Governador Jerônimo inaugura primeiro hospital de transição do SUS e anuncia pacote superior a R$ 2,5 bilhões para ampliar combate ao câncer em Lauro de Freitas

Governador Jerônimo Rodrigues, ministro da Saúde Alexandre Padilha e secretária estadual Roberta Santana durante a inauguração do Hospital Estadual Costa dos Coqueiros, primeiro hospital de transição do SUS no país. Lauro de Freitas (BA), 27/11/2025.

A Bahia inaugurou, nesta quinta-feira (27/11/2025), em Lauro de Freitas, o primeiro hospital de transição e longa permanência do SUS no país, ao mesmo tempo em que anunciou um pacote superior a R$ 2,5 bilhões para expandir a rede de média e alta complexidade, com ênfase no tratamento do câncer, ampliação de leitos e fortalecimento da produção pública de medicamentos.

Hospital de transição marca nova etapa da assistência no estado

O novo Hospital Estadual Costa dos Coqueiros, instalado em Lauro de Freitas, foi apresentado como a primeira unidade brasileira dedicada exclusivamente à reabilitação clínica e aos cuidados prolongados dentro do SUS. O equipamento soma 90 leitos, sendo 60 para reabilitação e 30 para condições crônicas complexas, incluindo ao menos dez vagas específicas para pacientes com osteomielite.

O investimento em obras e equipamentos atingiu R$ 30,4 milhões, acompanhado da entrega de uma ambulância. Segundo o governador Jerônimo Rodrigues, o objetivo é aproximar o tratamento especializado da realidade das regiões.

“Estamos interiorizando serviços e reorganizando a rede para reduzir trajetos e garantir respostas mais rápidas aos pacientes”, afirmou.

A gestão da unidade ficará a cargo da Fundação Estatal Saúde da Família (FESF-SUS), com contrato mensal de R$ 3,4 milhões e reforço federal anual de R$ 29,4 milhões destinado ao custeio. A medida busca reduzir a ocupação prolongada em hospitais gerais e aumentar a rotatividade da rede. O diretor-geral da FESF, Bruno Guimarães, destacou que o serviço será 100% regulado, com referências oriundas do Hospital Ortopédico da Bahia.

“A meta é integrar todas as regiões e dar fluxo mais eficiente às internações”, afirmou.

Ministério da Saúde amplia investimentos na média e alta complexidade

No mesmo evento, o Ministério da Saúde anunciou R$ 352,2 milhões adicionais para o Teto de Média e Alta Complexidade da Bahia. O valor contemplará:

  • 26 Policlínicas Regionais, que atendem 416 municípios;
  • Hospital Ortopédico do Estado (Salvador);
  • Hospital de Cuidados Paliativos Mont Serrat (Salvador);
  • Hospital Estadual Costa dos Coqueiros (Lauro de Freitas);
  • Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) de Caetité.

Ao mesmo tempo, foi iniciado o processo de estadualização da Unacon de Caetité, que possui 110 leitos, 20 vagas de UTI e quatro salas cirúrgicas. A unidade passará à administração direta da Sesab com custeio mensal de R$ 4 milhões, divididos entre Estado (R$ 1,2 milhão) e União (R$ 2,8 milhões). A publicação do termo de cessão está prevista para 28 de novembro, com reabertura do serviço oncológico no início de dezembro e implantação de uma UPA Tipo III, orçada em R$ 8,1 milhões.

Atualmente, a Bahia reúne um Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia e 22 Unacons, das quais 18 são habilitadas pelo Ministério da Saúde. Duas são exclusivas para oncologia pediátrica e oito possuem hematologia.

Durante a solenidade, o Ministério também destinou R$ 30 milhões às Obras Sociais Irmã Dulce, reforçando o Hospital Santo Antônio no âmbito do programa Agora Tem Especialistas, com foco em oncologia, pediatria e outras especialidades de alta demanda.

Bahiafarma terá expansão industrial com foco em medicamentos biológicos

Outro anúncio relevante da agenda foi a ampliação das plantas industriais da Bahiafarma, em Simões Filho, com investimento de R$ 24,5 milhões. Serão R$ 5,58 milhões para a reforma da planta de sólidos orais e R$ 18,96 milhões para a área de reagentes e kits de diagnóstico. As obras devem começar em até 60 dias.

O pacote inclui ainda a expansão para a produção de quatro medicamentos biológicos utilizados no tratamento do câncer e de doenças raras, aprovados nesta semana como Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs):

  • Bevacizumabe
  • Nivolumabe
  • Pertuzumabe
  • Eculizumabe

Juntos, esses medicamentos representam potencial de R$ 1,945 bilhão no plano anual de compras do Ministério da Saúde. O destaque fica para a PDP do eculizumabe, feita em parceria com a Bionovis e a Samsung Bioepis, voltada ao tratamento da hemoglobinúria paroxística noturna, alcançando R$ 978,41 milhões por ano.

O ministro Alexandre Padilha avaliou que o conjunto de medidas representa “mudança de escala no enfrentamento do câncer”, ao ampliar diagnóstico, cirurgia, radioterapia e acesso a terapias modernas.

A secretária estadual Roberta Santana ressaltou que o conjunto de entregas faz parte de um redesenho da rede de alta complexidade, permitindo acelerar a regulação.

“Com o hospital de transição, mais leitos oncológicos e reforço farmacêutico, damos respostas mais rápidas a quem depende do SUS”, afirmou.

Reconfiguração estrutural da rede e desafios de sustentabilidade

A inauguração do primeiro hospital de transição do SUS evidencia uma mudança metodológica na assistência, alinhada ao envelhecimento populacional e às demandas de reabilitação prolongada. Unidades com esse perfil são raras no país, e sua implementação pode criar um modelo replicável em outros estados.

O pacote superior a R$ 2,5 bilhões sugere um esforço articulado entre Estado e União, mas expõe um desafio estrutural: a sustentabilidade financeira contínua das Unacons e a velocidade na execução de obras e equipamentos, historicamente pontos sensíveis na política de saúde. A expansão da Bahiafarma, por sua vez, posiciona o estado como polo estratégico de produção farmacêutica, embora a dependência de PDPs exija acompanhamento rigoroso para garantir entrega e efetividade.

O conjunto de entregas revela uma estratégia ampla de reorganização da rede, mas sua consolidação dependerá da capacidade de execução, da manutenção dos repasses federais e da articulação com os municípios, especialmente no interior, onde o déficit de oncologia ainda é significativo.

Vista aérea do Hospital Estadual Costa dos Coqueiros.
Vista aérea do Hospital Estadual Costa dos Coqueiros.

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