional e financeira)

Estrutura operacional:

  • Mais de 170 policiais civis mobilizados
  • Participação de oito departamentos especializados, incluindo Deic, Denarc, DHPP, Dip, Depin e Depom
  • Mandados cumpridos na Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro

Locais da operação na Bahia:
Feira de Santana, Conceição do Jacuípe, Alagoinhas, Itaberaba, Iaçu e Morro do Chapéu

Principais presos:

  • Jailson Couto Ribeiro (“Jau”) – líder do esquema, preso em Lençóis (Chapada Diamantina)
  • Wesley Márcio Duda
  • Gilvan Couto Ribeiro
  • Diego do Carmo Santana Ribeiro
  • Pedro Henrique Ramos Ribeiro
  • Israel Ribeiro Filho (RJ)
  • Mário Kadow Nogueira (SP)

Bens e valores bloqueados:

  • Estimativa de R$ 6,5 bilhões em imóveis, veículos, contas e ativos empresariais
  • 200 postos de combustíveis sob investigação
  • Veículos de luxo, armas e munições apreendidos

Principais crimes investigados:

  • Adulteração de combustíveis
  • Lavagem de dinheiro
  • Ocultação de patrimônio
  • Fraude tributária e emissão de notas fiscais falsas
  • Conexão com o PCC (Primeiro Comando da Capital)

Dimensão do esquema:

  • Atuação interestadual, com base operacional na Bahia
  • Ramificações financeiras em São Paulo e no Rio de Janeiro
  • Evidências de remessas internacionais para paraísos fiscais

Avaliação institucional:

  • Delegado Jorge Figueiredo classificou a operação como a maior ofensiva já realizada contra a lavagem de dinheiro no setor de combustíveis na Bahia
  • A investigação é considerada estratégica no combate à infiltração do crime organizado na economia formal.

*Com informações da Polícia Civil da Bahia (PCBA), G1 e Folha de S.Paulo.

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