Feira de Santana e municípios baianos ampliam ações de segurança alimentar, aponta IBGE

A Bahia lidera avanços nacionais em segurança alimentar, com 61,4% dos municípios estruturados e 77% realizando ações contra a fome. Feira de Santana é destaque entre as cidades com restaurante popular, integrando políticas de assistência social. Ainda assim, 39% da população baiana vive em algum grau de insegurança alimentar, exigindo ampliação das políticas públicas.
Dados do IBGE revelam avanço das políticas de segurança alimentar na Bahia, com destaque para estruturas municipais e programas de assistência social que beneficiam milhões de famílias.

Os dados sobre Segurança Alimentar da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC) 2024, divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira (07/11/2025), apontou que a Bahia possui um dos maiores índices do país em políticas voltadas ao acesso a alimentos. Em 2023, 77% dos municípios baianos realizaram ações para garantir o direito à alimentação adequada, e Feira de Santana figura entre as cidades com restaurante popular e políticas estruturadas de combate à fome.

Bahia amplia estrutura de gestão na área de segurança alimentar

Segundo o levantamento, 256 dos 417 municípios baianos (61,4%) possuíam alguma estrutura voltada à segurança alimentar e nutricional, proporção superior à média nacional de 50,7%. O dado coloca a Bahia entre os dez estados com maior presença de políticas institucionais na área, à frente de regiões como Goiás e Mato Grosso do Sul.

Entre 2023 e 2024, o número de cidades baianas com estruturas específicas aumentou 6,2%, passando de 241 para 256 municípios. A maioria dessas estruturas está vinculada à assistência social, demonstrando integração entre políticas de proteção social e de combate à insegurança alimentar.

Ações de combate à fome atingem 8 em cada 10 municípios

Em 2023, 321 municípios baianos (77%) executaram ações de promoção do acesso a alimentos, índice superior ao nacional (71,5%). As medidas mais frequentes foram a distribuição de cestas básicas — realizada em 315 cidades —, a oferta de refeições prontas em 41 municípios e benefícios monetários em 18.

A Bahia ocupou o 9º lugar no ranking nacional, liderado por Alagoas (89,2%), Espírito Santo (85,9%) e Ceará (85,9%), reforçando o protagonismo nordestino na implementação de políticas públicas voltadas à alimentação.

Benefício Eventual atinge 82% das cidades baianas

O Benefício Eventual da Assistência Social — voltado a famílias em situação de vulnerabilidade — foi ofertado em 342 municípios baianos (82%), superando a média nacional de 78,3%. Em quase todos os casos (98%), o benefício incluía a entrega de cestas básicas, além de modalidades em alimentos in natura e repasses monetários.

No total, 247.507 famílias baianas foram atendidas, o que coloca o estado em 5º lugar nacional em número de beneficiários.

Feira de Santana se destaca entre as cidades com restaurante popular

Entre as 12 cidades baianas com restaurantes populares, Feira de Santana integra o grupo que oferece refeições diárias a preços acessíveis, ao lado de Salvador, Juazeiro, Itabuna, Vitória da Conquista e Lauro de Freitas. No total, a Bahia possui 22 unidades do tipo, 18 delas servindo uma refeição por dia.

A presença desse equipamento público é fundamental em municípios de médio e grande porte como Feira de Santana, onde o serviço complementa programas de transferência de renda e políticas de inclusão produtiva.

Cozinhas comunitárias e Bancos de Alimentos ainda são raros

A pesquisa mostra que apenas 9 municípios baianos (2,2%) possuem cozinhas comunitárias e 16 (3,8%), Bancos de Alimentos — estruturas que garantem o aproveitamento de excedentes e doações.

Na Bahia, essas iniciativas estão presentes em cidades como Lauro de Freitas, Paulo Afonso, Juazeiro, Camaçari, Teixeira de Freitas e Belo Campo, mas o número ainda é inferior ao padrão nacional, indicando a necessidade de expansão.

Mercados públicos: presença consolidada na Bahia

Mais da metade dos municípios baianos (213 cidades, ou 51,1%) possuem mercado público sob responsabilidade da gestão municipal, com 345 unidades em funcionamento. Esse índice é bem superior à média brasileira (29,2%) e reforça o papel dos mercados como ponto de abastecimento e escoamento da produção local.

Entretanto, apenas Paulo Afonso conta com sacolão municipal — modelo que garante venda direta de hortifrútis a preços populares.

Situação alimentar ainda preocupa

Apesar dos avanços institucionais, o IBGE indica que 4 em cada 10 domicílios baianos ainda enfrentam algum grau de insegurança alimentar. Em 2024, 2,1 milhões de residências (37,8%) estavam nessa condição, representando 5,8 milhões de pessoas (39,1% da população estadual).

Em cidades de porte médio como Feira de Santana, a vulnerabilidade alimentar é agravada por fatores socioeconômicos, como desemprego e informalidade, o que reforça a importância de políticas públicas integradas entre os níveis municipal, estadual e federal.

Bahia avança

A pesquisa evidencia que a Bahia avança de forma significativa na institucionalização das políticas de segurança alimentar, mas ainda enfrenta desafios estruturais. A disparidade regional entre o Nordeste e o Centro-Oeste, bem como a baixa presença de equipamentos públicos como cozinhas comunitárias e bancos de alimentos, revelam limitações de financiamento e gestão.

