Medo de novas operações, pressão sobre o STF e corrida por advogados: como a Operação Overclean agita Brasília e assusta políticos baianos

A expectativa de novas fases da Operação Overclean provocou intensa movimentação de políticos baianos em escritórios de advocacia de Brasília. Embora haja pedidos de diligências na PGR e no STF, o ministro Kássio Nunes Marques, relator do caso, é considerado avesso a ações espetaculares, o que reduz a chance de operações iminentes. Mesmo assim, o avanço das investigações e o sigilo dos autos mantêm autoridades em alerta.

Brasília — Domingo, 30/11/2025. A possibilidade de novas fases da Operação Overclean provocou uma corrida silenciosa de políticos baianos a escritórios de advocacia em Brasília. A investigação, que começou com o foco no empresário José Marcos de Moura, o “Rei do Lixo”, voltou a gerar apreensão entre autoridades e dirigentes partidários. Apesar da movimentação, interlocutores do inquérito afirmam que o ministro Kássio Nunes Marques, relator no STF, não tem perfil de determinar ações espetaculares da Polícia Federal no curto prazo.

Cresce a movimentação em escritórios da capital

A Overclean voltou ao centro das atenções depois que informações internas circularam entre aliados de figuras influentes da política baiana. Segundo advogados que acompanham o caso, assessores e parlamentares passaram a buscar consultas preventivas, temendo que novas fases da operação alcancem detentores de mandato e agentes públicos ligados a contratos de limpeza urbana.

Há relatos de reuniões sigilosas em Brasília, realizadas desde o início da semana, onde dirigentes de um partido com forte presença na Bahia tentam antecipar eventuais desdobramentos. O receio decorre do histórico da primeira fase da investigação, que alcançou o “Rei do Lixo”, empresário com longa atuação no setor e conexões políticas em vários municípios.

Interlocutores da operação, no entanto, avaliam que a tensão é maior nos bastidores do que nos autos. Fontes ligadas ao inquérito afirmam que as especulações sobre buscas da Polícia Federal são, por ora, exageradas, ainda que existam representações formais na mesa do ministro relator.

O papel de Nunes Marques no Supremo

O ministro Kássio Nunes Marques, responsável por conduzir o caso no STF, é descrito por investigadores como um magistrado “habilidoso” e pouco inclinado a autorizar medidas de impacto midiático. Sua postura contrasta com operações marcadas por grande visibilidade e execuções simultâneas em diversas cidades.

Segundo integrantes do Supremo e da Procuradoria-Geral da República, há pedidos pendentes de análise envolvendo possíveis diligências contra agentes políticos. Porém, o núcleo da investigação tem adotado cautela antes de sugerir medidas que possam provocar turbulência institucional, especialmente em um cenário de forte sensibilidade entre Executivo, Legislativo e Judiciário.

A avaliação interna é que, embora exista pressão de diferentes setores para ampliar o alcance da Overclean, o ritmo do caso será ditado pela avaliação técnica do relator, sem brechas para movimentos abruptos.

Tensão entre política e investigação

A Operação Overclean ganhou relevância pela combinação de contratos milionários, disputas municipais e suspeitas de direcionamento em serviços de limpeza urbana. Na primeira fase, o foco sobre o empresário José Marcos de Moura teve impacto direto sobre figuras de destaque na política baiana, levando a uma reorganização de alianças e estratégias regionais.

O temor atual de novas fases reflete tanto o histórico da operação quanto a proximidade do calendário eleitoral. Estrategistas consultados veem na movimentação desta semana um esforço para mitigar riscos jurídicos e evitar surpresas às vésperas das convenções partidárias.

Nos bastidores, dirigentes tentam avaliar se eventuais diligências podem alcançar nomes de projeção nacional. Apesar das especulações, investigadores insistem que qualquer movimento dependerá exclusivamente de critérios técnicos e da análise minuciosa do relator.

O peso político da Overclean

A Operação Overclean ilustra o impacto que investigações federais exercem sobre a dinâmica do poder, sobretudo quando envolvem setores vulneráveis a contratos públicos e redes de influência regional. A movimentação em Brasília sugere que parte da classe política teme que a operação avance sobre áreas sensíveis de financiamento e articulação eleitoral.

A postura cautelosa do ministro Nunes Marques tende a conter ações imediatas, mas não elimina o potencial explosivo do caso. Representações ativas na PGR e no STF indicam que a Overclean permanece viva, e o ambiente político demonstra que qualquer avanço pode gerar repercussões amplas, especialmente em estados onde contratos de limpeza urbana têm histórico de controvérsias.

*Com informações da Revista Veja.


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