O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou neste sábado (22/11/2025) apoio ao advogado-geral da União, Jorge Messias, indicado pelo presidente Lula para ocupar a vaga aberta na Corte. Durante um culto realizado em São Paulo, Mendonça afirmou que não foi tratado com justiça durante seu processo de sabatina no Senado e disse esperar que Messias, também evangélico, não enfrente as mesmas resistências políticas na tramitação de seu nome.
A manifestação ocorreu diante de fiéis e lideranças religiosas, em um ambiente onde ambos os juristas compartilham proximidade ideológica no campo evangélico. Mendonça, escolhido em 2021 pelo então presidente Jair Bolsonaro, recordou a demora e as pressões políticas enfrentadas à época, quando setores do Senado resistiam à sua confirmação para o STF.
Segundo o ministro, o período de quase cinco meses entre a indicação e a sabatina foi marcado por articulações que buscavam outro nome para a Corte. Durante o culto, Mendonça enfatizou que um indicado com “bons princípios e bons valores” não deveria ser submetido ao que chamou de tratamento injusto.
A declaração foi direcionada a Messias, que tem articulado sua aprovação no Senado e mantém agenda de visitas a gabinetes para consolidar apoio parlamentar.
A estratégia de Messias para aprovação no Senado
Conforme antecipado por auxiliares do governo, e confirmado por interlocutores da Advocacia-Geral da União, Messias e o presidente Lula pactuaram uma estratégia de diálogo intensivo com senadores de diferentes bancadas, especialmente após a sinalização de que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), preferia outro nome para a vaga.
A resistência inicial de Alcolumbre remete ao mesmo período em que Mendonça aguardou sua própria sabatina. À época, o senador foi um dos principais articuladores do atraso, tensionando a relação entre o Planalto e o Legislativo.
Diante desse histórico, Messias tem buscado antecipar desgastes, adotando uma postura proativa e conciliadora, sob orientação direta de Lula e de lideranças governistas.
Evangélicos no STF e o impacto simbólico
A presença de dois ministros evangélicos — Mendonça e Messias, caso a indicação seja aprovada — reforça um movimento institucional que cresceu nas últimas décadas: o aumento da representatividade religiosa no Judiciário superior. Embora o STF não estabeleça critérios confessionais, o simbolismo político dessa aproximação desperta atenção entre grupos parlamentares, sobretudo na bancada evangélica, que vê na nomeação de Messias uma continuidade no diálogo com o Planalto.
Para setores conservadores, porém, Messias representa um perfil distinto do de Mendonça, com histórico de atuação técnica no Executivo federal e maior proximidade da esquerda. Isso exige, segundo assessores do governo, uma estratégia mais ampla de articulação para evitar resistências semelhantes às enfrentadas por Mendonça.
As resistências internas no Senado
Parlamentares afirmam que ainda há articulações internas para testar o grau de influência do Palácio do Planalto na recomposição do STF. Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado durante o processo de Mendonça, era então o nome preferido de Alcolumbre para a vaga. Situação análoga, ainda que menos intensa, surge agora nas discussões sobre Messias.
A expectativa é que a sabatina ocorra em um ambiente de maior previsibilidade política, mas com questionamentos firmes sobre temas como segurança jurídica, liberdade de imprensa, decisões monocráticas e limites do poder Judiciário — assuntos que têm dominado o debate público em 2025.
O peso político das indicações ao STF
A manifestação de Mendonça ilumina um aspecto estrutural da política brasileira: a crescente politização dos processos de indicação ao STF. O ministro não menciona diretamente alianças ou pressões específicas, mas sua fala confirma a percepção de que a aprovação de um nome para a Corte depende de negociações complexas entre Executivo e Senado.
O caso Messias sintetiza esse fenômeno. Embora tecnicamente qualificado, enfrenta um ambiente de disputa por influência, onde interesses regionais, partidários e ideológicos convergem. A intervenção pública de Mendonça oferece a Messias não apenas apoio, mas também um alerta sobre a intensidade das resistências institucionais.
O episódio reforça ainda a necessidade de maior transparência, previsibilidade e estabilidade nos ritos de indicação ao STF, de forma a preservar a legitimidade da Corte e assegurar que critérios técnicos prevaleçam sobre disputas de poder.
*Com informações do G1.
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