O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve sancionar na próxima terça-feira (11/11/2025) o Projeto de Lei nº 1.087/2025, aprovado pelo Congresso Nacional, que isenta do Imposto de Renda (IR) trabalhadores com renda de até R$ 5 mil mensais. A medida também reduz as alíquotas para quem recebe entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350 e eleva a tributação sobre rendas superiores a R$ 600 mil anuais.
Impactos econômicos esperados com a nova tabela do IR
De acordo com analistas, a nova política tributária terá efeito redistributivo, ampliando o consumo das famílias e reduzindo o endividamento. As mudanças entrarão em vigor em (2026) e, segundo especialistas, podem contribuir para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
O economista João Leme, da Consultoria Tendências, estima que o PIB poderá crescer entre 0,15 e 0,2 ponto percentual, comparando o impacto da medida a um “14º salário distribuído ao longo do ano”. Já o pesquisador Pedro Humberto de Carvalho, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), calcula que famílias da classe média inferior terão ganho líquido de R$ 350 a R$ 550 mensais.
Possíveis efeitos inflacionários e redistributivos
Carvalho pondera que o aumento da renda disponível pode elevar a demanda por serviços em setores como comércio, educação, saúde, tecnologia e turismo, o que pode gerar inflação localizada, embora não significativa nos preços de alimentos.
Para o diretor técnico adjunto do Dieese, Victor Pagani, o cenário inflacionário não deve se agravar, pois a inflação “está sob controle e em processo de desaceleração”. Pagani avalia que a principal consequência será a redução da desigualdade econômica, ao isentar rendas menores e tributar de forma mais justa os rendimentos mais altos, aplicando o princípio da capacidade contributiva previsto na Constituição.
Justiça fiscal e desafios estruturais
O advogado tributarista Bruno Medeiros Durão considera que a correção da tabela do Imposto de Renda representa “um avanço em direção à justiça fiscal”, mas defende a necessidade de reformas estruturais no sistema tributário.
Segundo Durão, é necessário retomar a tributação de lucros e dividendos e corrigir a tabela anualmente com base na inflação. Ele propõe também a ampliação das faixas de renda e a criação de alíquotas mais altas para rendimentos muito elevados, como forma de equilibrar a carga tributária e reduzir distorções históricas no sistema.
Efeitos sobre o endividamento e o consumo familiar
O aumento da renda líquida deve influenciar diretamente no pagamento de dívidas das famílias.
Para João Leme, “o adimplemento de dívidas contratadas anteriormente será uma das destinações mais comuns dos novos recursos”.
Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), oito em cada dez famílias possuíam dívidas a vencer em (outubro/2025), e dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC) indicam que o índice de endividados atingiu o maior patamar da série histórica.
Debate eleitoral e perspectivas futuras
Especialistas apontam que a isenção do IR para rendas menores e a maior taxação sobre altas rendas deverão ser temas centrais nas eleições de 2026. O advogado Bruno Medeiros Durão acredita que candidatos que traduzirem a taxação sobre grandes fortunas e dividendos em alívio concreto para a classe média terão vantagem eleitoral.
A pauta, segundo ele, “possui forte alinhamento ideológico e exigirá posicionamento claro dos presidenciáveis sobre a tributação de renda e patrimônio”.
*Com informações da Agência Brasil.
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