Feira de Santana se consolida como exemplo de política pública eficiente no interior do estado, mas a cobertura estadual ainda é insuficiente para eliminar a insegurança alimentar crônica que atinge milhões de famílias. A sustentabilidade dessas ações dependerá da continuidade dos programas federais e da articulação entre entes federados

O que dia o MUNIC 2024

Principais dados do suplemento sobre Segurança Alimentar da Pesquisa MUNIC 2024 (IBGE), com foco em Feira de Santana e no panorama estadual da Bahia

1. Estrutura de Gestão em Segurança Alimentar

  • 256 dos 417 municípios baianos (61,4%) possuem estrutura formal na área de segurança alimentar e nutricional.
  • Proporção estadual (61,4%) é superior à média nacional (50,7%).
  • Crescimento de 6,2% entre 2023 e 2024 (de 241 para 256 municípios).
  • Apenas 14 cidades (5,5%) têm secretaria exclusiva para o tema.
  • 222 municípios (86,7%) subordinam o setor a outra secretaria — em 185 casos, à assistência social.
  • Bahia ocupa a 10ª posição nacional no ranking de municípios com estrutura na área.

2. Ações de Promoção do Acesso a Alimentos

  • 321 municípios baianos (77%) realizaram ações em 2023 (8 em cada 10).
  • Média nacional: 71,5% dos municípios brasileiros.
  • Bahia ocupa o 9º lugar entre os estados.
  • Principais ações:
    • 315 municípios distribuíram cestas básicas.
    • 41 municípios ofertaram refeições prontas.
    • 18 municípios concederam benefícios monetários.
    • 50 municípios realizaram outras ações complementares.
  • Feira de Santana integra o grupo com restaurante popular e ações permanentes de combate à fome.

3. Benefício Eventual da Assistência Social

  • 342 municípios baianos (82%) ofertaram o benefício em 2023.
  • Média nacional: 78,3%.
  • Bahia ocupa a 12ª posição nacional nesse indicador.
  • 335 municípios (98%) distribuem cestas básicas.
  • 85 municípios ofertam alimentos in natura.
  • 22 municípios concedem benefício monetário direto.
  • 247.507 famílias baianas foram atendidas — o 5º maior contingente do Brasil.
  • Nacionalmente, 3,35 milhões de famílias receberam o benefício.

4. Equipamentos Públicos de Alimentação

Restaurantes Populares

  • 12 municípios (2,9%) possuem restaurantes populares — total de 22 unidades.
  • Cidades com restaurante popular:
    Alagoinhas, Brumado, Dom Basílio, Feira de Santana, Itabuna, Juazeiro, Lauro de Freitas, Paulo Afonso, Ribeira do Amparo, Salvador, São Félix do Coribe e Vitória da Conquista.
  • 18 unidades servem apenas uma refeição diária.
  • Média nacional: 3,8%.
  • Bahia ocupa a 14ª posição nacional nesse indicador.

Cozinhas Comunitárias

  • 9 municípios (2,2%) possuem cozinhas comunitárias — 11 unidades no total.
  • Apenas 5 unidades servem três ou mais refeições por dia.
  • Cidades com cozinhas comunitárias:
    Biritinga, Lauro de Freitas, Malhada de Pedras, Maraú, Nova Canaã, Nova Redenção, Paulo Afonso, Santa Inês e Santo Estêvão.
  • Média nacional: 5,1%.
  • Bahia ocupa a 13ª posição nacional.

Bancos de Alimentos

  • 16 municípios (3,8%) possuem Bancos de Alimentos.
  • Cidades com Banco de Alimentos:
    Belo Campo, Bom Jesus da Lapa, Brotas de Macaúbas, Camaçari, Carinhanha, Cocos, Ibotirama, Juazeiro, Lauro de Freitas, Paratinga, Paulo Afonso, Piatã, Salvador, Serra do Ramalho, Sítio do Mato e Teixeira de Freitas.
  • Média nacional: 4,1%.
  • Bahia ocupa a 9ª posição nacional.

5. Mercados Públicos e Abastecimento

  • 213 municípios (51,1%) possuem mercado público sob gestão municipal.
  • Total de 345 mercados na Bahia, sendo 327 (94,8%) de responsabilidade das prefeituras.
  • Média nacional: 29,2%.
  • 9 municípios (2,2%) têm mercados sob gestão estadual.
  • 7 municípios (1,7%) têm mercados administrados por entidades privadas.
  • Apenas 1 município (Paulo Afonso) conta com sacolão público municipal.
  • Bahia ocupa a 12ª posição nacional no indicador.

6. Insegurança Alimentar na Bahia (PNADC/IBGE)

  • 4 em cada 10 domicílios baianos em algum grau de insegurança alimentar (2024).
  • 2,1 milhões de residências (37,8%) afetadas.
  • 5,8 milhões de pessoas (39,1% da população) vivem sob algum nível de insegurança.
  • Apesar da queda gradual, o problema permanece entre os mais graves do país.

7. Destaque para Feira de Santana

  • Restaurante Popular municipal em operação, oferecendo refeições diárias a preço acessível.
  • Integra políticas de segurança alimentar com programas de assistência social e distribuição de cestas básicas.
  • Atua como referência regional em gestão integrada de combate à fome no interior baiano.
  • Serve população urbana e periférica, com foco em pessoas em vulnerabilidade social e trabalhadores informais.

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