A espanhola Iberdrola concluiu a aquisição da participação detida pela Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) na Neoenergia, consolidando de forma definitiva seu controle sobre a companhia brasileira do setor elétrico. Com a operação, o grupo europeu passou a deter cerca de 83,8% do capital social, tornando-se o acionista majoritário absoluto da empresa.
Consolidação do controle estrangeiro
A Iberdrola, uma das maiores companhias de energia do mundo, reforça sua presença no mercado brasileiro, onde atua desde a privatização de distribuidoras estatais nos anos 2000. A aquisição da fatia da Previ, um dos mais tradicionais fundos de pensão do país, encerra uma parceria iniciada em 7 de junho de 2017, quando ambas as partes firmaram um acordo de acionistas para compartilhar o controle e as decisões estratégicas da Neoenergia.
A operação representa um movimento de consolidação no setor elétrico nacional, já que a Iberdrola amplia seu domínio em um dos principais ativos de energia da América Latina, com presença em geração, transmissão, distribuição e comercialização.
Fim da parceria e implicações de mercado
O término do acordo entre Iberdrola e Previ marca o fim de uma fase de cooperação institucional que durou oito anos. Nesse período, a Previ manteve uma participação relevante, garantindo influência em decisões estratégicas da companhia. A saída do fundo sinaliza uma mudança no perfil acionário da Neoenergia, que passa a ter estrutura de capital predominantemente estrangeira.
Para o mercado financeiro, a transação reforça a confiança da Iberdrola no potencial brasileiro, mesmo em meio às tensões regulatórias e tarifárias que afetam o setor elétrico. Analistas avaliam que o movimento também reflete a tendência de concentração global de ativos energéticos, à medida que grandes grupos internacionais buscam ampliar seu portfólio em países emergentes com demanda crescente por eletricidade.
Perspectivas e desafios
Com o controle ampliado, a Iberdrola deve aprofundar investimentos em energia renovável e digitalização de redes, alinhados à sua estratégia global de descarbonização. A Neoenergia, por sua vez, tende a fortalecer sua posição no Brasil, onde opera em diversos estados e atende milhões de consumidores.
Entretanto, a ampliação da presença estrangeira em empresas estratégicas suscita debates sobre soberania energética e regulação setorial, especialmente em um contexto em que o Brasil busca equilibrar abertura ao capital externo e proteção de ativos considerados essenciais.
Previ pela Iberdrola
A aquisição da participação da Previ pela Iberdrola revela um processo de internacionalização acelerada do setor elétrico brasileiro, que, embora amplie o fluxo de investimentos e a eficiência operacional, levanta questionamentos sobre o controle nacional de infraestrutura crítica. A ausência de uma política industrial coordenada para o setor de energia torna o país dependente de decisões estratégicas tomadas fora de seu território. O episódio ilustra o dilema histórico entre o capital nacional e o capital estrangeiro em setores estratégicos da economia.
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